PJF e Braspell Bioenergia firmam protocolo de intenções; investimento previsto é de R$ 3 bilhões

As previsões são de que, ao todo, o empreendimento resulte na geração de cerca de quatro mil empregos, entre diretos, indiretos, permanentes e temporários


Por Renato Salles

02/12/2021 às 17h58- Atualizada 02/12/2021 às 20h30

Centro logístico e fábrica de pellets na cidade devem ser erguidos em Dias Tavares (Foto: Fernando Priamo)

Em solenidade realizada na tarde desta quinta-feira (2), a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) anunciou a chegada de um novo empreendimento na cidade. Na ocasião, a empresa Braspell Bioenergia e o Município assinaram protocolo de intenções para a instalação de um centro logístico e uma fábrica de pellets na cidade, que devem ser erguidos em Dias Tavares. A expectativa é de que a empreitada resulte em investimentos de R$ 3 bilhões em dez anos. As previsões são de que, ao todo, o empreendimento resulte na geração de cerca de quatro mil empregos, entre diretos, indiretos, permanentes e temporários.

Segundo o Município, a Braspell fez um levantamento junto à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a PJF e empresas locais, e percebeu que existem, na região, 60 mil hectares de eucaliptos plantados por agricultores ainda não negociados. Conforme o anúncio, a Braspell fará parcerias com produtores. Cada linha de 600 mil toneladas de pellets demanda 30 mil hectares de eucalipto. A região teria potencial para começar com duas linhas de produção.

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Assim, a meta da companhia é vender a produção de pellets para usinas termelétricas movidas a carvão vegetal e indústrias siderúrgicas nacionais, além de exportar. O plano inclui ainda a instalação de uma usina termelétrica, com capacidade de 50 megawatts (MW), que vai usar restos florestais (cascas, pontas, galhos e tocos de eucalipto) como biomassa. A energia gerada vai abastecer a fábrica de pellets, e a sobra de energia será vendida.

A prefeita Margarida Salomão (PT) também reforçou a atual preocupação energética no planeta. “A agenda do mundo nesse momento é sustentabilidade socioambiental.” Para a prefeita, o projeto apresentado pela Braspell “tem uma capacidade extraordinária de articulação com a comunidade rural de Juiz de Fora”. “Estamos vivendo um ambiente de confiança. Ninguém investe sem confiança. Criamos um ambiente propício para investimentos. Estamos conversando de forma franca. Essa confiança é fundamental para que tenhamos um bom ambiente econômico”, considera.

A empresa e o projeto

Em seu site, a Braspell Bioenergia se apresenta como uma empresa criada para “contribuir com o esforço mundial de substituir fontes fósseis de combustíveis, que causam o aquecimento global, pelo aumento da concentração de CO2 na atmosfera”. Assim, assume como função principal “produzir combustíveis de base florestal na forma de pellets de madeira para atender a grande demanda mundial, inicialmente as grandes termelétricas movidas a carvão mineral”.

Protocolo de intenções foi assinado na tarde desta quinta-feira (Foto: Fernando Priamo)

O projeto prevê que, em uma primeira fase de implantação, Juiz de Fora contará com um centro logístico, que funcionará no Bairro Dias Tavares. A unidade é destinada a viabilizar embarques ferroviários de toras de eucaliptos para serem transformadas em cavacos de madeira, na unidade industrial da empresa, em Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro. A capacidade inicial de processamento anual esperada será de 250 mil toneladas.

Em uma segunda etapa do projeto, será criada uma unidade de fabricação de pellets, que deverá ter capacidade projetada de processamento anual de 600 mil toneladas. No futuro, a planta terá potencial de alcançar até 1,8 milhão de toneladas. Por fim, em uma última etapa, será construída a unidade industrial, quando a empresa estima a criação de cerca de 1,4 mil empregos diretos e temporários na consolidação do empreendimento. Já no processo industrial, são estimados 250 postos diretos e permanentes.

“Já virou um consenso mundial de que temos que parar de usar combustíveis fósseis. A Braspell surgiu há cinco anos, na reunião de empresários, exatamente quando viram as aptidões do Brasil em alguns setores. A gente quer trazer para o mercado substitutos para os combustíveis fósseis, com combustíveis biodegradáveis”, afirmou o CEO da Braspell, Guilherme Batalha. Segundo Batalha, a principal matéria-prima do negócio é a madeira. “O pellet é uma pastilha de madeira. Basicamente é a concentração da energia que está na floresta transformada nessa pastilha, que vai fazer a queima.”

Sem definição de prazos

O CEO da Braspell evitou falar em prazo para as próximas etapas do projeto, após a assinatura do protocolo de intenções com o Município de Juiz de Fora. Os projetos da empresa precisam contar com comercialização internacional dessa energia. “O mercado internacional hoje demanda por energia renovável. Assim, contamos com as grandes empresas, Governos e outros países que precisam tornar suas matrizes mais renováveis. Uma vez que esses contratos estão assinados, o projeto começa a se desenvolver imediatamente.”

O secretário de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade da PJF, Ignacio Delgado, espera que os primeiros resultados possam ser vistos em breve. “Eu sou muito otimista. Acho que, no espaço de um ano, um ano e pouco, a empresa já vai começar a sua operação, mesmo que ainda não por completo, em Juiz de Fora. É óbvio que ainda é preciso instalar a planta e fechar alguns acordos logísticos para o escoamento da produção”, afirmou.

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Polo de energias renováveis

Para a Prefeitura, a chegada da Braspell contribuirá para a geração de emprego, elevação da renda e aumento da arrecadação no município. Neste sentido, a PJF ressalta que dá mais um passo no objetivo da atual Administração de transformar a cidade em um Polo Nacional de Energias Renováveis.

“Trata-se de uma empresa que aproveita a grande reserva de eucalipto existente na cidade para produção de cavacos e pellets, um produto que, valendo-se de material renovável, tem efeito calórico próximo ao do carvão mineral. Uma vez que sua produção exige reflorestamento contínuo, contribui para a mitigação das emissões de carbono e se articula à missão de tornar Juiz de Fora polo em energias renováveis, que integra o Plano de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo de Juiz de Fora”, afirma o secretário de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade da PJF, Ignácio Delgado.

Por fim, a prefeita Margarida Salomão considera a chegada da empresa a Juiz de Fora como um divisor de águas. “É uma nova história que nós estamos escrevendo. Estamos recebendo a Braspell com os braços abertos. É um empreendimento contemporâneo, focado na energia do carbono, portanto, inteiramente sintonizado com a grande discussão mundial, com uma tecnologia brasileira e muito sofisticada.”

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