“O Tupi vai ter um CT valendo mais de R$ 100 milhões”, detalha diretor de construtora
Tribuna visitou área de 80 mil metros quadrados, onde deverá ser destinada a nova estrutura carijó; plano prevê três campos, com projeção de início das obras ainda neste semestre
A negativa do pedido de tombamento do estádio Salles Oliveira, em Santa Terezinha, foi o sinal verde para que Tupi e a empresa Rezende Roriz voltassem a tratar o processo de permuta do campo para a construção de um novo centro de treinamento (CT) do clube. Nesta terça-feira (8), a Tribuna visitou a área de 80 mil metros quadrados – localizada no Bairro Benfica, Zona Norte de Juiz de Fora, próxima ao Residencial Miguel Marinho, com entrada pela Avenida Garcia Rodrigues Paes -, que deve ser destinada ao novo CT. No local, a reportagem conversou com o diretor da construtora, Marcus Rezende. Acompanhado do arquiteto Mário Miranda, encarregado pelo projeto, ele detalhou o master plan da nova casa alvinegra e idealizou uma valorização da metragem superior aos 1.800% com a conclusão das obras.
“Essa área dentro do Benfica, a oito minutos do centro do bairro, vai valer de 60 a 80 reais o metro quadrado, mas ela pronta, com o loteamento em volta, vale mais de R$ 1.500 o metro quadrado. Logo, o Tupi vai ter um CT valendo mais de R$ 100 milhões”, avalia Marcus Rezende, projetando a urbanização de uma área de 900 mil metros quadrados, onde o espaço carijó vai estar envolvido. “Hoje a gente tem um master plan para entender o que cabe e estamos fazendo os ajustes. Estamos a oito minutos do centro de Benfica, vai ter ponto de ônibus na porta, uma praça ao lado, e em volta do CT faremos um empreendimento também com condomínios de lotes e de prédios”, complementa.
No complexo esportivo, a previsão do projeto apresentado sofreu uma alteração. Inicialmente, o espaço receberia dois campos de treinamento e um estádio com capacidade de 5 mil pessoas, além de hotel de trânsito, estacionamento, piscina, quadra de areia, dormitórios, refeitório e estrutura para o departamento médico e a fisiologia. No entanto, como o contrato inicial, firmado na antiga gestão do Tupi, previa que a conclusão das obras, nestes moldes, também geraria uma dívida do clube com a construtora, o presidente carijó, Eloísio Pereira, solicitou uma readequação. O estádio, agora, será um campo oficial em que até mil pessoas poderão acompanhar os jogos. Com isto, o Galo não terá débito com a Rezende Roriz, informação confirmada pelas duas partes à Tribuna.
“Em conversas com a nova presidência, eles preferiram enxugar o estádio, porque no projeto com ele, o Tupi ficaria devendo a construtora, e eles não querem ter essa dívida. Então, o estádio vira um campo com uma pequena arquibancada para receber visitantes”, reforça Marcus.
A situação foi conversada na última sexta-feira (4), quando o projeto foi apresentado ao mandatário carijó. “Falei que não queria o estádio para equacionar tudo. Não queremos onerar o clube, criar dívidas novas na nossa gestão, mas sim ajudar o Tupi. Estamos negociando cada passo. Vou lutar pelo Tupi de forma transparente”, afirmou Eloísio, o “Tiquinho”.
Acesso
Conforme Marcus Rezende, a construtora irá buscar, junto à Prefeitura, a construção de uma ponte que ligue a Avenida Brasil à área onde estará, também, o novo CT do Tupi. “Mas se não conseguirmos, já temos uma entrada que vai vir uma grande avenida, que passará na porta (do CT), possibilitando o acesso de ônibus e da comunidade também que aqui vai habitar no futuro”, assegura o diretor.
Início das obras e despesas
“A ideia é de iniciar as obras em abril ou maio, de começar a terraplanagem quando as chuvas pararem, mas dependemos também das licenças dos órgãos municipais, da Secretaria de Obras e do Meio Ambiente. Mas não vejo muitas dificuldades porque o Município está disposto a apoiar”, garantiu Marcus, questionado sobre o início dos trabalhos. O Salles Oliveira, conforme contrato, só poderá ser demolido a partir do momento em que o Tupi puder começar a utilizar as novas dependências.
Ainda conforme Marcus, a tendência é a de que o Carijó tenha uma estrutura autossustentável, projeção que, naturalmente, irá depender da prática e reais condições após o término das obras. “O Tupi vai ter menos despesas aqui, por ter água própria, energia solar para diminuir os gastos com luz. Também terá um hotel de trânsito, para poder alugar os quartos quando houver peneiras e jogos e gerar renda. Uma operação mais enxuta, em um lugar muito maior, que, ao meu modo de ver, vai gerar muito lucro ao clube se houver uma boa gestão.”
Memorial carijó
Parte da estrutura do Salles Oliveira não deverá ser demolida. O espaço da entrada da antiga bilheteria, na Rua Santa Terezinha, até o coreto, atrás da arquibancada do estádio, irá sediar, conforme o master plan, um memorial alvinegro. “Vamos tentar contar uma história e reproduzir a bilheteria. Uma parte será coberta e outra um gramado simulando o antigo campo. Vamos deixar peças da grama lá, as placas que ali tem, preservar o coreto onde ficava o presidente Maurício Baptista de Oliveira, que foi o mais falado da época no Tupi. No coreto, iremos colocar televisões e disponibilizar jogos do passado para que as pessoas tenham acesso. Será um café memorial ao Tupi, ou ao Galo, o pessoal vai escolher. E ali o Tupi vai também poder vender o souvenir dele, chaveiro, boné, camisa, e contar uma história que ali viveu, preservando isso dentro de um mall que vamos construir lá”, explica Marcus.
Na área do Salles, de aproximadamente 13.600 metros quadrados, o diretor da construtora também antecipa o planejamento. “Na frente vamos recuar bem a avenida e fazer um mall com 80 lojas, que, na verdade, é uma rambla, um shopping no sistema europeu. São vias largas, abertas, ao ar livre, e, de um modo geral, vai melhorar muito a mobilidade do bairro, as pessoas vão conseguir chegar no lugar e comprar de tudo. Vai ter uma praça de alimentação, a gente tem uma grande obra do lado e quase comércio nenhum na rua, a não ser supermercado. Vai ter estacionamento para mais de 90 carros e prédios de classe média.”
Dívidas trabalhistas
O presidente do Tupi salientou à Tribuna que irá, independente da negociação com a Rezende Roriz, honrar com o pagamento das dívidas trabalhistas do clube que, até a solicitação de tombamento do Salles Oliveira, foi arcado pela construtora. Tiquinho tem conversado com advogados dos credores e pedido congelamento dos processos por 60 dias para uma reorganização baseada na inserção de programa federal de refinanciamento de débitos fiscais.
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