Consumidores devem lotar ruas de JF na véspera do Natal
Na região central, lojistas se dividem, mas shoppings projetam números positivos; CDL e Sindicomércio lembram que cenário econômico ainda impacta poder de compra do consumidor.
Fazer as compras de Natal de última hora é hábito de muitos consumidores que aproveitam a véspera da data para ir às ruas em busca de presentes. A movimentação é responsável por grande parte do faturamento no comércio, visto que, segundo levantamento realizado pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Minas Gerais, 82,5% dos entrevistados disseram que deixariam para fazer as compras na semana que antecede a data. Em Juiz de Fora, a expectativa das entidades ligadas ao setor também é de maior procura na véspera, principalmente na região central.
Segundo pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas (Fecomércio MG), quase 70% das empresas esperam uma melhora nas vendas deste ano em relação a 2020 e 2019. Entre os motivos apontados para a projeção favorável estão o valor afetivo da data, o abrandamento da pandemia, o aquecimento do comércio, a flexibilização das atividades empresariais e o avanço da vacinação contra a Covid-19. O levantamento ainda aponta que, para atrair os consumidores e efetivar as vendas, 66,4% dos empresários devem investir em promoções e liquidações, 55,5% em propaganda e divulgação, além dos 22,7% que devem apostar na variedade de produtos e serviços.
No Estado de Minas Gerais, os principais segmentos econômicos que devem ser beneficiados pelo Natal são: tecido, vestuário e calçados, móveis e eletrodomésticos, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos, supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo e outros artigos de uso pessoal e domésticos. Entretanto, para este ano, o gasto médio do consumidor não deve ultrapassar o valor de R$ 200 para 54,2% dos entrevistados.
Juiz-foranos vão às compras nesta quinta
Na manhã desta quinta-feira (23), consumidores já desfilavam com sacolas pelas ruas centrais. A maioria buscava por presentes de Natal. Apesar de o movimento ter se intensificado ao longo dos últimos dias, em alguns estabelecimentos, o fluxo de clientes era baixo. A expectativa é de maior movimentação nesta sexta.
Juliana da Silva Rosa, gerente da Liv, loja de decoração e presentes da cidade, ainda avalia como tímida a procura por presentes no estabelecimento, apesar de o movimento “ter melhorado em relação ao ano passado”. “Acredito que a chuva tenha atrapalhado um pouco (nesta quinta). Mas estamos com melhor expectativa para esta sexta.” Na avaliação de Juliana, o cenário econômico tem impactado o poder de compra do consumidor. “As pessoas estão comprando menos, mais lembrancinhas”.
Já a gerente da Art Linea, loja de roupas femininas que funciona há onze anos em Juiz de Fora, Josiane Andreia da Silva, conta que o fluxo de clientes que visitam o estabelecimento aumentou ao longo desta semana e que a demanda “já é bem maior do que a do ano passado”. Entretanto, Josiane espera que o movimento se intensifique na véspera de Natal. “Nosso horário de funcionamento vai até 18h (nesta sexta), porque a gente sabe que muita gente deixa para comprar presentes de última hora.
É o caso da dona de casa Anne Patrícia Campos, que foi às ruas nestas quinta para comprar presentes para filhos, netos e genro. “Eu vou sair somente hoje para comprar os presentes, mas optei por lembranças porque os preços estão muito altos”.
Já o casal Diego Gomes Silva Lippi e Sarah Costa Caputo Lippi conseguiu encontrar boas promoções, mesmo às vésperas do Natal. O casal, que saiu às 8h rumo às compras, antes do meio-dia já havia concluído a tarefa. “Compramos para nossos pais, avós e sobrinhos. Ficamos satisfeitos”, afirmou Sarah.
