Ídolo no Sul, Marina Loures foca em 2022 e comemora status de referência em JF

Atleta de futsal feminino sonha com seleção brasileira e continuará na Celemaster, equipe hexacampeã gaúcha


Por Davi Sampaio, estagiário sob a supervisão

17/02/2022 às 07h00- Atualizada 17/02/2022 às 09h42

”Poderia ter dez, 12 Marinas espalhadas por Juiz de Fora, jogando no futsal a nível nacional, porque talento, sem dúvida, tem de sobra”. É o que pensa Marina Loures, referência na cidade quando se trata de futsal feminino. A atleta, campeã da Libertadores pelo Cianorte em 2019, está realizando sua pré-temporada com o time do Clube Bom Pastor/Buscapé, antes de ir para Uruguaiana, cidade gaúcha onde atua desde 2020 pela equipe da Celemaster.

”Eu renovei com a Celemaster, desde o ano passado, sabia que ia continuar no clube. Fui muito feliz em 2021, conquistei muitos objetivos que tinha na minha carreira, evolui muito como atleta, então era o desejo dos dois de continuar o trabalho”, conta Marina, que deverá competir, somente neste ano, a Copa do Brasil, Taça Brasil, Liga Gaúcha e o Campeonato Gaúcho. “A Celemaster vai se reapresentar agora no início de março, então estou aqui (em JF), seguindo a preparação, usando a estrutura do Clube Bom Pastor/Buscapé, que hoje é uma referência na cidade. Querendo ou não, tudo que o Bom Pastor vem fazendo com a gente é até inédito em Juiz de Fora. Uma parceria que apoie, do tamanho que o clube está fazendo com a gente”, exalta Marina.

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Bicampeã da Liga Gaúcha e do Campeonato Gaúcho, ouro na Copa RS, no Desafio de Ligas e na Taça Farroupilha vestindo a camisa da Celemaster, Marina é tratada como ídolo em Uruguaiana e possui algumas histórias curiosas.

“O primeiro contato que tive foi quando eu fui anunciada, através de rede social. A galera começou a me seguir em peso, me mandar mensagem de carinho. Realmente fui muito acolhida, e depois poder vivenciar isso no dia a dia, tinha torcedor que me chamava para tomar café na casa dele, que no meu aniversário me mandou presente na minha casa. Lá faz muita promoção para arrecadar fundos, principalmente para a base, e eu sempre estava ali ajudando, sempre em contato direto com o torcedor, no dia a dia, pessoalmente. E é muito louco, porque é muito fanatismo, que eu não entendia que pudesse existir no futsal feminino. É muito legal”, destaca a juiz-forana.

Marina tem deixado sua marca nas últimas temporadas no futsal feminino brasileiro (Foto: Fernanda Malfussi)

Apesar da estrutura do Clube Bom Pastor/Buscapé elogiada por Marina, e do aumento no número de campeonatos de futsal feminino, Juiz de Fora, segundo a atleta, ainda não valoriza tanto o esporte. Outras cidades, como Uruguaiana, que possui apenas 126.866 habitantes, tratam a modalidade uma visão distinta. ”A diferença é que, por exemplo, lá em Uruguaiana, a Celemaster é vista como um status que as pessoas querem chegar, de meninas de 12, 13 anos terem a gente, do adulto, como ídolos, de carregar foto até no celular. ‘Ah, eu quero ser como a Marina.’ A cidade respira muito futsal, lota ginásio para os jogos femininos. Em Juiz de Fora poderia ter tudo isso, caso tivesse mais apoio, mais dedicação das atletas também. Eu falo que não é só apoio, as atletas têm que querer”, desabafa a craque.

Do reconhecimento ao status de referência local

Juiz-forana se surpreendeu com o carinho recebido em Uruguaiana (Foto: Fernanda Malfussi)

Mas até virar referência local e nacional no futsal, Marina passou por tentativas em outra modalidade. Em 2010, a atleta participou de uma peneira de futebol de campo no Santos, que reunia mais de 1.500 jogadoras. De todas elas, somente a juiz-forana e mais quatro garotas foram aprovadas no time que contava com jogadoras de renome mundial, como Marta e Cristiane. Era uma oportunidade e tanto, mas a jovem percebeu que a modalidade não era o que ela queria. Sua vontade era ser reconhecida no futsal, feito que conseguiu após alguns anos.

”Foi uma coisa que eu sempre busquei, além de ser conhecida em outros lugares pelo desempenho dentro de quadra, passar em clubes e marcar meu nome. Eu sempre quis o reconhecimento aqui em Juiz de Fora, e graças a Deus ele veio. Alguns anos atrás, eu ganhei o Panathlon, que foi muito emocionante pra mim, apesar de que é um prêmio que às vezes as pessoas não dão tanta importância. Representou um sonho realizado da minha mãe e do meu pai, que sempre, desde que eu era criança, buscaram me colocar nos campeonatos. Já foram muito barrados dentro de competições em Juiz de Fora, quando eu era mais nova. E depois, ao longo dos anos, as coisas foram acontecendo. Ser referência hoje, em JF, dentro do futebol feminino, é muito importante, muito mesmo, porque envolve tantas coisas… questão de família e até ser espelho para outras meninas. Juiz de Fora é um local em que muita menina joga futsal”, confessa a jogadora.

O que falta agora?

Com todo esse sucesso, tendo conquistado uma das maiores competições de futsal do mundo (a Libertadores, em 2019), e jogado ao lado de atletas renomadas no cenário nacional, como Nega, sempre surge o questionamento: o que falta agora? Marina quer continuar conquistando títulos pela Celemaster, e claro, busca o auge de todos os atletas, independentemente da modalidade.

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”Você ser chamada para representar um dia seu país, nem que seja em um amistoso, uma competição oficial, acho que é o sonho de todo mundo. Eu não acho que seja algo muito distante hoje. Antes, tempos atrás, era muito complicado em relação a isso, porque os times de Santa Catarina, principalmente, eram muito acima do restante do país. Bastante mesmo, não tinha comparação. Hoje em dia as coisas estão muito mais equilibradas […] a gente segue trabalhando, fazendo o melhor pela Celemaster, porque se eu não fizer o melhor lá, se eu não pensar em ser destaque da equipe, não tem como eu chegar na seleção. Então é um passo de cada vez, deixar tudo (acontecer) no seu tempo. Vou trabalhando, me dedicando, fazendo o melhor, mas com certeza é o sonho”, finaliza a juiz-forana.

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