Coronavírus e nosso dever moral

“Quem se vacina contra a Covid-19 demonstra um ato de amor com os mais frágeis”


Por Luís Eugênio Sanábio e Souza, escritor

25/01/2022 às 07h00

Atualmente, o Vaticano mantém relações diplomáticas com 183 países. Recentemente, o Papa Francisco se reuniu com todos os embaixadores para os tradicionais votos de ano novo. Em seu discurso, o Papa defendeu a vacinação num mundo marcado pela pandemia. O Papa pediu que prossiga o esforço para imunizar o máximo possível a população mundial, não obstante a desigualdade no acesso às vacinas. “É preciso deixar de lado as ‘fake news’ e o embate ideológico: todos temos a responsabilidade de cuidar de nós próprios e da nossa saúde, o que se traduz também no respeito pela saúde de quem vive ao nosso lado. O cuidado da saúde constitui uma obrigação moral”, disse o Sumo Pontífice.

Nesse discurso, o Papa nos fala do problema ideológico. Infelizmente, ainda existem pessoas que contrariam a ciência e rejeitam a vacina. Muitas vezes a causa principal dessa alienação, ou seja, da dispersão da razão diante das constatações científicas, é a desinformação. Nesse sentido, o Papa disse que “muitas vezes deixamo-nos determinar pela ideologia do momento, frequentemente construída sobre informações infundadas ou fatos pouco documentados. Contrariamente a toda a afirmação ideológica que corta os laços da razão humana com a realidade objetiva das coisas, a pandemia impõe-nos uma espécie de “tratamento de realidade”, que exige encarar de frente o problema e adotar os remédios adequados para o resolver”.

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O Papa destaca que “pudemos constatar que, onde se realizou uma campanha de vacinação eficaz, diminuiu o risco de um agravamento da doença”.

Quem se vacina contra a Covid-19 demonstra um ato de amor com os mais frágeis. Cabe a cada um contribuir para acabar com a pandemia de Covid-19, e essa contribuição passa pela vacinação.

Penso também que todos devem dar testemunho de amor pela medicina. A medicina, por definição, está a serviço da vida humana. É um serviço racional que é constantemente apurado ao longo do tempo e que obviamente supera as antigas concepções pagãs de curandeirismo, superstições etc. Digo isso porque, às vezes, surgem, aqui ou ali, tentativas de ilusória regressão a partir de um chamado “neopaganismo” que acaba por rejeitar as conquistas científicas da humanidade. É preciso ter cuidado para que os mais jovens não caiam nessa armadilha.

O Papa Francisco também assegurou que a pandemia nos mostrou a importância de nos conectar, de colaborar e de enfrentar juntos os problemas comuns. Segundo Francisco, “toda estrutura hospitalar, particularmente as de inspiração cristã, deve ser um lugar onde se pratica a cura da pessoa e onde se pode dizer: ‘Aqui não se vê apenas médicos e pacientes, mas pessoas que se acolhem e se ajudam mutuamente: aqui se encontra a terapia da dignidade humana’. E com essa não se negocia, se defende sempre”. Penso aqui no trabalho plurissecular das Santas Casas de Misericórdia instituídas no século XV sob a proteção da Igreja Católica.

A vida humana é sagrada e deve ser defendida em todos os momentos de nossa existência!

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