Páscoa em Juiz de Fora: consumidores movimentam Centro com compras de última hora

CDL e Sindicomércio, no entanto, ressaltam que meta é retomar patamares de vendas observados até 2019, último ano antes da pandemia


Por Renato Salles

16/04/2022 às 14h45- Atualizada 16/04/2022 às 16h28

Uma Páscoa mais perto da normalidade. É isso o que esperam empresários, comerciantes e lojistas de Juiz de Fora. A depender do movimento no Calçadão da Rua Halfeld neste sábado (16), as vendas tendem a ser melhores que nos dois últimos anos, marcados por restrições diversas trazidas pela pandemia, que, praticamente, já não existem mais. Se não era o mesmo, o movimento de pessoas nas ruas centrais de Juiz de Fora, de certa forma, já se aproxima dos vistos às vésperas dos feriados de Páscoa até 2019. Velhos hábitos também foram retomados, como pessoas passeando apressadas, muitas sem máscaras, pelas ruas, enquanto outras, que deixaram para comprar ovos de chocolate, fazendo filas nas lojas especializadas do gênero.

Outro hábito comum em toda Páscoa, a comparação de preços com o ano anterior assustou muitos daqueles que deixaram as compras para a última hora. “Se não me falha a memória, acho que teve um aumento de, no mínimo, 50%, pelo que eu observei em relação ao ano passado. Realmente, está bem mais caro”, afirma o corretor de imóveis Cristiano Fonseca, 51 anos. Ele esteve no Centro da cidade na manhã deste sábado para comprar ovos de chocolate para os filhos de dez e 21 anos e relatou dificuldades para encontrar alguns produtos em específico.

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Algumas lojas no Centro tiveram filas de consumidores em busca das compras de última hora (Foto: Fernando Priamo)

“Vim comprar para os meus filhos e também para mim e para minha esposa. Realmente, a gente deixou para a última hora. A gente trabalha muito. É tudo muito corrido. Então, estou comprando mesmo no último momento. A gente foi em algumas lojas. Já acabaram praticamente todos os ovos. Em específico, tenho que procurar mais. Tenho um filho que não pode com açúcar, e outro que não pode com lactose. Esses ovos já esgotaram e tem poucas opções de ovos convencionais”, relatou.

A psicóloga Deborah Carvalho, 53, também relatou que percebeu uma variação muito grande nos preços dos produtos de Páscoa, o que a levou a optar por um caminho alternativo e a colocar a mão na massa – ou melhor, no chocolate. “Na verdade, eu fiz os ovos para as minhas filhas, até por uma questão de economia. A avó delas falou que queria dar um ovo para as meninas. Ela me falou ontem, por isso que eu vim comprar hoje (neste sábado). Está infinitamente mais caro. Aí, eu comprei o chocolate, fiz tudo em casa e ficou muito mais em conta. Com essa economia, eu consegui fazer os ovos para as minhas filhas, para mim e para o meu marido. Consegui fazer muito mais”, contou, enquanto buscava por produtos na fila de uma loja na Rua Mister Moore.

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Expectativa positiva para a Páscoa em Juiz de Fora

Representantes do setor varejista e do comércio de Juiz de Fora ressaltam a expectativa de um bom saldo de vendas após o feriado da Páscoa. Contudo, consideram que a baliza colocada como meta não é a dos feriados de 2020 e 2021. O grande desafio é retomar o patamar de vendas observado até a Páscoa de 2019. “Se comparamos com 2020 e 2021, naturalmente vamos ver um crescimento. Mas nossa comparação tem que ser feita com a Páscoa de 2019. O objetivo é retomar o patamar de 2019. É isso o que queremos”, avalia Marcos Casarin, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL).

O sentimento é compartilhado pelo presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindicomércio), Emerson Beloti. “Se olharmos o que tínhamos antes da pandemia, ainda estamos muito aquém. O mercado ainda não se reequilibrou. A cada ano, temos a expectativa de que será muito melhor que o ano anterior. Mas se compararmos, por exemplo, com 2018 e 2019, o cenário ainda é complicado”, avalia Beloti. A despeito do cenário mirar patamares já alcançados anteriormente, o diretor do Sindicomércio ressalta que a expectativa de lojistas do comércio varejista da cidade é positiva. “A expectativa é a melhor possível. A pandemia não acabou, mas está sob controle.”

No mesmo tom, o presidente da CDL reforça que a luta de todo setor comercial é voltar à “efervescência” observada até o ano de 2019, o último antes da pandemia da Covid-19. “Cada data tem o seu setor especializado. O comércio está em franca recuperação. A expectativa é positiva. Quem não quer dar uma recordação, um presente, um ovo de Páscoa para o seu filho? Isso é fundamental neste momento em que nós estamos vivendo”, afirma Casarin. Contudo, ele ressalta que o momento ainda é de desafios. “Temos o atual cenário econômico no país e também o fator externo, que interfere muito, como a alta de preços vista no mundo inteiro. Os países mais ricos estão sofrendo. Naturalmente, também sofre toda a população”, ressalta.

Reflexos globais
Para Emerson Beloti, contudo, as dificuldades não são só do setor varejista nacional, visto que toda a economia global sentiu os baques trazidos pela pandemia. “O setor varejista mesmo, de vestuário, móveis e eletro, por exemplo, está muito acanhado nas contratações. A gente só vai ver o retorno da economia com empregabilidade alta, com mais carteiras assinadas. É a consequência do ‘fica em casa’. A gente sabia que a economia, mais a frente, seria muito afetada. Foi o que aconteceu. Na verdade, a inflação não está só no Brasil. Ela está no mundo. Quando pensaríamos que os Estados Unidos teriam uma inflação de 9% ao ano? Isso era inimaginável”, aponta o presidente do Sindicomércio.

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Contudo, Beloti espera que os reflexos da data vão além das lojas especializadas na venda de ovos de Páscoa. “Na verdade, a data não só movimenta o mercado varejista, que são os ovos de Páscoa, chocolates e também brinquedos de pelúcia, como também o mercado de confeiteiros profissionais que fazem na sua própria residência. Com essas datas especiais, vamos retomar a economia para que a gente possa voltar aos patamares anteriores. Por isso, a expectativa é a melhor possível.”

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