Forças de segurança em Juiz de Fora aguardam definição estadual sobre greve

Diferentes categorias se reúnem nesta terça para definir rumos das manifestações; desde segunda, trabalhadores protestam em BH por recomposição salarial


Por Gabriel Silva

22/02/2022 às 11h41- Atualizada 22/02/2022 às 11h43

Servidores de órgãos de segurança pública de Juiz de Fora aguardam reuniões de diretórios mineiros para definir sobre o possível início de uma greve em âmbito estadual e municipal. Desde segunda-feira (21), policiais civis e militares, bombeiros, agentes socioeducativos e policiais penais realizam manifestações em Belo Horizonte cobrando a recomposição salarial das perdas causadas pela inflação nos últimos sete anos. Nesta terça-feira (22), a expectativa é que uma reunião entre as diferentes categorias defina o rumo dos protestos.

A reportagem da Tribuna tenta, desde o início da manhã desta terça, contato com representantes das diversas categorias em Juiz de Fora para questionar sobre a possibilidade de um movimento grevista no município. O Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol/MG) confirmou que um líder sindical da subsede de Juiz de Fora estava em reunião durante a manhã com representantes de outras categorias para definir sobre a adesão local. No entanto, até o momento, não houve confirmação dos rumos do movimento.

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Em contato com a reportagem, o presidente da Associação do Sistema Socioeducativo e Prisional de Juiz de Fora (Assprijuf), Wanderson Pires, confirmou que o órgão articula com o Sindpol a adesão ao movimento. De acordo com o presidente, a tendência é que a categoria aprove a paralisação, o que geraria a manutenção apenas dos serviços de alimentação dos detentos e os atendimentos de saúde emergenciais na Penitenciária Professor Ariovaldo Campos Pires, com todos os demais procedimentos sendo interrompidos. As forças de segurança ameaçam entrar em greve até que haja compromisso do Governo estadual pela recomposição inflacionária.

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Movimento começou em BH

As manifestações contra o Governo estadual começaram na manhã de segunda-feira, quando cerca de 30 mil pessoas se reuniram no entorno da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG), em Belo Horizonte. O ato cobra, principalmente, a recomposição de 24% que foi proposta por Romeu Zema no fim de 2019, mas vetada por ele próprio após ter sido aprovada no Legislativo. A manifestação, além de policiais militares da ativa, reuniu policiais civis e agentes penitenciários.

Os servidores da segurança chegaram a entregar ao presidente da ALMG, deputado estadual Agostinho Patrus (PV), um manifesto contra o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que possibilitaria, segundo os representantes das categorias, a estagnação salarial dos trabalhadores. No documento, os servidores também exigem o cumprimento do acordo assinado com o Governo em 2019, que previa a recomposição salarial em três parcelas. O Estado pagou apenas uma. Conforme o manifesto, a perda salarial calculada pela inflação do período de 2015 a 2021 chega a 50,75%, medida pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA).

Em nota divulgada ainda na manhã de segunda-feira, o Governo de Romeu Zema disse que sabe da necessidade da recomposição salarial para o funcionalismo público, mas alegou que isso será possível a partir do ingresso no Regime de Recuperação Fiscal. Quanto à crítica dos manifestantes sobre a falta de abertura para diálogo, o Governo diz que mantém as conversas. “A atual gestão reconhece a importância dos profissionais das Forças da Segurança para o Estado. Por isso, eles receberam reajuste de 13% em 2020”.

A Tribuna enviou questionamentos ao Governo de Minas sobre os possíveis prejuízos aos serviços de segurança em todo o estado, além de questionar sobre o estágio das negociações e as possibilidades enxergadas pelo Executivo estadual para chegar a um acordo com os servidores. Entretanto, até o momento, não houve resposta do Estado.

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