Temporada aberta

Partidos começam a homologar suas candidaturas, mas, por conta de conveniências políticas, nem todos chegam às convenções com a chapa completa


Por Tribuna

21/07/2022 às 07h00

O calendário eleitoral avança mais uma casa com o início do período de convenções partidárias, inaugurado nessa quarta-feira. Nas convenções, são homologadas as candidaturas majoritárias e proporcionais, além das alianças, agora por meio das federações. Em tese, tais eventos servem também para confirmar os programas de cada legenda, o que, no entanto, é apenas um detalhe no jogo político. Os candidatos estão chegando às ruas sem discutir necessariamente as propostas que fazem parte de seus projetos partidários. Assunto, porém, não falta.

Outro dado que chama a atenção nessa jornada de 2022 é a formatação das chapas. Antes dificuldades próprias do processo, várias legendas, a despeito de terem uma candidatura majoritária, não definiram ainda os nomes que vão apresentar para vice ou para o Senado. Primeiro a fazer convenção, o PDT confirmou Ciro Gomes como candidato à Presidência, mas seu colega de chapa ainda está indefinido. Situação semelhante pode ocorrer em Minas Gerais, com características próprias.

PUBLICIDADE

Na convenção dessa quarta-feira, o PL, o mesmo partido do presidente Bolsonaro, homologou seus candidatos a deputado estadual e federal, mas não carimbou o nome do senador Carlos Viana, que tem percorrido o estado como pré-candidato a governador. Na última sexta-feira, estava na comitiva do presidente quando da visita a Juiz de Fora, mas, em nenhum momento, foi apresentado como o candidato a governador. O Planalto ainda tem como meta uma dobradinha com o governador Romeu Zema (Novo), que, por sua vez, também deve chegar à convenção sem apontar o nome de seu vice. Seu partido, no entanto, tem candidato à Presidência, o filósofo Felipe D’Ávila, que deve ser confirmado na convenção nacional marcada para o dia 30 deste mês.

Os impasses ora em curso são reveladores da relação dos diretórios municipais com os estaduais e destes com o diretório nacional. Nos partidos comandados por um só personagem, como o PSD, de Gilberto Kassab, ou o União Brasil, de Luciano Bivar, há uma certa conexão, pois são legendas que têm dono. Em outros, são grupos que dirigem os destinos do partido, como o Centrão, que tem sob sua gestão legendas de grande porte, como o PP e o PL. Na instância ideológica, como no Partido dos Trabalhadores, as decisões são formatadas de alto a baixo, mas, em siglas como o MDB e o PSDB, que já dominaram a cena política, há problemas, pois os acordos locais nem sempre seguem a lógica nacional ou estadual. O PSDB de Minas foi estratégico no desmanche da candidatura do também tucano João Doria e agora não tem um palanque nacional. O MDB ensaia desmontar o projeto de Simone Tebet com a possível candidatura do ex-presidente Michel Temer.

Em meio a esse cenário, o eleitor ainda não tem a menor ideia do que terá pela frente, quando se trata de propostas de governo, o que eleva o número de indecisos, sobretudo em disputas que pouco lhe despertam a atenção, como a corrida pela única vaga para o Senado em cada estado.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.