Policial penal é alvo de inquérito por suspeita de torturar homem que teria invadido seu sítio

Segundo o delegado Rodolfo Rolli, servidor é suspeito de cárcere privado e tortura contra suposto ladrão de seu sítio na Zona Norte


Por Sandra Zanella

18/05/2022 às 18h50

Um policial penal de Juiz de Fora, de 44 anos, é investigado pela Polícia Civil por suspeita de crimes de cárcere privado e tortura contra o suposto ladrão de seu sítio, situado na Zona Norte da cidade. Segundo as investigações, após descobrir o arrombamento seguido de furto em sua propriedade em Dias Tavares, no dia 14 de abril, o servidor público, com ajuda de mais duas pessoas ainda não identificadas, teria colocado à força, dentro de um carro, o suspeito, 37, de ter invadido o local. O trio teria rodado com ele por vários bairros da região, fazendo ameaças e agressões na expectativa de que confessasse o delito.

A cena do homem de 37 anos sendo colocado no veículo por três homens foi filmada por populares no Bairro São Judas Tadeu, e a PM foi acionada diante da suspeita de sequestro. A denúncia dava conta de que um homem havia sido agredido e colocado no porta-malas do automóvel, mediante técnicas de imobilização. O policial penal foi identificado como proprietário do carro envolvido na ação criminosa, mas não foi localizado naquele dia. Já o homem que teria sofrido a violência foi encontrado pelos policiais no São Judas, mas não quis dizer nada sobre o ocorrido aos policiais, relatando não ter interesse em prestar qualquer esclarecimento naquele momento. Ele teria sido abandonado em um posto de combustíveis, porque várias viaturas já estariam rondando a região.

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Em relação ao registro policial do furto no sítio, o policial penal relatou à PM que acredita ter sido usado um veículo de grande porte para transportar os produtos furtados, pela quantidade de materiais levados e pelas marcas de pneu que ele encontrou. Já na porteira, percebeu que havia algo de errado, porque um fogão teria sido deixado do lado de fora. As portas de três casas da propriedade foram arrombadas. Entre os bens levados estavam smart TV, geladeira, peças do sistema de energia solar, botijões de gás, eletrodomésticos, ferramentas, colete balístico e arma de pressão, além de roupas de cama, banho e de uso pessoal.

O policial penal teria chegado até o suspeito de envolvimento no crime por meio de um site de vendas, que anunciava alguns produtos levados de sua propriedade.

Dois inquéritos

Segundo o delegado Rodolfo Rolli, responsável pelos dois inquéritos que investigam o furto ao sítio e a ação criminosa posterior, o servidor público pode responder por cárcere privado, tortura e também por usurpação de função pública e possível abuso de autoridade. Rolli disse que o policial penal prestou depoimento e disse desconhecer as duas pessoas que o teriam ajudado a colocar a vítima no carro, alegando que seriam moradores da área, que o teriam visto e auxiliado. “Se ele continuar dificultando a investigação, vou solicitar a prisão preventiva dele”, disparou o titular da 3ª Delegacia.

O delegado acrescentou que o vídeo será encaminhado à perícia para que sejam comprovadas todas as agressões. “Também vamos oficiar o sistema prisional para ver se já foi aberto algum procedimento administrativo contra ele.”
Por meio da assessoria da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) destacou que não compactua com possíveis desvios de conduta de seus servidores. “Todos os casos, quando devidamente notificados, são apurados pelo Núcleo de Correição, guardando sempre o direito à ampla defesa e ao contraditório.”

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