Médico denuncia interdição de salas cirúrgicas do HPS

Defeitos em aparelhos específicos afetaria dois dos três espaços destinados a cirurgias do hospital


Por Renato Salles

05/10/2021 às 21h34

A Câmara Municipal de Juiz de Fora recebeu vários representantes da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) para debater a situação da prestação do serviço no Hospital Geraldo Mozart Teixeira (HPS). Durante o encontro, o vereador Sargento Mello Casal (PTB) apresentou um documento assinado pelo chefe do Serviço de Anestesiologia do HPS, o médico Leandro Cesário Raso, que relatou a interdição de duas das três salas de operação do centro cirúrgico do HPS, comprometendo procedimentos no aparelho de saúde.

No documento enviado aos vereadores, o médico pontuou que, por determinação do Conselho Federal de Medicina, cada sala de cirurgia deve dispor de um aparelho de anestesia e um monitor multiparâmetros. “Realmente, estamos com duas das três salas totalmente paralisadas por defeito nos dois aparelhos de anestesia.” O profissional disse ainda que a terceira funcionaria de forma precária. “A sala com funcionamento deficiente se deve pelo fato de o aparelho de anestesia estar funcionando parcialmente, ventilando somente no modo por pressão, sendo que já ocorreu de o mesmo não conseguir ser iniciado para funcionamento”, afirma no documento.

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Ainda de acordo com o relato do profissional, no dia 20 de setembro, a Secretaria de Saúde da PJF teria solicitado à Santa Casa de Misericórdia o empréstimo de dois aparelhos de anestesia. Segundo o médico, o fato teria ocorrido sem que ele fosse consultado, o que o deixou surpreso. “Dos dois que vieram, um apresentou defeito, não podendo ser colocado para uso. Ambos são bastante limitados, não podendo ser usados em crianças, pacientes obesos e pacientes com pneumopatia.”

Contratação de empresa de manutenção se arrasta desde 2019

O médico ainda apresentou um levantamento feito por ele sobre as últimas manutenções feitas nos três aparelhos de anestesia do HPS. Segundo ele, o último contrato vigente expirou entre o fim de 2018 e o início de 2019. O médico ainda relatou que, desde então, entraves burocráticos impediram a renovação do contrato com a empresa responsável pela manutenção, situação que se arrasta nos últimos anos.

Durante a reunião, Sargento Mello não foi o único vereador a fazer questionamentos sobre a situação e outros problemas do HPS. Vários parlamentares se manifestaram. O vereador Bejani Júnior (Podemos) apresentou um vídeo em que fez visitas para fiscalizar as unidades hospitalares da cidade. Por parte da Prefeitura, representantes da direção do HPS e dos postos de comando da Secretaria de Saúde se manifestaram para defender a gestão da saúde pública de Juiz de Fora.

Direção do HPS afirma que falta finalizar contrato

O primeiro a falar foi o diretor-geral do HPS, Leandro Lopes. “Não é que não temos recursos provisionados. Nós temos uma LOA (Lei Orçamentária Anual) em que foi provisionado o valor. O que não terminou foi o processo de contratação (de empresa responsável pela manutenção dos aparelhos). O que falta é finalizar o contrato. A burocracia é um problema. Mas é um problema nacional. Somos regidos por leis e leis que nos torturam”, pontuou. Leandro Lopes ressaltou que não “está justificando o problema”. “Tão logo eu tive conhecimento, tomei as providências necessárias e, hoje, o processo está na Procuradoria-Geral do Município, para sua finalização, trâmites estes considerados normais”, disse, pontuando que assumiu a direção do hospital em 3 de agosto.

Secretária municipal de Saúde, Ana Pimentel afirmou que “a pandemia ainda não acabou”. “Mais que debater o HPS, estamos debatendo nossa rede hospitalar como um todo”, justificou a secretária, ressalvando que não é só o HPS que realiza cirurgias na rede municipal. “Quando começou a pandemia, o Município de Juiz de Fora conseguiu dar respostas organizando sua rede hospitalar. Atravessamos momentos dramáticos. Abrimos leitos e conseguimos dar respostas. Nesse momento, diante da situação de melhora da pandemia, estamos desmobilizando os leitos direcionados à Covid-19, redirecionando estes leitos para outros atendimentos.”

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