Problemas na sinalização e imprudência causam perigo nas estradas da região

Quem vai pegar a estrada deve ficar atento; falta de manutenção e trechos com pistas simples aumentam risco de acidentes


Por Gabriel Silva

10/06/2022 às 07h52- Atualizada 10/06/2022 às 13h44

A próxima semana será atrativa para os juiz-foranos pegarem as estradas, com feriados na segunda-feira (13), Dia de Santo Antônio, e na quinta-feira (16), celebração de Corpus Christi. Na véspera das datas, a Tribuna esteve nas principais rodovias da região e constatou problemas que aumentam o risco para os motoristas que aproveitarem as folgas para viajar. Em alguns dos trechos mais movimentados, como a BR-267, a falta de manutenção nas sinalizações horizontal e vertical são flagrantes, enquanto, em outros locais, como na AMG-3085, barreiras e depressão na pista despertam a atenção e preocupação dos condutores.

Na AMG-3085, rodovia que liga a BR-040 à MG-353, chama a atenção as condições da pista no km 0. No local, ainda há uma grave erosão que dificulta a passagem de veículos, o que ocorre apenas de maneira lenta e pelas extremidades da via. Um motorista ouvido pela reportagem, que preferiu não se identificar, disse que o trecho é recorrentemente motivo de pedidos de intervenção junto ao Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG). O problema, segundo ele, acontece desde 2018.

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No mesmo trecho, um quebra-molas ainda causa preocupação especial aos motoristas pela propensão a acidentes. No último domingo (5), a queda de um motociclista e uma passageira deixou uma vítima fatal após a passagem do veículo pelo quebra-molas. A moto, em seguida, teria colidido em um monte de terra às margens da rodovia.

As obras de contenção de encostas, que iniciaram em fevereiro na AMG-3085, foram concluídas e não causam problemas de retenção no trânsito, como acontecia dias antes do feriado de carnaval. Entretanto, em alguns trechos da estrada ainda há algumas quedas de barreira que potencialmente podem alcançar a rodovia e se transformar em obstáculos para os motoristas.

Problemas de sinalização entre JF e Tabuleiro

Na MG-353, entre Juiz de Fora e Coronel Pacheco, longos trechos em pista simples e a falta de acostamento representam os maiores perigos para os motoristas (Foto: Fernando Priamo)

A Tribuna realizou, também, o trajeto de cerca de 60 quilômetros entre Juiz de Fora e Tabuleiro, passando pela MG-353, até o município de Coronel Pacheco, e transitando pela MG-133 até o destino final. Na MG-353, a longa distância em pista simples e a falta de acostamento representam os maiores perigos para os motoristas. Caso o condutor tenha algum problema, ele terá de estacionar o veículo no matagal em algum trecho da via. Para os caminhoneiros que passam pelo trecho há muito tempo, a reclamação é antiga. “Se você ‘der de cara’ com algum outro veículo, você vai ter que jogar o caminhão para o mato para desviar”, conta Alex de Oliveira Bastos, que transita na estrada há cerca de dez anos.

Outro problema comum ao longo de todo o trecho percorrido pela reportagem é o mato alto às margens da rodovia. A falta de capina faz com que as placas sejam ocultadas pelo matagal em diversos pontos. Além disso, o asfaltamento apresenta ponto de deteriorações e trechos irregulares, apesar de não haver grandes cavidades entre Juiz de Fora e Coronel Pacheco. Na mesma rodovia, entre os municípios de Guarani e Piraúba, há uma deterioração do asfalto às margens da estrada.

Na MG-133, no trecho que vai até Tabuleiro, os problemas de sinalização e a falta de acostamento permanecem. A deterioração da massa asfáltica, com pontos de irregularidades, também é observado. Próximo à entrada de Tabuleiro, ainda há um trecho em que foi retirado um quebra-molas e não foi refeita a pintura na pista, que permanece sem sinalização horizontal.

