Advento – tempo de preparação
“O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo”
Neste domingo, dia 28, iniciamos o nosso Advento, o tempo de preparação “para aquele que está por vir”. Advento é uma palavra latina que significa aproximar-se, vir chegando aos poucos. Durante as quatro semanas do Advento, a gente se prepara para o Natal. No Advento, ouvimos as vozes sempre atuais dos profetas bíblicos, anunciando a vinda do Messias. O tempo do Advento é para toda a Igreja a vivência do mistério de espera e preparação da vinda de Cristo. Nesse tempo, celebramos, nas primeiras semanas, a espiritualidade de espera da segunda vinda. Nas semanas mais próximas a seu fim, a preparação para as solenidades de sua primeira vinda, seu nascimento.
É momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes. Precisamos nos preparar alegremente para a vinda do Senhor. As duas últimas semanas, dos dias 14 a 24 de dezembro, visam, em especial, à preparação para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós. Nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. Por isso, o Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa.
Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal. No final do século IV, na Gália (atual França) e na Espanha, tinha caráter ascético com jejum, abstinência e duração de seis semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho). Esse caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecúmenos para o batismo na festa da Epifania. Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor, e passou a ser celebrado durante cinco domingos.
Só após a reforma litúrgica é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das quatro semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.
O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo, constata-se na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor. Jesus, que de fato se encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e torna próximo o Reino (Mc 1,15).
O Advento recorda também o Deus da revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando a salvação, mas cuja consumação se cumprirá no “dia do Senhor”, no final dos tempos. O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo.
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