O desenvolvimento de Juiz de Fora (III)


Por José Eloy dos Santos Cardoso, Economista, professor titular da PUC-Minas, ex-assessor da presidência da extinta Cia. de Distritos Industriais de Minas Gerais (CDIMG) e jornalista

06/03/2022 às 07h00- Atualizada 07/03/2022 às 09h00

Em continuação aos artigos anteriores sobre a ampla entrevista dada para a Tribuna pela prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão, teremos vários outros problemas para comentar. Para poder se utilizar do Aeroporto da Serrinha como aeroporto de passageiros, várias coisas terão que ser resolvidas. A Prefeitura já anunciou um novo edital para poder privatizar ou conceder a terceiros as operações desse aeroporto. Estão previstos investimentos necessários de modernização estimados em R$ 6 milhões ao longo dos próximos anos. Para começar, empresas como Azul, Gol, Latam e outras que fazem o transporte de passageiros preferem se utilizar de aeronaves maiores como os air bus, boeings e outros semelhantes. Elas não gostam de operar com aparelhos menores como o ATR72 para 70 passageiros que pode pousar e levantar voo do antigo aeroporto de Juiz de Fora, porque os custos são praticamente os mesmos, mas, levando 120 passageiros ou mais por viagem, os lucros são muito maiores.

Pousos no Serrinha são considerados perigosos, e os pilotos não gostam disso. Um local como Juiz de Fora não teria demandas de 120 passageiros em todos os horários oferecidos duas, três ou quatro dias por semana. A Azul, por exemplo, se utiliza de seus ATR72 para atender dois dias semanais para o Estado de São Paulo, a partir do Aeroporto Itamar Franco, mas os pousos em São Paulo são no Aeroporto Internacional de Campinas, onde a Azul tem seus principais voos para vários destinos no Brasil ou para o exterior. A Latam começará voar do Itamar Franco para Guarulhos a partir de abril próximo.

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A cidade preferida pelos passageiros de Juiz de Fora é a capital de São Paulo, e o aeroporto preferido seria o de Congonhas, por ser também moderno e situado muito próximo do Centro ou de locais onde ocorre a maioria dos negócios empresariais. Antigamente, quando podíamos viajar por via aérea, voávamos do aeroporto de Juiz de Fora para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e tudo era muito bom, com exceção de quando o mau tempo não permitia pousos seguros no nosso pequeno e antigo aeroporto de JF. Convencer a Azul ou a Gol a pousar e decolar do Aeroporto da Serrinha, nos dias de hoje, será quase impossível.

Quanto ao transporte urbano de passageiros, as queixas das concessionárias sempre foram as mesmas: insuficiência das arrecadações em face dos custos incorridos. A parada a enfrentar por todos os prefeitos é sempre a mesma: ou se aumentam os preços das passagens ou se aumentam os subsídios oferecidos pela Prefeitura. É difícil se resolver esse impasse que sempre existiu. Para aumentar os preços das passagens, a população é prejudicada, e os problemas políticos seriam quase insolúveis. Aumentar os subsídios exigiria aumentos das arrecadações de impostos, que, quando transferidos para a população, fariam sofrer as populações mais pobres que se utilizam dos ônibus.

Para quem vai a Belo Horizonte, ou mora lá e vem a Juiz de Fora, andar nos ônibus velhos da antiga Manchester Mineira é um desespero. Na frota de ônibus que circula na capital, pode-se observar que os ônibus urbanos são praticamente novos e dotados de ar-condicionado. Sem essa condição, não se aprova a entrada em circulação de novos ônibus urbanos. Atualizar a frota de ônibus de Juiz de Fora não será nada fácil. Remodelar todo o sistema, como o previsto na legislação municipal, é quase impossível. Quem pagaria essa diferença? Exigiria uma autêntica mágica, uma vez que, sem aumentos dos subsídios ou aumentos de preços das passagens, a frota não será renovada a curto prazo. Em um sistema econômico é sempre assim, não existem mágicas.

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