Homicídio com motivação homofóbica tem audiência preliminar em JF

Juiz vai decidir se jovem de 18 anos, acusado de espancar e causar morte de homem, 59, vai a júri popular


Por Sandra Zanella

06/10/2021 às 21h37

O primeiro caso de homicídio com motivação homofóbica a tramitar no Tribunal do Júri de Juiz de Fora teve sua audiência preliminar nesta quarta-feira (6). Após oitivas das testemunhas de acusação e defesa e interrogatório do réu, de 18 anos, o juiz Paulo Tristão deu prazo de cinco dias para que Ministério Público (MP), assistente de acusação e defesa se manifestem. A partir daí, será decidido se o jovem, acusado de espancar brutalmente Ari Lopes da Silva, 59, vai a júri popular.

O crime aconteceu no dia 28 de março deste ano em um quarto alugado pelo suspeito no Bairro Esplanada, Zona Norte, e teria sido motivado por uma suposta tentativa da vítima em ter relação sexual com o rapaz. Segundo a denúncia do MP, diante da investida, o acusado teria batido a cabeça de Ari várias vezes contra o chão e ainda desferido golpes com objeto perfurocortante. Ele fugiu na moto da vítima, que teria sido deixada desfalecida e trancada no imóvel.

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Ari, no entanto, conseguiu recobrar a consciência e pulou a janela para pedir socorro, sendo levado para o HPS, onde ficou internado por mais de uma semana. Como o paciente teria sofrido vários cortes e muitas lesões pelo corpo, precisou ser submetido a cirurgia, mas não resistiu e faleceu em 6 de abril, em decorrência de choque séptico, por causa do politraumatismo.

Ainda conforme o MP, réu e vítima haviam se encontrado durante aquele domingo fatídico em um bar no Monte Castelo. Os dois tomaram cerveja e seguiram para o imóvel alugado sob o pretexto de continuarem bebendo. No local, Ari teria proposto uma relação com o jovem, que acabou reagindo de forma extremamente violenta. O homem espancado chegou a sofrer perfurações nas regiões cervical, torácica, clavicular e occipital, além de fratura na face e lesão submandibular.

A moto da vítima usada na fuga foi abandonada e apreendida no Bairro Vitorino Braga. Por causa do envolvimento do veículo, o caso foi investigado pela Polícia Civil como latrocínio (roubo seguido de morte), considerado crime contra o patrimônio. Entretanto, o entendimento inicial não foi mantido, e o processo seguiu para a Vara do Júri como crime contra a vida.

A denúncia foi oferecida no dia 9 de julho, pelo promotor Hélvio Simões, por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe (homofobia) e meio cruel. O promotor da Vara do Júri solicitou à Justiça a prisão preventiva do denunciado, que foi preso no dia 18 de julho pela Polícia Militar no Bairro Santa Rita, Zona Leste.

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