Redução no preço do gás de cozinha não chega ao consumidor final

De acordo com levantamento feito pela Tribuna em revendas, os valores, com frete, podem chegar a R$ 122 em Juiz de Fora


Por Elisabetta Mazocoli, estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

20/04/2022 às 07h32

Desde o início do ano, GLP apresenta escalada de preços no mercado local (Foto: Fernando Priamo)

Há pouco mais de dez dias, em 8 de abril, a Petrobras anunciou redução no preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), de R$ 0,25 por quilo. A Tribuna analisou dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e verificou que, mesmo com a redução autorizada junto às distribuidoras, não houve diminuição no preço do gás de cozinha para o consumidor final em Juiz de Fora. De acordo com as revendas que o jornal entrevistou, nesta terça-feira (19), os valores, com frete, chegam a R$ 122 na cidade. O preço médio do GLP produzido pela Petrobras, com a redução, passou a ser de R$ 4,23 por quilo. Levando em conta que o botijão tem 13 quilos, isso leva ao valor de R$ 54,94 nas distribuidoras, gerando uma redução de R$ 3,25 por cada produto. De acordo com dados da ANP no município, no entanto, na semana do dia 10 até o dia 16 de abril, logo após o anúncio da redução, o preço médio do gás de cozinha em 21 estabelecimentos da cidade que vendem o produto era de R$ 109,7. Na semana anterior (do dia 3 a 9 de abril), o valor médio nesses estabelecimentos era de R$ 109,47 – o que mostra que não houve diminuição na prática.

Nesta terça-feira, a Tribuna entrou em contato com dez estabelecimentos da cidade e conferiu que o valor do botijão de 13kg pode chegar a R$ 122 com frete. Entre os entrevistados, o valor mínimo encontrado foi de R$ 110, incluindo a entrega na residência do consumidor.

PUBLICIDADE

Escalada

Na contramão de uma esperada redução, aliás, o preço médio do GLP vem subindo desde o início do ano. Em janeiro, o valor médio era de R$ 98,58; em fevereiro, R$ 98,14; e em março, R$106,03. Em abril de 2021, um ano atrás, o preço médio era de R$ 79,61 nos estabelecimentos da cidade.

O início da guerra na Ucrânia foi um dos fatores que contribuíram para esse aumento e fez com que o barril de petróleo atingisse máximas históricas. Esse contexto fez com que a Petrobras anunciasse, em março, reajuste significativo nos preços do diesel, da gasolina e do gás de cozinha. Na ocasião, o GLP saltou de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo nas distribuidoras, aumento de 16%. Com isso, o valor do botijão de 13 kg saltou de R$ 50,18 para R$ 58,21 no início da cadeia.

Estatal justifica revisão do preço

De acordo com a estatal, a redução anunciada em 8 de abril foi possível devido a taxa de câmbio e queda da cotação do barril. Devido à guerra, o valor do dólar está caindo e ficou abaixo de R$ 5 pela 1ª vez desde junho de 2021, causando valorização da moeda brasileira.

Em nota, a Petrobras afirma que “acompanhando a evolução dos preços internacionais e da taxa de câmbio, que se estabilizaram em patamar inferior para o GLP, e coerente com a sua política de preços, a Petrobras reduziu seus preços de venda às distribuidoras”.

A estatal reafirmou “seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado”, afirmando também evitar “o repasse imediato, para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.