Ceia de Natal chega à mesa até 15% mais cara em Juiz de Fora

Bacalhau, frango, frutas e castanhas devem sofrer maior reajuste de acordo com a Abras; economista orienta que consumidor opte por produtos nacionais para driblar os aumentos


Por Ester Vallim, estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

19/12/2021 às 07h00

A mesa típica de Natal composta por carnes, vinho, frutas e doces deve ficar menos farta este ano, diante do aumento no preço dos alimentos. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), os itens que compõem a ceia estão, em média, 15% mais caros no país, com destaque para bacalhau, frango, frutas e castanhas. Em Juiz de Fora, a alta desses produtos deve acompanhar a tendência nacional, de acordo com a Associação Mineira de Supermercados (Amis). Entretanto, a entidade acredita que, mesmo com os preços pressionados pela inflação, que acumula alta de 10,74% nos últimos 12 meses, a concorrência entre supermercados deve estimular promoções, trazendo um pequeno alívio para o bolso do consumidor.

Carnes e bebidas estão entre os produtos com maiores aumentos este ano (Foto: Fernando Priamo)

Um levantamento divulgado pela Abras mostra a variação no preço dos alimentos típicos do Natal. A pesquisa compara o valor médio dos produtos em 2021 com o ano anterior. No grupo das carnes, bacalhau e frango apresentaram os maiores reajustes, com 19,7% e 19,5%, respectivamente. Em seguida estão peru (16,6%), carne bovina (16,5%), chester (15,4%), tender (14,8%), peixes (13,2%), lombo (12,8%) e pernil (11,7%). Em relação às frutas, castanhas e ovos, a maior alta foi encontrada nas frutas nacionais da época, com 20,6% de aumento. Em seguida, estão frutas especiais e importadas (18,1%), nozes e castanhas (16,3%), frutas secas (16,3%) e ovos (14,3%).

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No grupo das bebidas, os vinhos importados tiveram o maior reajuste, sendo cobrado, em média, 16,6% a mais pela garrafa. As cervejas premium aparecem com alta de 14,5%, seguidas das cervejas comuns (14,1%), destilados (13,6%), vinhos nacionais (13,4%), espumantes (13,2%), refrigerantes (11,5%) e os sucos, com 10,8%. Em relação às sobremesas típicas, os chocolates tiveram o maior aumento com 15,6%, os biscoitos especiais subiram 14,1%, enquanto nos chocotones a alta foi de 13,4%, nos panetones especiais, 13,2% e nos panetones tradicionais, 12,7%.

Economista orienta que consumidor evite itens importados, para driblar os efeitos das altas no orçamento doméstico (Foto: Fernando Priamo)

Cenário internacional e crise hídrica são vilões

De acordo com a professora de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Ana Lídia Coutinho Galvão, os principais motivos para esses reajustes são a alta no preço das commodities, o aumento da cotação do dólar junto com a desvalorização do Real, além da crise hídrica e, consequentemente, a elevação no custo da energia elétrica. “Com a pandemia, a maior parte dos países segurou os alimentos por medo de um desabastecimento. Só que o Brasil continuou exportando e, quando você exporta, o produto passa a ser precificado em dólar. Então a maior parte daquilo que a gente consome hoje está em dólar. Com o aumento da cotação da moeda, os preços começaram a subir, foi uma alta assustadora.”

A professora ressalta que, além dos reajustes na carne vermelha, no frango e no ovo, o preço pago pelo pão também vai pesar na despesa final da ceia. “O pão subiu muito, porque o nosso trigo é importado. Como o dólar está muito alto, todos esses produtos aumentam. No caso do pão, ele vai impactar no preço da cesta de Natal porque a rabanada é uma sobremesa tradicional, além do panetone, que também usa farinha de trigo. Além disso, a energia elétrica necessária para assar o produto e até mesmo o gás de cozinha também tiveram um aumento absurdo. Todos esses reajustes vão sendo somados.”

Pudim sem ameixa

Na Ceasa em Juiz de Fora, é possível encontrar frutas típicas do Natal com reajuste acima dos 64%, em comparação com o ano passado, como é o caso da ameixa. O quilo da fruta custava R$ 5,82 no final de 2020 e está sendo vendido a R$ 9,58 este ano. O pêssego saltou de R$ 4,71 para R$ 6,10 o quilo, registrando uma variação de 29,5%. O quilo da pera teve reajuste de 23,7% e está saindo a R$ 7,72. No ano passado, o valor da fruta chegava a R$ 6,24. De R$ 9,48 para R$ 11, a lichia teve variação de 16%, enquanto o preço da uva saltou de R$ 9,86 no Natal de 2020 para R$ 10,30 em 2021, sofrendo aumento de 4,46%.

Já a maçã, o kiwi e a amora apresentaram redução no valor, de um ano para o outro. No ano passado, um quilo de maçã era encontrado por R$ 5,61 na Ceasa JF, enquanto, este ano, a fruta custa R$ 4,62, registrando redução de 17,65%. A amora passou de R$ 9,34 para R$ 8,38, abaixando 10,28% no valor. Por fim, o kiwi teve queda de 4,70%, reduzindo de R$ 15,74 para R$ 15, sempre considerando o quilo.

Concorrência pode beneficiar consumidor

Segundo o vice-presidente da Amis em JF, Álvaro Pereira, o aumento percebido pelo consumidor nas gôndolas dos supermercados é reflexo do reajuste feito pela indústria de alimentos diante da pressão inflacionária. Entretanto, em lugares com uma forte concorrência entre as empresas, os clientes podem encontrar preços um pouco melhores. “Em praças onde você tem uma concorrência mais acirrada dos supermercados, como é o caso de Juiz de Fora, o consumidor sai ganhando, porque ele conta com mais ofertas e mais produtos no mercado. A tendência é que exista um preço mais baixo em relação a outras praças que não têm concorrência tão forte. Orientamos o consumidor a sempre pesquisar os valores nos mercados e a buscar alternativas em termos de marcas. Isso tudo ajuda a fazer uma ceia mais barata.”

Mesmo com a perspectiva de aumento nos preços, a expectativa do setor é que as vendas cresçam 17% no país em relação ao ano passado. “Os supermercados já vêm negociando junto com a indústria esses produtos. As compras já foram realizadas anteriormente em grandes volumes, para trazer produtos com preços menores. Isso também pode beneficiar o consumidor da nossa região”, afirma Pereira.

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Preferência por produtos nacionais

Ana Lídia ainda orienta que, para tentar fugir do impacto da alta do dólar, os consumidores devem optar por produtos nacionais, que tendem a estar mais baratos. “Uma tradição que a gente tem que mudar é o das frutas importadas. Devemos usar produtos nacionais, porque tudo que for importado está mais caro. Por exemplo, os vinhos. Nós temos muitas marcas boas que são produzidas no Brasil, em Minas Gerais, de qualidade. O vinho importado que estava R$ 200, agora está passando de R$ 300.”

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