Xinxim de galinha: a Bahia também pode ser aqui

Bete Baiana ensina receita de uma das iguarias preparadas para o Dia de São Cosme e Damião, comemorado na segunda-feira pelas religiões de matriz africana


Por Cecilia Itaborahy, estagiária sob supervisão de Wendell Guiducci

24/09/2021 às 07h00

xinxim de galinha

No dia 27 de setembro, as religiões de matrizes africanas comemoram São Cosme e Damião. Para os católicos, a celebração é um dia antes, 26. No candomblé e na umbanda, eles são chamados ibejis, que em iorubá significa “gêmeos”. A tradição oral conta que eles viveram em 300 depois de Cristo e, na Ásia Menor, atuavam como médicos atendendo e curando as pessoas sem exigir dinheiro. A data é conhecida pela distribuição de doces para as crianças pelas ruas das cidades. Mas existem outras tradições, como a de preparar o caruru acompanhado por 22 iguarias. Uma delas é o xinxim de galinha baiano. Bete Baiana, soteropolitana radicada em Juiz de Fora, ensina a receita aos leitores da Tribuna.

PUBLICIDADE

Bete conta que sua história com a culinária é longa. Começou quando tinha 11 anos, mais ou menos, por curiosidade, vendo a mãe cozinhar. Depois de um tempo, ela veio a Juiz de Fora a trabalho. Gostou da cidade pela facilidade, por ser menor que Salvador, mais fácil de estudar e se locomover. Veio, depois, para morar. E por aqui ficou. Hoje, ela tem o espaço cultural e gastronômico Bete Baiana (@betebaianajf), que, além dos pratos do cardápio, é responsável, de acordo com ela, por resgatar toda a história existente por trás de cada comida, que forma sua tradição de vida, fé e cultura. “Lá, eu tenho um espaço para mostrar, na prática, como as coisas funcionam. A religião envolve tudo. Isso é um processo religioso e cultural, não é só um trabalho. Minha missão é também acabar com esses tantos preconceitos, mostrar que somos humanos e não fazemos mal a ninguém. Muito pelo contrário.”

São várias tradições que permanecem, iniciadas com os escravos, que vão ganhando cada vez mais importância de serem realizadas. Bete acredita que essa continuidade representa que o dever foi cumprido, “a gente deve isso à cultura baiana”, completa. A de São Cosme e Damião segue a mesma ideia. Antes de abrir ao público, ela afirma que distribui o prato a pessoas carentes, como a tradição manda. Bete acredita que a comida tem também poder cura. Ela explica que, ao comer, a pessoa deve ir pedindo, agradecendo, que, com certeza, as preces serão escutadas.

Longe da Bahia, ela diz ser uma agulha fora da multidão. Andando pelas ruas de Juiz de Fora, os olhos, segundo Bete, muitas vezes são carregados de preconceitos. Ela assume que a vontade é de gritar todas as coisas que considera lindas, que o acarajé é um patrimônio, a história de seus antepassados. Mas a comida, que é amor também, faz isso por ela. Quando a necessidade é de respirar, é a cultura que a fortalece. São esses pratos que continuam. Aprender a fazer o xinxim de galinha, o acarajé ou caruru, ou tantos outros pratos, é adentrar a história do Brasil.

xinxim de galinhaXinxim de galinha baiano

Por Bete Baiana

Ingredientes
2kg de frango cortado
2 limões
2 cebolas grandes
6 dentes de alho
1 maço de coentro ou outro cheiro verde
1 colher de sopa de cominho
200ml leite de coco
300g camarão seco defumado
1 colher de sopa de gengibre ralado
100ml de azeite de dendê
200g de castanha de caju
300g amendoim

Modo de preparo
Em um recipiente, deixe o frango com os limões por dez minutos e reserve. Em uma panela com fogo baixo, coloque o alho e a cebola para refogar. Adicione o frango limpo e lavado. Deixe refogar bastante. Adicione o sal. Bata no liquidificador a castanha de caju, o amendoim, o camarão seco defumado, gengibre, cominho, o cheiro verde de sua preferência. Quando o frango começar a ferver, adicione todos esses temperos de liquidificador e deixe por mais dez minutos. Finalize com o leite de coco e o azeite de dendê. Você pode comer com arroz e farofa de dendê.

O conteúdo continua após o anúncio

Leia também: Comida di Buteco: Aprenda a fazer o premiado Bira Meu Boi

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.