Em conversa com a reportagem, o tenente Daniel Malta, comandante do Pelotão da Polícia Militar Rodoviária de Juiz de Fora, confirmou que “nas proximidades de Juiz de Fora, as rodovias estaduais com mais acidentes são a MG-353, entre Juiz de Fora e Rio Novo; a LMG-874, entre Juiz de Fora e Matias Barbosa; e a MG-133, de Coronel Pacheco a Rio Pomba”. Nos locais, a PMR fará operações focadas na prevenção a acidentes e a crimes durante os feriados. “Estaremos realizando operações em nossas rodovias estaduais e federais delegadas em locais e horários estratégicos”, complementa Malta.

A Tribuna entrou em contato com o DER, ainda na terça-feira (7), para questionar sobre os problemas elencados na matéria em todas as três rodovias e solicitando uma previsão para os trabalhos de manutenção nas estradas. Entretanto, até a publicação desta matéria, o órgão não se posicionou.

BR-267 carece de manutenção

Na BR-267, entre Juiz de Fora e Bicas, é flagrante o perigo para os motoristas diante da falta de acostamento ao longo do trajeto, obrigando os veículos a subirem no meio do mato (Foto: Fernando Priamo)

A BR-267, no trecho entre Juiz de Fora e Bicas, é motivo de preocupação sobretudo pela imprudência dos motoristas. São poucos os pontos de ultrapassagem ao longo do trajeto, o que estimula o comportamento arriscado dos condutores. Durante a passagem da Tribuna, foram muitos os momentos em que a reportagem flagrou ultrapassagens em locais proibidos. A falta de acostamento é outro problema que aumenta o risco de acidentes.

“O cenário ideal, penso eu, é que todas as rodovias fossem duplicadas. Sabendo que não temos o cenário ideal, nasce, aí, a imprudência”, explica o chefe da delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Juiz de Fora, Flávio Loures de Barros. “(Na BR-267), são poucos os pontos em que a ultrapassagem é permitida, então cabe ao motorista seguir a legislação. Vai demorar mais, (o condutor) vai ter que ir mais devagar, mas terá menos risco. A imprudência de alguns condutores leva risco não só a ele, mas também aos outros usuários da rodovia”.

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Em contato via assessoria, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que assinou um contrato de manutenção para a BR-267, “por meio do qual os serviços de roçada serão continuados. O novo contrato prevê a recuperação funcional, com a execução de nova camada de rolamento no segmento entre Bicas e Juiz de Fora”, diz, em nota. O Dnit ainda lembrou que a fiscalização é de responsabilidade da PRF.

BR-040: grande corredor

As condições da BR-040, outra estrada fiscalizada pela PRF, são melhores do que a liga Juiz de Fora a Bicas. Ainda assim, a rodovia é a que tem maior movimentação na região e inspira atenção dos policiais. “Nosso grande corredor é a BR-040, onde temos um fluxo muito maior do que na BR-267 e que tem trechos de pista simples. Entre Juiz de Fora e Barbacena, nós temos os trechos de Ewbank da Câmara e Santos Dumont, onde temos um elevado número de ocorrências. Estaremos atentos à BR-267, mas sem esquecer que a BR-040 contempla uma grande movimentação de veículos”, alerta Flávio Loures de Barros.

Entre as orientações oferecidas aos motoristas pelo policial rodoviário, está a atenção redobrada ao pegar a estrada com chuva ou em condições de baixa visibilidade. “Se a condição estiver diversa, se ele estiver com a visibilidade ruim ou baixa aderência por conta de chuva, ele deve transitar abaixo da velocidade máxima permitida pela via”, afirma. O chefe da PRF em Juiz de Fora ainda lembra a importância de manter a manutenção do veículo em dia. “Estamos passando por um período de maior dificuldade econômica e isso pode impactar no valor que sobra para a manutenção. Para viajar, o ideal é que faça essa manutenção de uma forma prévia e responsável”.

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