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“Se você pesquisar , verá que agora temos uma ‘galeria’ de vídeos, fotos, textos e publicações apenas desse assunto (…)”


Por Rafael Rodrigues, jornalista e assessor de comunicação

14/04/2022 às 07h00

Estava lendo – mais um – caso sobre a influencer que foi expulsa de uma padaria carioca, acusada de estar perturbando clientes no estabelecimento e sendo confundida com uma moradora em situação de rua. Não precisamos ler as manchetes para saber a cor dela, que a “perturbação” era voltar para sua mesa, onde estavam parentes e seu namorado, e que a resposta do local foi resumida a uma “confusão” e “erro de funcionário”. Um detalhe importante a ser visto nesse fato é como ele se junta à quantidade inumerável de outros acontecimentos relacionados a racismo e discriminação publicados e armazenados pelas mídias sociais.

Se você pesquisar, verá que agora temos uma “galeria” de vídeos, fotos, textos e publicações apenas desse assunto, sendo filtrados por data, localidade, periodicidade, qualidade da imagem, duração, etc. Um acervo sobre as barbaridades causadas pela ignorância, pela violência e pela humilhação que esse crime causa a milhares de cidadãos pelo Brasil.

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Se você colocar como palavra-chave “racista” ou “racismo” no YouTube, por exemplo, haverá uma média de dez a 12 novos vídeos por dia, e esse número aumenta, dimensionando semanalmente, entre novos casos, investigações, coberturas, relatos de usuários, entrevistas e até depoimentos de fontes “defendendo” falas e conotações. A produção de conteúdo com esse ato criminoso também chega a tweets publicados com média de 12 segundos. Digite os mesmos termos em portais de notícias para ver o mesmo exemplo.

Claro que há um esforço sobre conteúdos de conscientização, debates, enaltecimento da comunidade preta, conquistas e conversas sobre o assunto, mas o fator negatividade ainda é numeroso e até de se acostumar em ter nos jornais uma notícia sobre mais um fato, um “incidente”, como os criminosos dizem. Como se desse para amenizar tal atrocidade. Há o foco até de verificar espaços de divulgação e holofotes para esses criminosos, que não têm sua identidade divulgada ou mesmo os locais onde acontecem tais crimes.

Que, no futuro, possamos ter a dificuldade de encontrar novos casos e menos negros e negras sendo reduzidos a crimes, desrespeito e inferiorização, e que haja a abundância de honra e espaços sendo conquistados, divulgados pelo algoritmo. Nosso lugar é no topo.

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