Nova pandemia

A saúde mental deve ser uma agenda permanente nas ações de saúde pública diante das suas graves consequência


Por Tribuna

10/10/2021 às 07h00

O processo de vacinação, que em escala global mudou a configuração do mundo, antes abalado pelos efeitos da pandemia, deve ser seguido de outras ações, sobretudo para enfrentar novos flagelos que estão em curso. O principal deles, que já é uma realidade como dano colateral da Covid, é o aumento de casos envolvendo a saúde mental. Diversos especialistas já advertem que essa é a questão a ser enfrentada em 2022 e que não pode ser negligenciada, como foi o coronavírus, sob pena de consequências extremamente graves.

A saúde mental, por décadas, foi considerada um dado menor no debate diário das ruas, eivado de preconceitos – bastando ver os manicômios -, que começaram a cair a partir da percepção, dessa mesma sociedade, da necessidade de colocar o tema em sua agenda. Um dos passos mais emblemáticos foi a mudança de postura em relação ao suicídio. Se antes era um tabu, resultado do desconhecimento, hoje tornou-se uma demanda que envolve várias frentes e ingressou na lista de assuntos abertamente debatidos.

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or diversas vezes, a Tribuna destacou esta nova postura: hoje o suicídio deve ser discutido, e suas consequências, divulgadas, a fim de esclarecer, sobretudo, as famílias, para ações básicas que podem evitar tais tragédias. Ele é um fato recorrente em várias instâncias, já tendo sido tema de publicações importantes como “Da divisão do trabalho social”, do sociólogo Émile Durkhein. Como destaca Raymond Aron, ao falar de questão tão relevante, “o estudo do suicídio trata de um aspecto patológico das sociedades modernas e revela, do modo mais marcante, a relação entre o indivíduo e a coletividade”.

O isolamento induzido, embora necessário, teve consequências graves não apenas na economia, mas também na saúde, daí a importância de as instâncias públicas e privadas estarem atentas para a continuidade de processos de tratamento da população.

A saúde mental é uma questão de saúde pública, carecendo de ações permanentes para bloquear o crescimento dessa nova pandemia. Da mesma forma que o coronavírus, ela também não se associa necessariamente a classes, sendo um flagelo que atinge todos os estratos sociais. As consequências da depressão – talvez a face mais exposta do problema – são graves, implicando até mesmo a economia ante o afastamento sistemático de mão de obra por conta de sua ação.

As instâncias políticas, que se preparam para a eleição geral de 2022, precisam, necessariamente, colocar o tema em sua agenda, antes que seja tarde ou que não haja alternativas de curto prazo para reduzir os impactos de tal problema.

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