Coletivo Sarandira Musical inicia aulas esta semana

Iniciativa é uma de duas propostas apresentadas pelos moradores do distrito e aprovadas no edital “Cultura da/na quebrada”, da Funalfa


Por Júlio Black

06/12/2021 às 16h05

Moradores de Sarandira aprovaram dois projetos no edital “Cultura da/na quebrada”, da Funalfa (Foto: Divulgação)

O coletivo Sarandira Musical inicia neste mês as aulas de música para os moradores do distrito juiz-forano. A iniciativa é um dos dois projetos apresentados por coletivos locais e que foram aprovados no edital “Cultura da/na quebrada”, da Funalfa. De acordo com uma das responsáveis pelo coletivo, Dalila de Almeida, a previsão é que as aulas tenham início nesta terça-feira (7), caso o professor responsável pelas aulas, o músico Tiago Croce, consiga instrumentos suficientes para iniciar os trabalhos. No total, cerca de 25 pessoas já se inscreveram, e algumas delas usarão os próprios instrumentos.
Além das aulas, os participantes do curso já têm confirmada a presença no outro projeto aprovado no “Cultura da/na quebrada”: a Mostra Cultural de Sarandira, que acontecerá na comunidade em 12 de março de 2022, com organização do coletivo Papo Cultura. O evento terá, ainda, exposição de artesanato e culinária local, a criação grafite por Dorin Grafitti, bate-papos com o representante do movimento negro, Sr. José Ivo, e do movimento LGBTQI+, Larissa Monthserrá, a influenciadora digital Sara Manso, e mostra de filmes relacionados aos temas movimento negro, LGBTQIA+ e violência nas redes sociais. As inscrições para a mostra estão abertas até o próximo dia 25, e informações sobre como se inscrever podem ser obtidas pelo perfil do coletivo no Instagram.
Segundo Suzana Markus, da Associação Carabina Cultural – que vem realizando atividades no distrito há alguns anos -, este foi o primeiro ano em que os moradores locais se mobilizaram para participar de editais de apoio cultural. “Eles nem sabiam que existiam esses editais. O acesso à informação é muito complexo nessas comunidades rurais, então a Funalfa fez um trabalho muito legal de ir ao distrito, explicar o edital, e nós instigamos a pensarem em algum tipo de projeto. E daí surgiram ideias maravilhosas. Só ajudamos na elaboração dos projetos, o mérito de conseguir a aprovação é todo deles.”

Primeiros, mas não os últimos

Suzana observa a importância da Funalfa não apenas criar os editais específicos, mas também de buscar as comunidades para incentivar a participação – Sarandira é responsável por dois dos 20 projetos aprovados no edital. “É importante chegar até as periferias, pois geralmente os projetos aprovados são da área central, de pessoas que já estão acostumadas a participar e ter projetos aprovados”, afirma.
“Apesar de ser um valor menor que o ‘Murilão’, é uma experiência que podem passar para depois concorrerem com os artistas já acostumados com os editais, até mesmo a nível nacional”, prossegue. “Essa nova gestão da Funalfa conseguiu se aproximar do pessoal ‘da quebrada’, e o pessoal de Sarandira, agora, pode esperar por outros tipos de eventos, seja com recursos próprios ou em editais, pois estão aprendendo como funciona a cadeia produtiva cultural e que podem fazer parte desse movimento de economia criativa.”
Como é tudo novo para o pessoal dos coletivos, Suzana conta que a Carabina Cultural prossegue orientando todo o processo pós-aprovação. “Estamos com eles o tempo todo tirando dúvidas, além da própria Funalfa, que já fez uma reunião para explicar a parte de prestação de contas, contrapartidas. Eles estão com receio de dar errado, com frio na barriga, mas dedicados a fazer da melhor forma possível.”
Dalila de Almeida destaca a importância de Suzana e do pessoal da Carabina para que recebessem o incentivo de criar os próprios projetos e, depois de aprovados, colocá-los em prática. “Percebemos que havia muitas coisas que poderiam ser feitas em benefício da comunidade, algo que não sabíamos. Tem sido muito gratificante participar desse processo e realizar esses projetos em Sarandira.”

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