‘Batman’: A volta do Cavaleiro das Trevas

Dirigido por Matt Reeves e estrelado por Robert Pattinson, longa chega aos cinemas com uma nova versão do herói


Por Júlio Black

03/03/2022 às 07h00- Atualizada 03/03/2022 às 13h45

Novo filme do Batman deve mostrar o vigilante como uma figura temida pelos criminosos, mas ainda inexperiente (Foto: Reprodução)

E lá vamos nós de novo. Depois de oito filmes, cinco atores e três diretores – ou quatro diretores e oito filmes se contarmos “Batman vs. Superman” -, Batman, um dos mais importantes e populares heróis dos quadrinhos, está de volta aos cinemas em uma nova versão. Batizado apenas como “Batman”, o novo longa do Cavaleiro das Trevas estreia quinta-feira em todo o país, mas já nesta terça-feira a produção tem pré-estreia em Juiz de Fora em versões dubladas e legendadas.

A nova versão cinematográfica do Homem-Morcego chega com muitas expectativas por causa da trajetória acidentada do Universo Cinematográfico DC na última década. Inicialmente, a Warner Bros. (dona da DC Comics) planejava produzir um filme com Ben Affleck, que vestiu o uniforme do herói em “Batman vs. Superman”, “Esquadrão Suicida” e “Liga da Justiça”. Porém, as bilheterias decepcionantes de “BvS” e do longa da Liga – além de problemas pessoais do próprio ator – cancelaram o filme, e aí entrou o diretor Matt Reeves com a proposta de uma produção que não tivesse ligação com a continuidade capenga dos filmes dos heróis da DC, a exemplo de “Coringa”.

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Com o sinal verde da Warner, Reeves começou a escalar o elenco, e o anúncio de Robert Pattinson para interpretar Bruce Wayne/Batman criou a grande polêmica antes mesmo das câmeras começarem a gravar. Os fanboys mais radicais tiveram reação parecida (talvez até maior) com a da época em que Michael Keaton foi anunciado como o Batman dos filmes de Tim Burton.

O principal motivo é a lembrança de Pattinson como o vampiro que brilha no sol na série de filmes adolescentes “Crepúsculo”, ignorando que o ator tem no currículo trabalhos com diretores como David Cronenberg (“Cosmopolis”), Christopher Nolan (“Tenet”) e Robert Eggers (“O farol”). Os trailers que mostram o astro com um visual emo só ajudaram a reforçar o argumento “este vou esperar passar na TV” dos fãs que gostam de reclamar de tudo.

Além de Robert Pattinson, o novo “Batman” segue a tradição das produções do Cavaleiros da Trevas de ter nomes de peso entre os protagonistas e principais coadjuvantes: Zoë Kravtiz (Mulher-Gato), Paul Dano (Charada), Colin Farrell (Pinguim), Andy Serkis (Alfred Pennyworth), John Turturro (Carmine Falcone) e Jeffrey Wright (James Gordon).

Principal vilão do filme deve ser o Charada, com um visual muito diferente do conhecido nos quadrinhos e do filme de 1995 (Foto: Reprodução)

 

Batman, Ano Dois?

Sobre a trama de “Batman”, Reeves – que escreveu op roteiro com Peter Craig – tem listado várias influências cinematográficas e dos quadrinhos. Do cinema, ele tem citado filmes como “Taxi driver”, “Chinatown” e “Operação França” como inspiração para desenvolver o lado detetive do Batman, além dos filmes de Alfred Hitchcock para o clima de suspense. Quanto ao Batmóvel (um Dodge Challenger dos anos 60), a inspiração vem de “Christine, o carro assassino”, filme de terror que é adaptação de um livro de Stephen King. Na parte dos quadrinhos, as citações de Matt Reeves incluem pelo menos dois clássicos: “Ano Um”, de Frank Miller e David Mazuchelli, e “O longo Dia das Bruxas”, de Jeph Loeb e Tim Sale.

O objetivo, de acordo com o diretor, é ter um Batman mais realista e violento, ainda no início de carreira, que precisa aprender com os erros e entender como funciona o submundo de Gotham City. Na história, o vigilante mascarado, mesmo iniciante, já está nas ruas há tempo suficiente para ser temido pelos criminosos, além de ter conquistado a confiança do ainda tenente James Gordon para firmarem uma parceria informal.

O contexto muda, entretanto, com o surgimento do Charada, um assassino fantasiado que deixa mensagens cifradas nos locais em que comete os crimes. Ao contrário dos quadrinhos, as mensagens não têm o objetivo de deixar pistas sobre sua identidade ou o local do próximo crime, e sim incriminar o próprio Batman e sugerir uma suposta ligação da família Wayne com o submundo do crime de Gotham.

Em sua tentativa de identificar e impedir os planos do criminoso, Batman vai fundo na criminalidade de Gotham, e Bruce Wayne cruza caminho com a ladra Selina Kyle, a Mulher-Gato, o a criminoso Oswald Cobblepot, mais conhecido como Pinguim, e o mafioso Carmine Falcone.

“Batman” tem sido anunciado como um filme que se passa em uma realidade diferente dos principais filmes do Universo Cinematográfico da DC, e há planos de se realizar mais longas baseados nessa nova encarnação do personagem. Isso não quer dizer, porém, que não possamos ter o Batman de Robert Pattinson ser encontrando, no futuro, com a versão interpretada por Ben Affleck e até mesmo Michael Keaton, presença confirmada no filme do Flash, que adapta a saga de quadrinhos “Flashpoint”, baseada no conceito de realidades alternativas.

