Empresas de ônibus de JF estudam ampliação de pagamento eletrônicos

Concessionárias dizem que medida visa a modernização; trabalhadores temem extinção de função de cobrador e perda de mil postos de trabalho


Por Renato Salles

04/01/2022 às 20h15- Atualizada 04/01/2022 às 21h43

Os consórcios que operam o sistema de transporte coletivo urbano de Juiz de Fora avaliam alternativas para a ampliação dos pagamentos eletrônicos nos ônibus em circulação na cidade. A informação foi dada Associação Profissional das Empresas de Transportes de Passageiros de Juiz de Fora (Astransp), em nota encaminhada à Tribuna, nesta terça-feira (4). Segundo a Astransp, a possibilidade de adoção do novo modelo tem por objetivo “a modernização dos meios de pagamentos, que, claramente, já é uma realidade em diversas cidades do país”.
“Isso traz diversos benefícios para o serviço de transporte como maior facilidade de recarga, cadastros, serviços, agilidade nos embarques, segurança para os passageiros, informações para planejamento da operação, além de reduzir o custo da tarifa técnica real do sistema”, diz a nota, elaborada pelas empresas concessionárias. Ainda de acordo com os consórcios, o modelo que vem sendo estudado contempla, por exemplo, novas tecnologias que possibilitam pagamentos via app, QR Code, cartões de débito e créditos e carteiras virtuais.

A manifestação das concessionárias ocorre um dia após vir a público a preocupação do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Coletivo Urbano (Sinttro) sobre a possível extinção da função de cobrador nos ônibus que atuam no serviço de transporte coletivo urbano em Juiz de Fora. Segundo o Sinttro, tal medida pode resultar na perda de “mais de mil postos de trabalho” e também em sobrecarrega para os motoristas. “Todas estas questões e as demais levantadas pelo Sindicato estão na mesa de diálogos, da qual o Sinttro participa e na qual já foi confirmado compromisso das empresas de não demissão em massa”, reforça a nota das concessionárias.

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Acordo vigente

Na última segunda-feira, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) divulgou uma nota reforçando que, durante a Mesa de Diálogo e Mediação de Conflitos sobre o Transporte Coletivo, montada no ano passado pela PJF, foi firmado acordo com os consórcios das empresas de ônibus com o compromisso de não ocorrer “demissão em massa de profissionais do setor”.

O Município ressaltou ainda que o compromisso integra a Lei Municipal nº 14.209, de 15 de julho de 2021, de autoria do Poder Executivo e aprovada no ano passado. “Todas as decisões da Mesa de Diálogo foram tomadas com a participação do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários, que também integra o Comitê Gestor do transporte coletivo, espaço aberto para análise de todas as questões envolvidas no transporte público em Juiz de Fora”, diz a PJF.

Sobre o posicionamento da Prefeitura, o Sinttro afirmou que “a proibição de demissão em massa, como diz a nota emitida pela PJF, não garante que o cargo de cobrador não poderá ser extinto”. “O Sinttro precisa da garantia e proteção específica para a manutenção da função de cobrador e espera esse posicionamento claro da Prefeitura e da Câmara documentado, para a proteção dos mais de mil postos de trabalhos, quando da negociação dos subsídios às empresas de ônibus neste ano de 2022”, disse o sindicato em nota encaminhada à reportagem.

No momento, o sindicato conduz a campanha salarial dos trabalhadores. Entre outros, a categoria defende um reajuste salarial de 15% para os profissionais e a correção do valor do tíquete-alimentação em 8,68%. “Em relação à negociação coletiva, os consórcios afirmam que estão dialogando com o sindicato e ainda não se esgotaram as negociações”, diz a nota das concessionárias. Em Juiz de Fora, dois consórcios operam o sistema: Via JF e Manchester.

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