Um futuro inalcançável


Por Wanderson R. Monteiro, colaborador

09/03/2022 às 07h00

Joaquim Osório Duque-Estrada foi um personagem importante na história de nosso país, mesmo que a maioria absoluta da população brasileira atual talvez nunca tenha ouvido falar de seu nome.

Mesmo não sabendo quem foi Joaquim Osório Duque-Estrada, a grande maioria dos brasileiros conhece a sua obra mais famosa; Joaquim Osório Duque-Estrada é autor de um poema, escrito em 1909, que, em 6 de setembro de 1922, véspera do Centenário da Independência do Brasil, veio a se tornar, oficialmente, através de um decreto do então presidente, Epitácio Pessoa, a letra do que hoje conhecemos como Hino Nacional Brasileiro, consagrando para sempre o nome de Osório Duque-Estrada.

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Para o ouvinte atento, é quase impossível não ser tomado por um sentimento de admiração por nossa pátria ao ouvir o nosso Hino Nacional, ante os versos que expõem, de forma tão bela, as belezas e a história de nosso país, acompanhados pelos sonhos e pelas esperanças que seu autor nutria para o futuro de nossa nação.

Tendo uma visão gloriosa do início de nossa pátria, era de se esperar que Osório Duque-Estrada esperasse que tal história de glórias continuasse e moldasse o futuro da pátria, como ele nos diz em um de seus versos: “És belo, és forte, impávido colosso/E teu futuro espelha essa grandeza”. Em sua visão esperançosa e romântica de mundo, típicas de um poeta, Osório Duque-Estrada nunca esteve tão errado como nas esperanças que nutria para o futuro do “destemido gigante”. Ele não poderia imaginar que o “iluminado” sol do “novo mundo” se converteria em trevas diante da densa nuvem de corrupção, imoralidade, antipatriotismo, desrespeito à nação e tantas coisas mais que hoje predominam na “pátria amada”.

O “amor” narrado pelo poeta, que descia à Terra, com a esperança, como um “raio vívido”, se converteu em um tipo de ódio, movido por várias formas de preconceito, originários do egoísmo de cada integrante da nação. A “esperança” foi trocada por incertezas, pairando sobre cada membro de nossa nação a desconfiança de que o pior está sempre por vir, que toda situação ruim pode, e vai, sempre piorar.

Tais atitudes decorrem de um sistema político que deseja ser completamente totalitário, que busca reger a nação com “rédeas curtas”, sufocando-a com inúmeros e pesados impostos, para sustentar seus próprios caprichos, e que não dá à sociedade prova alguma de que quer mudar a situação na qual nos encontramos, buscando somente fazer suas próprias vontades e estabelecer seus planos, que parecem conspirar contra a nação, deixando a população à deriva, sem poder vislumbrar uma tábua de salvação, sem ter esperanças de um futuro melhor.

Acredito que nossa realidade não “espelha” a grandeza do Brasil que o poeta nos propôs, nem nossa atualidade reflete o futuro que Duque-Estrada esperava para nosso país. Assim, o gigante, que, desde sua descoberta, foi sempre visto como “o país do futuro”, ainda não viu raiar em suas terras o futuro glorioso que muitos esperavam, e tal futuro parece que irá demorar para chegar…

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