Publicitários apontam tendências para se conectar com o público

É importante valorizar as experiências do usuário, a publicidade humanitária e o uso de influenciadores nas campanhas


Por Tribuna

01/03/2022 às 07h00

Para Adriano Sant’Anna, Diogo Garcia e Larissa Vizeu, é evidente que o mercado publicitário mudou muito nos últimos anos com a consolidação das redes sociais, o marketing digital e a facilidade de se conectar com os usuários. Nesse cenário, eles apontam três tendências que se destacaram e que devem permanecer: a de valorizar as experiências do usuário, a da publicidade humanitária e a do uso de influenciadores nas campanhas.

Adriano Sant’Anna: o consumidor não se preocupa apenas com a qualidade do serviço ou produto, mas com todos os processos que envolvem as marcas (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Diogo Garcia, CEO do Grupo Emídia, agência de marketing imobiliário, o que tem mais se modificado no mercado é o contexto da mensagem que se passa em uma campanha. “Antigamente, o foco era exibir e destacar os atributos do produto, os seus diferenciais e tudo aquilo de informação que estava ligado ao empreendimento. Hoje isso mudou muito, e o foco principal da mensagem é a transformação que o empreendimento gera na vida das pessoas e na sociedade em que ele está inserido”, explica.

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Já para Adriano Sant’Anna, diretor Executivo da Plugin Marketing, o consumidor atual não se preocupa apenas com a qualidade do serviço ou produto, mas com todos os processos que envolvem as marcas. O que o consumidor quer é “saber dos valores do negócio, suas ações, e se a empresa está ligada a causas e ações que impactam positivamente a sociedade, como a preocupação ambiental e com a inclusão, por exemplo”.

Ele destaca o Slow Content, uma forma de produção de conteúdo mais aprofundada e que agrega valor e conhecimento para o público-alvo, muitas vezes saturado dos conteúdos superficiais que invadem a rede. Para Sant’Anna, é possível também destacar o advento do universo virtual, como já anunciou o Facebook, comunicando que irá investir cada vez mais nesse segmento. “O público irá cada vez mais demandar por experiências que as façam se sentir parte do mundo digital, e as empresas devem se atentar a isso.”

Larissa Vizeu: para chegar ao público da internet, é preciso saber o que ele consome, onde ele está e buscar formas de falar de igual para igual com ele (Foto: Arquivo Pessoal)

Já para Larissa Vizeu, diretora de Relacionamento na Agência Cubo, é importante ressaltar a questão dos influenciadores, uma tendência que, na verdade, já tem raízes antigas. “Nem considero uma tendência, mas uma realidade, tanto em relação aos influenciadores quanto aos microinfluenciadores – as pessoas que realmente usam a marca e o produto e dão um testemunho sobre ele, assim como também tínhamos a questão do boca a boca desde o rádio. É uma profissionalização ou um reconhecimento disso”, diz. Para a publicitária, independentemente das tendências, essas mudanças permitiram metrificar, analisar e comparar as campanhas, algo que deve se manter por ser capaz de trazer resultados reais para as empresas.

Como chegar até o público?

De acordo com Larissa Vizeu, para chegar ao público da internet, que geralmente está espalhado e dividido em suas bolhas, é preciso desenvolver estudos para saber o que seu público consome; onde ele está; e, então, buscar formas de falar de igual para igual com ele. “Encontrar esse público e se comunicar com ele, se inserir mesmo na rotina dessa pessoa”. Mas, para isso, ela destaca que é preciso saber mesmo o que está sendo vendido pela marca e que problema o produto ou serviço está buscando resolver para o cliente.

Diogo Garcia também indica que entender com clareza quem é seu público-alvo deve ser uma prática que se inicia bem antes da campanha de publicidade. “Precisa estar bem definido na etapa de concepção de produto e é encontrado através de pesquisas de campo, posicionamento de mercado e preço de vendas”, indica. Ele diz, ainda, que após ter o perfil do cliente definido, é preciso compreender suas características comportamentais, demográficas e ocupacionais, para que possa estudar os melhores canais de comunicação para se relacionar com este público. “A base do sucesso está em construir uma persona que seja a cara do seu produto”, define.

O que os clientes devem buscar em um publicitário ou em uma agência?

Adriano Sant’Anna ressalta que é sempre importante observar a reputação da agência, os clientes que já passaram por ela e com quem ela trabalha no momento. “A análise do portfólio é indispensável”, diz. Outra dica importante é que as agências sempre devem buscar falar a língua do cliente, realmente “explicar termos e estratégias que são desconhecidas pelo público comum, colocando o cliente em conhecimento com o trabalho que será feito”. Para ele, isso é algo que deve ser valorizado na hora da escolha.

Diogo Garcia: o que tem mais se modificado no mercado é o contexto da mensagem que se passa em uma campanha (Foto: Arquivo Pessoal)

Diogo Garcia também aponta que os clientes devem buscar agências que entendem dos problemas e das soluções que precisam ser aplicadas, para que o resultado aconteça, seja qual nicho for. Para o profissional, é importante escolher uma agência que “te ajude a pensar a sua empresa ou empreendimento como um todo, em todos os departamentos, ou em todas as etapas de um lançamento imobiliário. Há muitas variáveis dentro de um projeto de comunicação que precisam ser discutidas por uma equipe multidisciplinar e que entenda do mercado”.

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O futuro do mercado

“Enxergo o futuro do mercado de forma promissora. As empresas já entenderam, principalmente após a pandemia, quando a comunicação se tornou muito mais digital, a importância das plataformas virtuais. Dessa forma, penso em um mercado consolidado”, diz Adriano Sant’Anna, quando questionado sobre o futuro desse mercado que se mostra tão movimentado. As marcas devem estar cada vez mais responsáveis, analisando sempre suas interações e figuras que patrocinam. Além disso, explicita a importância de uma propaganda cada vez mais sutil, que não interrompa a experiência do usuário que está consumindo determinado conteúdo.

Larissa Vizeu também enxerga essa mudança de percepção, e acredita muito em um mercado “mais ligado ao conteúdo, forte no digital, menos impositivo e mais interativo”. Em sua visão, a curiosidade e a vontade de estar à frente dessas mudanças é algo essencial na profissão.

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