Shoppings já têm dados positivos
A movimentação dos últimos dias no Shopping Jardim Norte já dá indícios de crescimento nas vendas e no faturamento, de acordo com a superintendente Amanda Ribeiro. “A nossa expectativa está super positiva diante do que foi registrado no ano passado. Só em relação às vendas no mês de novembro, nós tivemos um aumento de 10% em comparação com 2020. Na primeira quinzena de dezembro, o crescimento foi de 17%, tanto em vendas quanto em fluxo. E como é uma característica do brasileiro deixar para última hora, esta semana o shopping está muito cheio desde o horário de abertura, por conta disso as vendas, com certeza, devem aumentar.”
Além do horário estendido, a diversificação de lojas e espaços de lazer também são uma ferramenta para atrair o consumidor. “Todos os locais estão lotados, mas os setores com maior procura são os de perfumaria, eletrônicos, calçados e brinquedos.”
No Independência Shopping, a alta procura por itens de Natal nos últimos dias já está atingindo patamares iguais aos de 2019. A expectativa, de acordo com o gerente de marketing Jonas Mendonça, é de que até o término do Natal, as vendas ultrapassem os números registrados antes da pandemia. “Em relação a 2020, estamos com um crescimento significativo, chegando na casa dos 50% de aumento em vendas, considerando o cenário geral do shopping. Com o horário estendido, oferecemos mais tempo para o cliente efetuar suas compras.” Para esta sexta, a administração espera grande movimento devido às compras de última hora.
CDL e Sindicomércio mostram cautela
Em Juiz de Fora, segundo o presidente da CDL, Marcos Casarin, a expectativa não é de crescimento tão acentuado. “A gente espera que as vendas deste ano aumentem em relação ao ano passado, quando estávamos vivendo o auge da pandemia e o comércio quase fechado. Já em comparação com o ano de 2019, a intenção é que o comércio mantenha o mesmo patamar de vendas, mas nós achamos que isso não vai acontecer e vamos vivenciar um desempenho menor.”
Ainda na avaliação de Casarin, 80% das atividades do setor ainda estão amargando perdas econômicas diante do aumento da inflação e da diminuição do poder de compra. Por isso, mesmo com a perspectiva de aumento do tíquete médio gasto neste Natal, a arrecadação não deve ser elevada. “O tíquete vai aumentar, principalmente, por causa da alta no preço dos produtos, mas isso também vai favorecer a compra de pequenas lembranças em vez dos presentes caros e tradicionais.”
Para o presidente do Sindicato dos Comércios em Juiz de Fora (Sindicomércio), Emerson Beloti, as vendas deste ano devem alavancar, mas sem atingir índices próximos aos do ano pré-pandêmico. “A gente sabe que ainda existem muitas lojas fechadas, temos um desemprego muito alto no país, e em Juiz de Fora não é diferente. Então isso tudo abala um pouco a sustentação da projeção de vendas. Mas, mesmo com essas dificuldades, nessa época do ano, o empresário pensa em vender e arrecadar muito mais do que nos meses anteriores.”
Pequenos e microempreendedores
De acordo com o Sebrae-MG, quatro em cada dez empreendedores de pequenos negócios do estado sentem os impactos positivos das festas de fim de ano nas vendas. Quase metade deles (47%) está otimista com as vendas de Natal e Ano Novo. Outros 17% acreditam que o resultado será igual ao do ano passado, 13% esperam um desempenho pior que em 2020 e 23% não sabem responder.
Um percentual um pouco maior de microempreendedores individuais (MEI) acredita que vai vender mais do que no Natal passado: 48% deles estão otimistas, contra 45% dos donos de microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP). Os dados são de um levantamento realizado entre os dias 10 e 21 de novembro, com 1.199 empresários.
Compras híbridas
O levantamento realizado pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Minas Gerais também mostrou que 40% dos consumidores mineiros vão fazer suas compras de forma híbrida, tanto nas lojas físicas como nas virtuais. Outros 35% comprarão somente em lojas físicas e 25% somente pela internet. Sobre a utilização do 13º salário, somente 33,3% dos mineiros entrevistados informaram que irão utilizá-lo para comprar presentes, 35,9% disseram que quitarão dívidas e outros 30,8% guardarão o dinheiro.