Fé e ciência


Por Igreja em Marcha, equipe de Leigos Católicos

04/02/2022 às 07h00

Não se trata de mais um texto filosófico sobre as duas dimensões da compreensão humana da realidade. Não é também um recolho dos vários tratados teológicos sobre o que as distingue, separa ou permite se aproximar. Tampouco faremos um resgate histórico de seus vários embates, frutos de mútua incompreensão e intolerância, principalmente, por parte das instituições que as guarnecem. Trataremos da realidade atual e suas dimensões social, econômica, cultural e política.

Entretanto, para não deixar totalmente de lado aquelas contribuições, fixemos numa figura, considerado por alguns (poucos) mártir da Igreja, e por outros (muitos), mártir da ciência: Giordano Bruno. Em que pese as outras acusações que o levaram a ser queimado na fogueira da Inquisição, sua defesa de um universo infinito com as estrelas sendo centro de seus próprios sistemas solares, possivelmente com outras formas de vida extraterrestre, é sem dúvida a mais reconhecida razão de sua condenação. Ora, hoje sabemos que o frade dominicano estava cientificamente correto. Ao mesmo tempo, temos a certeza de fé que, embora a Terra, com os seres humanos nela, não seja o centro do universo, ela é e nós somos centrais nos planos divinos, e Jesus é a prova!

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Mas a coluna desta semana é para apresentar a Campanha “Abrace a Vacina”, promovida pelo Direitos Já! Fórum pela Democracia e pela Frente pela Vida, da qual a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participa. Com o objetivo de incentivar a população a se vacinar contra o novo coronavírus (Covid-19), ela foi lançada no mês de janeiro, numa cerimônia que contou com a presença de autoridades da área da saúde e da economia, e também d. Walmor, presidente da CNBB, que afirmou que todos têm direito ao acesso à vacina e que é necessário que os cidadãos exijam um adequado plano de imunização de seus representantes políticos em todos os níveis.

Na ocasião, foi lido o manifesto “Quem ama vacina, abrace essa ideia” em que se afirma que “não podemos mais aceitar que o negacionismo, a descrença na ciência, a política de morte e proliferação de fake news construam o temor da população diante das formas reais de conter essa escalada de mortes”. Claramente, o que se observa é que o principal ponto de aproximação entre a fé e a ciência é a afirmação da vida, seu valor intrínseco e a imposição do “cuidar”.

“Graças a Deus e ao trabalho de muitos, hoje temos vacinas para nos proteger da Covid-19. Elas dão a esperança de acabar com a pandemia, mas somente se elas estiverem disponíveis para todos e se colaborarmos uns com os outros”, afirmou o Papa Francisco ao convidar a todos a se vacinarem. “Um gesto simples, mas profundo, para um futuro melhor.”

Sobre essa dimensão do cuidado de si que leva ao cuidado de todos, podemos voltar a Giordano Bruno, quando escreve em sua obra “A ceia de cinzas”: “Não é fora de nós que devemos procurar a divindade, pois que ela está em nosso foro interior, mais intimamente em nós do que estamos em nós mesmos”.

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