Professores municipais mantêm indicativo de greve

Servidores rejeitam proposta da PJF, e nova assembleia com paralisação das atividades foi convocada para a próxima terça-feira


Por Renato Salles

07/04/2022 às 20h21- Atualizada 07/04/2022 às 22h53

Em assembleia realizada na tarde desta quinta-feira (7), os professores rejeitaram duas propostas de reajuste feitas pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). A categoria segue mobilizada em defesa de um reajuste linear de 33,24%, mesmo índice aplicado para a correção do Piso Nacional do Magistério em 2022. Uma nova assembleia com convocação para paralisação das atividades da categoria foi agendada para o próximo dia 19. O indicativo de greve está mantido. Assim, os docentes não descartam, em caso de impasses nas negociações, a deflagração de um novo movimento paredista por tempo indeterminado.

Tesoureiro do Sindicato dos Professores, Roberto Kalan afirmou que a categoria rejeitou por unanimidade duas propostas apresentadas pela Prefeitura. Uma delas sugeria o pagamento do reajuste, de forma escalonada, do índice de 33,24%. Neste caso, seria pago 10,06% já em maio, com retroatividade à data-base da categoria em janeiro. O restante seria incorporado ao salário em três parcelas, que incidiriam em setembro, outubro e novembro. Em contrapartida, seriam descontinuados os pagamentos de adicionais como o Ajuda de Custo para Valorização do Magistério (ACVM), o Adicional Anual de Incentivo ao Magistério (AAIM) e outros adicionais pagos a título de participação em reuniões pedagógicas e para professores que atendem a alunos com deficiência.

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Com relação a esta proposta, a retirada dos adicionais pode representar até 30% da renda dos docentes. “Ou seja: estaríamos trocando cebolas”, diz Kalan. Na outra proposta feita pela Prefeitura, segundo informações do Sinpro, também seria pago um reajuste de 10,06% a partir de maio, retroativo a janeiro. Além disso, a partir de julho, os professores passariam a receber um abono linear de R$ 958 nominais para toda categoria. “Na prática, isso representa que cada faixa de nosso plano de carreira teria um percentual diferente, sem as garantias se isso será incorporado aos salários. Além disso, quem está aposentado teria direito a apenas 10,06%”, diz Kalan.

PJF diz que propostas respeitam o Piso Nacional

Em nota encaminhada à Tribuna, a Prefeitura confirma que apresentou duas propostas à categoria e se diz aberta ao diálogo com os docentes. “No curso da negociação com o Sindicato dos Professores, a Prefeitura de Juiz de Fora apresentou duas propostas para reajustar o salário do Magistério municipal. Ambas respeitam o pagamento do piso e sua incidência nas carreiras da Educação. Elas diferem no escalonamento do reajuste, na manutenção ou não de auxílios e ajudas de custo e na implementação de um novo adicional”, diz a PJF.

Assim, o Município também detalhou as duas sinalizações feitas aos professores. “A primeira delas representa um reajuste linear de 33,24%, implementado de forma escalonada. Para quem recebe o piso, o reajuste será integral a partir de maio com retroatividade a janeiro. Para os demais, serão reajustes mensais a partir de setembro, integralizando 33,24% em novembro. Fica mantida a Gratificação por Formação e a partir de julho são descontinuados os demais adicionais e ajudas de custo”, diz o texto.

O Município ainda reforça que, na segunda proposta, ficam mantidos todos os adicionais e gratificações. “Além disso, será criado um novo adicional de R$ 958,71 (resultante da diferença entre o piso cheio atual e o novo), aplicado para todo magistério a partir de julho. Para quem recebe o piso, o novo adicional será aplicado de forma proporcional em maio com retroatividade a janeiro, garantindo reajuste de 33,24% ao piso atual para 20h.” Sem um entendimento entre as partes, o Município pontua que “as negociações seguem abertas para a construção de um acordo”.

Professores fazem paralisação e caminhada no Centro de JF

Professores caminharam até a Praça Antônio Carlos, no Centro (Foto: Divulgação Sinpro)

A assembleia foi acompanhada de uma paralisação de atividades. Segundo o Sindicato dos Professores, 94% da categoria aderiram à mobilização e cruzaram os braços nesta quinta-feira. A PJF não divulgou um balanço. Após a rejeição das propostas apresentadas pela Prefeitura, os professores saíram em caminhada pelas ruas de Juiz de Fora. O protesto partiu da quadra do Real Grandeza em direção à Praça Antônio Carlos, onde fica a sede da Secretaria de Educação. Foram entoadas palavras de ordem direcionadas à prefeita Margarida Salomão (PT), com cânticos de que “o piso é lei” e de que a categoria não “abre mão” do reajuste.

Uma nova paralisação está agendada para a próxima terça, quando os docentes devem discutir os novos desdobramentos das negociações entre o Sinpro e a PJF. A categoria defende que tem em mãos números, apresentados pela própria Prefeitura, que permitem o pagamento do reajuste pleiteado, sem a necessidade de retirada de adicionais recebidos atualmente pela categoria. “Ratificamos que o piso está contemplado em lei. É compromisso da prefeita implementá-lo. Nós apelamos ao bom senso e ao esforço da administração”, resume Kalan.

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