O desenvolvimento de Juiz de Fora (I)

“Falando só como técnico, o que mais me incomodou nesse grande período de 30 anos foi o baixo apoio político para que outros grandes e médios projetos pudessem escolher e aportar no município de Juiz de Fora”


Por José Eloy dos Santos Cardoso, economista, professor titular da PUC-Minas, ex-assessor da presidência da extinta Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais (CDIMG) e jornalista

09/01/2022 às 07h00

Com grande atenção, entusiasmo, otimismo e expectativas li a grande entrevista dada à Tribuna de Minas pela prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT). É natural que, num primeiro ano de mandato, presidente da República, governador e prefeitos procurem prestar contas de seus trabalhos. Alguns se queixam de dívidas encontradas, obras paradas e, por terminar, uma infinidade de outros problemas para serem solucionados na urgência que cada caso requer.

Por mais de 25 anos, como economista e assessor da presidência da antiga CDIMG, consegui colaborar intensamente para o desenvolvimento mineiro, a atração e a fundação de novas empresas ou suas melhorias, especialmente, pelas escolhas de novas áreas onde deveriam se instalar e localizar grandes, médios ou grandes projetos, a começar pela instalação do projeto Fiat Automóveis em Betim. Ali, ajudamos a construção até dos galpões para localizar a Fiat e sua indústria de motores, a FMB.

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Entretanto, apesar de conhecer com grande profundidade os problemas econômicos e sociais do Estado de Minas Gerais, gostaria de colaborar com Juiz de Fora contando parte de seus problemas de desenvolvimento vividos nesses meus mais de 30 anos de trabalho como economista. Gostaria de, em princípio, afirmar que o projeto da indústria Mercedes-Benz só veio se instalar e localizar em Juiz de Fora porque encontrou o belíssimo Distrito Industrial II, totalmente construído pela CDIMG e equipado. Para o projeto ser totalmente concluído, bastou que os governos mineiro e municipal doassem os terrenos do DI para aquela indústria, construíssem um acesso (trevo) até a BR-040, uma ponte ligando a Mercedes até a BR-040, outras obras menores e os indispensáveis incentivos fiscais por parte da Prefeitura de Juiz de Fora e o Estado. O projeto Mercedes-Benz só não evoluiu mais porque aquela montadora apostou na fabricação de um modelo que, pelos seus custos e preços de venda, fugiram dos padrões da época dos demais projetos encontrados no Brasil. O caso daquela indústria foi um caso à parte.

Falando só como técnico, o que mais me incomodou nesse grande período de 30 anos foi o baixo apoio político para que outros grandes e médios projetos pudessem escolher e aportar no município de Juiz de Fora. Sem um enorme aparato político que sempre envolve os grandes projetos, praticamente, nenhum outro projeto como uma indústria automobilística irá se localizar em qualquer área do estado ou do país. Essa regra eu considero a mais importante e geral. Nos próximos números da Tribuna, voltarei a comentar sobre as perdas de médio ou grandes projetos para Juiz de Fora, dando, como exemplo, a perda da Peugeot Automóveis para o Estado do Rio de Janeiro. Apoios totais são necessários, embora, nem sempre, serão suficientes, porque outros importantes fatores deverão ser também considerados.

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