Setor têxtil de JF avança para consolidação de arranjo produtivo local
Atores se movimentam para implementar APL com objetivo de alavancar atividades do segmento na cidade e região
Representantes do setor têxtil e de vestuário de Juiz de Fora estão confiantes na criação de um APL (Arranjo Produtivo Local) para fomentar a atividade industrial na cidade e na região. As discussões vêm sendo capitaneadas pelo Sindicato da Indústria do Vestuário de Juiz de Fora (Sindivest-JF), que já tem pronto um material para tratar da certificação do APL e realiza, no próximo dia 10 de dezembro, um evento na cidade para ampliar as conversas.
Em busca de apoio para a consolidação do APL, que precisa ser reconhecido pelo Governo de Minas Gerais, por meio de Decreto, a presidente do SindVest, Mariângela Marcon, tem conversado com figuras políticas municipais e estaduais. “Precisamos que a Câmara Municipal esteja envolvida, com a criação de uma frente parlamentar de defesa dos interesses da indústria. Também pretendo apresentar a sugestão de um projeto de lei municipal para também certificar o APL”, afirmou, defendendo a criação de uma política pública permanente para o setor. Parlamentares municipais e estaduais, inclusive, já foram convidados para o evento do próximo dia 10.
O setor está confiante na consolidação do APL e com relação aos efeitos da ferramenta na economia local. “Essa tentativa pressupõe que os atores envolvidos tenham uma sinergia. Tendo um APL certificado, podemos fazer compras por intermédio de cooperativas; podemos buscar aportes dos governos estadual e federal; podemos ir atrás do INDI (Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais) para trazer empresas de outros lugares para se estabelecer em Juiz de Fora. Aqui, nós temos um porto seco que é subutilizado. Nós estamos entre duas capitais, que é Belo Horizonte e Rio de Janeiro, e nós temos a expertise da fabricação, principalmente, cuecas e meias”, avalia Mariângela.
Arranjos produtivos
Os Arranjos Produtivos Locais (APLs) são aglomerações de empresas e empreendimentos, localizados em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e se organizam de forma coletiva sob determinado tipo de governança. Dessa forma, mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, o que possibilita ferramentas extras de fomento ao setor. “Quando a gente está junto, a gente é mais forte. Assim, crescemos”, pontua a presidente do SindVest,
Modelo de governança já foi definido
As conversas sobre o projeto se acentuaram nos últimos meses. No dia 28 de outubro, em discussões realizadas na sede regional da Federação da Indústrias de Minas Gerais (FiemG), ficou definido o modelo de governança da APL, em desenho que deixará a presidência sob a responsabilidade do SindVest, tendo como sede a Fiemg Regional Zona da Mata.
O comitê a ser formado ainda contará com a participação de outras entidades e instituições como INDI, Sebrae, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Prefeitura de Juiz de Fora e outros sindicatos envolvidos.
Para Mariângela, a consolidação do do APL irá fortalecer toda cadeia produtiva, não somente na cidade, mas em todo o entorno da Zona da Mata. “Será o Farol da Mata Vestuário e Afins, que vai comportar também diverso CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) secundários em relação ao CNAE 14, que é o do Vestuário”, explica.
Múltiplos atores
Além da presidente do SindVest, outros atores do setor produtivo de Juiz de Fora e região têm se debruçado sobre as discussões que antecedem a formatação do arranjo produtivo local do segmento têxtil e de vestuário, como o diretor da Fiemg Regional Zona da Mata e presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-JF), Aurélio Marangon Sobrinho; o vice-presidente da FIEMG e diretor do Sindicato das Indústrias de Meias de Juiz de Fora (Sindimeias-JF), Tadeu Monteiro; a assessora da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Glaucia Fialho; e o gerente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Juiz de Fora, Vander Montesse.
Fiemg trabalha em prospecção atualizada do setor na cidade
As conversas para a consolidação do APL estão avançadas. “Tudo começou da seguinte maneira: nós temos um conglomerado de empresas que trabalham no setor de confecção, no setor têxtil. Já fomos a Manchester Mineira. Então, esse segmento sempre foi fortíssimo. Com o passar do tempo, nós fomos perdendo a competitividade e perdendo as empresas que poderiam fortalecer a nossa cadeia produtiva de fiação e de tecelagem. Enquanto isso, cidades em Santa Catarina e São Paulo, por exemplo, foram se fortalecendo porque tinham incentivos fiscais e estavam mais atentos para o setor”, relata Mariângela.
Ela conta que as movimentações começaram tão logo ela assumiu a presidência da Sindvest e iniciou conversas com outros atores. “Entendi que precisava ser feito alguma coisa nesse sentido. Como existe um decreto e o governo Zema está focado em gerar oportunidades de crescimento, resolvi fazer uma tentativa para construir um arranjo produtivo local. Busquei ajuda do Senai. Uma reclamação que nós temos aqui é de que, em Juiz de Fora, falta mão de obra. Não tem tecelão; não tem técnico de máquina; não tem costureira. Aqueles que se qualificam são disputados a dedo. Então, o Senai também resolveu investir nessa qualificação”, rememora.
Segundo elas, as movimentações resultaram em manifestações positivas de atores do Governo de Minas e também da Prefeitura de Juiz de Fora, o que tem deixado o setor confiante em um desfecho positivo. Inclusive, um encontro com a secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Elizabeth Jucá, está agendado para o próximo dia 23. “Nessas movimentações, fomos até a Fiemg solicitar uma prospecção atualizada do setor”, explica a presidente do SindiVest. O estudo ainda está em elaboração. “Isso vai abrir várias portas não só para o setor de vestuário, mas para a indústria em geral”, avalia.