Com fusão entre DEM e PSL, União Brasil pode ter 3 vereadores na Câmara Municipal
Caso não ocorra saídas, novo partido dividirá com PT posto de maior bancada no legislativo municipal
Os diretórios nacionais do DEM e do PSL decidiram, nesta quarta-feira (6), aprovar a fusão entre as duas legendas e criar um novo partido, o União Brasil, que terá na urna o número 44. A nova sigla terá, em um primeiro momento, a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 82 parlamentares, além de quatro governadores e oito senadores, ficando com uma das maiores fatias dos fundos eleitoral e partidário. A fusão terá reflexos também na Câmara Municipal de Juiz de Fora, e o novo partido pode nascer com três vereadores, o que lhe garante a maior bancada da Casa, ao lado do PT, que também conta com três parlamentares na atual legislatura.
Atualmente, o DEM possui dois vereadores na Câmara: Antônio Aguiar e Maurício Delgado. Já o PSL exerce mandato pelo gabinete de Luiz Otávio Coelho, o Pardal. Em tese, com a fusão e a oficialização do novo partido, o União Brasil nascerá com três parlamentares municipais na cidade. Hoje, o PT é a maior bancada do Poder Legislativo, uma vez que é representado pelos mandatos das vereadoras Cida Oliveira e Laiz Perrut e o presidente da Casa, Juraci Scheffer.
Para ser oficializado como partido político, o que deve acontecer até fevereiro, o União Brasil nasce grande em Juiz de Fora no que diz respeito ao número de detentores de mandatos. Além de dois vereadores do DEM e um do PSL, a sigla ainda deve herdar os mandatos do deputado federal Charlles Evangelista e da deputada estadual Sheila Oliveira, ambos do PSL.
A pergunta é se ele permanecerá grande. Isso porque a fusão vai permitir que os parlamentares troquem de partido, sem riscos de perder seus mandatos, em até 30 dias após a oficialização da nova sigla. A prerrogativa vale tanto para os deputados quanto para os vereadores. Provavelmente, o fiel da balança deve ser o processo eleitoral do ano que vem, uma vez que, entre os cinco parlamentares citados, pelo menos três devem disputar a mesma cadeira em outubro de 2022.
A Tribuna conseguiu confirmar que a decisão de momento dos deputados Charlles Evangelista e Sheila Oliveira é de permanecer no União Brasil. Os dois se preparam para tentar renovar seus mandatos nas urnas. Charlles deve ser candidato uma vez mais à Câmara dos Deputados, enquanto Sheila concorrerá por mais quatro anos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Aliás, uma vaga na ALMG também é almejada por Pardal e Antônio Aguiar. Este último, inclusive, ainda não teria definido por qual legenda pretende disputar as eleições do ano que vem, deixando em aberto a possibilidade de buscar uma nova sigla.
Bivar será o presidente da nova sigla
(Agência Estado) – O presidente do União Brasil será o atual presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), e a secretaria-geral ficará com ACM Neto, que hoje comanda o DEM. Para ser oficializada, a criação do União Brasil ainda precisa do aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A expectativa dos articuladores é que o tribunal dê a permissão até fevereiro do ano que vem. “Nós vamos agora decidir a política nacional não só no Congresso Nacional, mas em todos os Estados do país”, afirmou o governador Ronaldo Caiado (DEM-GO). O diretório do DEM do Rio Grande do Sul foi o único a votar contra a fusão.
Rejeição a Bolsonaro
Na reunião do DEM, o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, que é pré-candidato ao governo gaúcho, apresentou dois requerimentos. Um deles para deliberar sobre o apoio do novo partido à reeleição de Bolsonaro e outro para dar direito à voto no diretório nacional a todos os deputados federais e senadores. Os dois requerimentos foram rejeitados.
Além de Lorenzoni, os ministros da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que é filiado ao PSL, e ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, que é deputada licenciada pelo PL do DF, também estiveram no evento que sacramentou a fusão. A nova legenda vai ter força para decidir votações importantes e ter peso significativo num eventual processo de impeachment de Jair Bolsonaro.
Futura legenda deve desbancar hegemonia do PT (retranca)
Brasília (AE) – Com 82 deputados, a nova sigla vai desbancar o PT, que, desde 2010, lidera o ranking de maiores bancadas na Câmara. Em 2018, foram 54 petistas eleitos. Hoje, o partido tem 53 deputados, empatado com o PSL. Mesmo que, com a fusão, os parlamentares bolsonaristas deixem o novo partido, como esperado, a sigla ainda sem nome seguirá com o maior número de deputados. A união é vantajosa para o DEM por causa do aumento do fundo partidário. Para o PSL, partido que cresceu repentinamente ao abrigar a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, com quem depois rompeu, os principais atrativos são a capilaridade regional e estrutura que a outra sigla pode oferecer.
Três nomes como pré-candidatos à Presidência
(Agência Estado) – O novo partido pretende ter candidatura própria a presidente da República. Atualmente, são três pré-candidatos: o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM); o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG); e o apresentador José Luiz Datena (PSL). Pacheco também mantém negociações para se filiar ao PSD. Como “plano B”, caso Pacheco vá para o partido de Gilberto Kassab, o União Brasil planeja filiar o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que hoje está no Novo.
Apesar de ter como objetivo candidatura própria à Presidência, o comando da fusão DEM-PSL pretende liberar seus filiados para apoiarem outros candidatos, como o presidente Jair Bolsonaro. Apesar de não estar na base do governo, hoje o DEM tem entre seus quadros os ministros de Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) e Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
O líder da bancada na Câmara deve ser o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA). Elmar comanda as articulações para definir a fusão nos estados e é aliado próximo de ACM Neto.