Comércio projeta Dia das Mães positivo em meio ao abrandamento da pandemia

Setores ainda enxergam com cautela o cenário econômico, mas tratam o Dia das Mães deste ano como uma oportunidade de recuperação


Por Gabriel Silva

06/05/2022 às 07h43- Atualizada 06/05/2022 às 10h05

O próximo domingo (8) marca a comemoração do Dia das Mães, principal data para vendas do primeiro semestre. Em Juiz de Fora, os comerciantes e as entidades que representam a categoria apontam boa expectativa para o final de semana, incluindo o setor de bares e restaurantes, comumente demandado nesta época do ano. Por outro lado, o amplo impacto econômico causado pelos dois anos de pandemia ainda é sentido pelos empresários, que adotam cautela na expectativa pela retomada do crescimento.

Para incentivar o consumidor a ir às lojas, o comércio terá horário estendido no sábado (7). No dia, as lojas estarão abertas até às 17h para atender àqueles clientes que deixaram para comprar os presentes na véspera. Ainda há lojas que vão funcionar na manhã de domingo. A Tribuna esteve nas ruas da região central na manhã desta quinta-feira (5) para conferir o movimento nos dias que antecedem a data comemorativa.

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Apesar da intensa movimentação tradicional do Centro juiz-forano, a procura nas lojas não era grande durante a manhã. Lojistas ouvidos pela reportagem admitiram que os clientes ainda não compareceram em peso e projetaram maior demanda a partir de sexta-feira (6), quinto dia útil do mês. “Nesses dias, (o movimento) está fraco. A gente está aguardando a liberação do pagamento. Neste mês, pelo fato de o quinto dia útil ser na sexta-feira, a expectativa é que no sábado o movimento seja bem maior”, considera Luciana Ribeiro, gerente da loja de moda feminina Romana, localizada no Calçadão da Rua Halfeld.

A expectativa pela melhora nas vendas a partir do quinto dia útil também se faz presente na loja Boticário da Rua Marechal Deodoro, no Centro. “A gente faz várias ações direcionadas para o Dia das Mães. Fazemos live, montamos kits e promoções exclusivas para a data”, enumera Ana Marendino, gerente da loja.

Ainda que o movimento não fosse intenso nas lojas, houve consumidor que decidiu adiantar a compra, evitando o movimento de última hora. Foi o caso da técnica de enfermagem Patrícia Cristina, que aproveitou a ida ao Centro para conferir as ofertas disponíveis. “O preço está legal. Por ser Dia das Mães, não podemos deixar passar em branco.” Patrícia comprou uma peça de vestuário para a mãe e estava à procura de outro presente para a sogra.

A estudante Ana Clara Jabour também conferia, com atenção, a vitrine de lojas no Centro, com a missão de encontrar um presente para a sogra da irmã. “As coisas estão um pouco caras”, disse ela, que pretende gastar cerca de R$ 150 em roupas ou acessórios.

Entidades otimistas, mas com pé no freio

Levantamento da Fecomércio-MG estimou que 61% do comércio varejista devem ser impactados, positivamente, pelo Dia das Mães. Neste grupo, a maioria das empresas (86%) acredita que as vendas deste ano vão superar as do ano passado (Foto: Fernando Priamo)

Neste ano, o Dia das Mães chega em um contexto diferente dos anos anteriores para o comércio e os consumidores. Enquanto em 2020 eram vividos os primeiros meses da pandemia de Covid-19, em 2021 a data foi comemorada logo após as semanas mais agressivas da doença em Juiz de Fora e o término da onda roxa do Minas Consciente, que deixava a cidade com sérias restrições de funcionamento das atividades econômicas.

O momento de baixa na ocupação de leitos hospitalares em função da doença deixa o presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), Emerson Beloti, otimista. “A gente espera que o comércio contabilize movimento bem melhor, porque as pessoas estão saindo mais”, explica Beloti. Apesar disso, o alto custo da pandemia ainda está presente no cotidiano do empresário, afirma. “O comércio ainda está passando dificuldades, porque ficou muito tempo fechado. Isso não se recupera facilmente (…). Empresas grandes puderam se segurar, mas a maioria é de menor porte.”

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL) faz análise semelhante da situação. Para o presidente, Marcos Casarin, é natural que a retomada do setor ocorra de maneira gradual, lembrando que o consumidor amarga poder de compra reduzido. “A economia está sentindo o impacto da Covid, da guerra e de outras coisas mais. Isso gera inflação, que naturalmente provoca queda no poder de compra. Mas o fato de estar acontecendo esse retorno mais tranquilo já dá uma esperança.”

Valor afetivo do Dia das Mães é aposta de mais da metade dos comerciantes

Levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) estimou que 61% do comércio varejista devem ser impactados, positivamente, pelo Dia das Mães. Neste grupo, cerca de 86% das empresas acreditam que as vendas deste ano vão superar as do ano passado.

A pesquisa apontou que 53,7% do empresariado citou o valor afetivo da data como principal motivo para o otimismo. Já uma fatia de 26,6% destacou o abrandamento da pandemia como motivo para a aposta em um melhor cenário de vendas. Uma minoria – 6,4% dos entrevistados – levantou a possibilidade de queda nas vendas este ano.

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Bares e restaurantes esperam alta de 30% na procura

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/Zona da Mata) projeta aumento de faturamento no final de semana de até 30%. Para o setor, a data só é menos atrativa que o Dia dos Namorados, segundo a presidente da entidade, Francele Galil. “Também estamos nessa expectativa devido ao fim das restrições impostas pela pandemia”, diz, lembrando a liberação de uso de máscaras e a realização de eventos. “Todas essas medidas que eram restritivas foram abortadas e isso traz uma confiança a mais para o consumidor.”

O momento também traz boas perspectivas para o assessor da diretoria do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz de Fora (SHRBS-JF), Rogério Barros. “Muito otimismo. A expectativa é de casa cheia no primeiro Dia das Mães depois da suspensão das restrições.” Barros identifica aumento na demanda nos últimos meses. “Mas ainda há espaço para melhorar, voltar aos níveis pré-pandemia.”

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