O fim definitivo do futebol em JF

“A venda do Paiz Soares é um cheque em branco para o fim do futebol de Juiz de Fora, assim como a venda do Salles de Oliveira”


Por Matheus Brum, jornalista, escritor e pesquisador da História do Futebol de Juiz de Fora

19/12/2021 às 07h00

A notícia da venda do Estádio José Paiz Soares, do Tupynambás, entristece qualquer um que deseja ver Juiz de Fora com um futebol desenvolvido. O pior é saber que a liberação tem a assinatura da Prefeitura de Juiz de Fora e de alguns vereadores, indo na contramão do que a atual prefeita e seu grupo político sempre defenderam em relação ao patrimônio local.

E a questão aqui não se trata de memória ou da importância histórica. Isso, por si só, já é um fator que deveria impedir a venda. Mas, nesse caso, há outros fatores. A venda do Paiz Soares está sendo feita sem transparência e credibilidade.

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Não se sabe a real situação financeira do Baeta, muito menos a quantas anda a estrutura do Paiz Soares. E, pior, não há um planejamento do clube para com o futebol profissional. O Centro de Treinamento, com três campos, próximo ao Expominas, prometido como contrapartida pela venda do estádio, é incompatível com a realidade do clube: futebol profissional por quatro meses ao ano. Como manter uma estrutura de 700 mil metros quadrados? Muitas perguntas sem respostas.

A venda do Paiz Soares é um cheque em branco para o fim do futebol de Juiz de Fora, assim como a venda do Salles de Oliveira. Por sorte, o estádio do Tupi está com o processo parado. Mas, diante dos interesses do mercado imobiliário, a pressão pela conclusão da venda será muito forte. E, infelizmente, a sociedade civil e a imprensa estão afastadas desse processo.

Nenhum clube do mundo, em nenhum país, se desenvolve com venda de patrimônio. E muito menos se desenvolve entregando esse patrimônio sem contrapartida e planejamento. Há anos se clama por transparência nos clubes locais. E há anos os grupos políticos que comandam a dupla Tu-Tu riem da cara da sociedade juiz-forana. Na hora em que der ruim, vão falar que a cidade não abraçou e culpar Deus e o mundo, como sempre fazem.

Que possamos nos lembrar e guardar para sempre o nome daqueles que patrocinaram o fim do futebol local. E também daqueles que defenderam esse escárnio. Porque, quando der problema, e vai dar, todos vão se esconder e fingir que não participaram das articulações.

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