Um herói de cinema

Personagem que estreou em 1939 na edição 27 da revista “Detective Comics”, o Batman já era um sucesso no audiovisual na década seguinte, com uma série semanal nos cinemas. Por cinco décadas, o personagem ganhou animações, série de TV e ganhou seu primeiro blockbuster em 1989, na comemoração de seus 50 anos. O filme teve direção de Tim Burton, Michael Keaton como o Homem-Morcego e Jacxk Nicholson como o Coringa. A produção foi muito elogiada, por misturar os elementos góticos de Burton com uma visão sombria do Batman, além de acenos à popular série de TV dos anos 60.

Burton e Keaton retornaram em “Batman: O retorno”, de 1992, que tinha como vilões o Pinguim (Danny DeVito) e uma irresistível Michelle Pfeiffer como a Mulher-Gato. O longo foi bem na bilheteria e entre a crítica, e logo a Warner Bros. botou na mesa o projeto de um terceiro filme. O estúdio, porém, queria uma história mais leve, e, como Tim Burton não tinha interesse a retornar ao personagem – tendo atuado apenas como produtor -, Joel Schumacher foi contratado como diretor de “Batman eternamente”, de 1995.

E foi aí que tudo começou a dar errado. Schumacher queria adaptar “Ano Um”, mas a Warner bateu pé exigindo um filme mais “família”, e outra consequência foi a saída de Michael Keaton do projeto. O papel de Bruce/Wayne/Batman passou para Val Kilmer, enquanto Jim Carrey foi escalado para o papel do Charada, Tommy Lee Jones interpretou o Duas-Caras e Chirs O’Donnell tornou-se o Robin. Além dos conflitos entre Kilmer e o diretor durante as gravações, “Batman eternamente” não foi tão bem acolhido pela crítica, e a bilheteria não foi tão superior à de “Batman: O retorno”.

Mesmo assim, a Warner insistiu no erro, e em 1997 foi lançado “Batman e Robin”. Joel Schummacher foi mantido na direção, e Val Kilmer substituído por George Clooney. Arnold Schwarzenegger e Uma Thurman ficaram com os papéis de Senhor Frio e Hera Venenosa, e, apesar do elenco estelar, a produção foi um fracasso de crítica e bilheteria, a pior da quadrilogia. Como resultado, o personagem foi para a geladeira.

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Lançado em 2008, “Batman: O Cavaleiro das Trevas” é considerado o melhor filme com o personagem (Foto: Reprodução)

A volta por cima

Poucos anos depois, começou a circular a especulação de um reboot do personagem no cinema. Depois da especulação em torno do nome de Darren Aronofsky, o escolhido foi Christopher Nolan. Mesmo não sendo um sucesso arrebatador na bilheteria, “Batman begins” conquistou a crítica por sua visão mais realista do personagem, agora interpretado por Christian Bale, e numa produção que ainda tinha nomes como Gary Oldman, Liam Neeson, Cillian Murphy, Kate Holmes, Michael Caine e Morgan Freeman.

Lançado em 2008, “Batmn: O Cavaleiro das Trevas”, é considerado por muitos o melhor filme do personagem, e até mesmo a melhor adaptação dos quadrinhos para o cinema. Desta vez, Bruce Wayne teve de enfrentar os vilões Duas-Caras (Aaron Eckhardt) e Coringa (Heath Ledger). O filme recebeu oito indicações ao Oscar e venceu em duas categorias: edição de som e o Oscar de ator coadjuvante para Ledger, o segundo prêmio póstumo nas categorias de atuação na história dos Prêmios da Academia.

Em 2013, Nolan e Bale retornaram em “Batman: O Cavaleiro das Trevas ressurge”, em que o herói teve de enfrentar o vilão Bane (Tom Hardy) e a Mulher-Gato (Anne Hathaway), que encerrou a trilogia imaginada pelo diretor inglês.

Um novo Batman

Com a trilogia de Nolan encerrada, o Batman retornou aos cinemas em um filme que era o sonho dos fãs dos quadrinhos, pois marcaria o primeiro encontro do Homem-Morcego e do Superman nos cinemas. Dirigido por Zack Snyders, “Batman vs. Superman – A origem da Justiça” foi lançado em 2016 e mostrava um Batman veterano interpretado por Ben Affleck, que via o Superman (Henry Cavill) como uma ameaça. O filme marcou ainda a primeira aparição da Mulher-Maravilha (Gal Gadot) nesse universo, mas a produção divide os fãs até hoje.

No mesmo ano, o Batman de Affleck apareceu em “Esquadrão Suicida”, e no ano seguinte retornou em “Liga da Justiça”, marcado pelos problemas em sua produção. Zack Snyder teve que abandonar as filmagens por causa do suicídio da filha, e foi substituído por Joss Whedon, que tinha a experiência de ter dirigido os dois primeiros filmes dos Vingadores para o Marvel Studios. O longa, porém, dividiu crítica e público, e conseguiu ter uma bilheteria pior que a de “Esquadrão Suicida”.

Anos depois, Zack Snyder convenceu a Warner Bros. a lançar o que seria o seu “corte” do filme, que precisou de US$ 70 milhões para as refilmagens. Assim como o restante do elenco, Ben Affleck participou das filmagens do que ficou conhecido como a “Liga da Justiça de Zack Snyder”, com quatro horas quase intermináveis de duração.

 

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