Ranking do saneamento
O país, como um todo, ainda está distante das metas ideais de saneamento básico, problema, porém, que afeta não apenas os pequenos municípios, mas também as grandes metrópoles
Com cerca de 600 mil habitantes, Juiz de Fora encontra-se na 70ª posição do ranking nacional de saneamento estabelecido pelo Instituto Trata Brasil e divulgado na última terça-feira, pelo qual a cidade de Santos tem a melhor posição seguida da mineira Uberlândia. O estudo avaliou diversos indicadores do saneamento, como população atendida, fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, investimentos em saneamento e perdas de água no sistema. O gargalo da cidade é encontrado, especialmente, no tratamento de esgoto.
Com uma topografia acidentada, Juiz de Fora, há anos, discute a situação dos esgotos, que começa pela necessária separação da rede de água pluvial. É uma operação complexa e cara, que tem perpassado vários mandatos sem muito avançar. Mesmo assim, de acordo com dados da Cesama, responsável pelo saneamento da cidade, 94% do esgoto é coletado, enquanto 95% da água é tratada. Com uma receita de R$ 250 milhões, a empresa, segundo o seu presidente, Júlio César Teixeira, investe R$ 51 milhões por ano em saneamento.
A pesquisa não leva em conta as características de cada município, o que pode influir nos resultados. Uberlândia e Uberaba, que estão mais bem ranqueadas, têm uma topografia privilegiada. Mesmo assim, é fundamental insistir na continuidade dos diversos programas, ora em curso, para melhorar a performance da cidade. Um deles é a despoluição do Rio Paraibuna, cujo início já passa de uma década sem conclusão. O projeto, ao longo das últimas administrações, enfrentou uma série de dificuldades, que precisa ser superada para avançar.
A dinâmica das cidades é um desafio a mais em várias frentes. O adensamento territorial – muitas vezes de forma irregular – é uma ação permanente que exige a implementação de projetos como água, esgoto e energia elétrica, passando também pela mobilidade. E tudo isso tem custo. Ademais, Juiz de Fora tem outras complexidades, sobretudo na área central, pela falta de um mapeamento exato de seu subsolo. Esse foi um dos entraves para o avanço da rede de tubulação de gás. Para fazer a separação da água das chuvas da rede de esgosto, a administração enfrentará os mesmos problemas.
A lista do Trata Brasil também contempla os cem municípios em piores condições de saneamento, e nela também estão cidades de grande porte, como São Gonçalo, no Rio de Janeiro, com quase um milhão de habitantes, o que comprova a importância de investimentos intensivos para garantir a qualidade de vida da população e do próprio meio ambiente.