Eleições na pauta
Embora nem todos os atores estejam definidos, o processo eleitoral começa a ganhar forma mesmo sem um nome que represente, de fato, uma eventual terceira via
A prévia do PSDB no próximo domingo – restando ainda o último debate, nesta quarta-feira, na CNN – tem um significado importante no processo político por sinalizar, sobretudo, para o centro, como se desenvolverá a formatação de uma eventual terceira via. A disposição do vencedor para negociar será o ponto determinante, pois não pode soar como uma imposição. Eduardo Leite e João Doria, os mais cotados, teriam essa disposição?
Com o avançar do tempo, o cenário pré-eleitoral começa a ganhar mais consistência. A entrada do ex-ministro Sérgio Moro na lista de pré-candidatos tem forte repercussão nas instâncias políticas, sobretudo governistas, por não ter o viés da terceira via. O ex-juiz, a depender do discurso de filiação ao Podemos na semana passada, quer disputar os votos da direita com o presidente Jair Bolsonaro. Ele sabe que pelo caminho do meio tem problema com o Centrão – um dos principais alvos de suas decisões quando ocupava a Justiça Federal de Curitiba.
A polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula é um dado real, que pode até mudar, dependendo da performance de Moro, enquanto no centro há incertezas. As pesquisas realizadas até agora não apontam para o surgimento de um nome capaz de mobilizar os insatisfeitos com os extremos. O ex-ministro Ciro Gomes continua estacionado na casa de um dígito, daí a expectativa em torno do PSDB.
O partido, no entanto, tem que superar suas próprias contradições: o vencedor terá o respaldo dos derrotados? A essa indagação se contrapõe um quadro de divisão aguda, a começar pelo diretório de Minas, liderado pelo deputado Aécio Neves. O ex-governador atua fortemente pela candidatura do gaúcho Eduardo Leite, e suas ações apontam para um problema se o vencedor for o paulista João Doria. Os tucanos terão sérios problemas em se qualificar como terceira via se o racha interno não for superado.
É nesse quadro de incertezas que atua o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Ele não se apresenta no jogo, preferindo ações e discursos que sugerem uma candidatura, deixando a prospecção por conta do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, presidente do seu partido, o PSD.
Pela esquerda, o ex-presidente Lula não encontra concorrência e se distancia de impasses. Tinha agenda em Minas marcada para este mês, mas fez as malas e está na Europa. Só vem ao Estado quando o PT definir quem será seu candidato a governador. Como a coluna Painel revelou no domingo, três nomes estão na pauta. O prefeito de Montes Claros, Daniel Sucupira, a vereadora Macaé Evaristo e o deputado Virgílio Guimarães. O favorito nas pesquisas, o governador Romeu Zema (Novo), flerta com o presidente Jair Bolsonaro, a quem, aliás, acompanha em visita a Dubai.
Como a sucessão federal sempre passa por Minas, os próximos passos serão emblemáticos.