Sem divergência
Lideranças políticas e empresariais precisam adotar um discurso único na defesa dos interesses da cidade e da região
O Aeroporto de Uberlândia está passando por obras de ampliação, que devem permitir a passagem de mais de um milhão de passageiros/ano dentro de todos os padrões de segurança. O processo é resultado de ações políticas e empresariais dentro do Governo federal, que está patrocinando o projeto. Entre as cinco maiores cidades de Minas Gerais, Uberlândia é um caso de sucesso por conta do envolvimento coletivo de suas lideranças.
Os políticos mantêm suas divergências, mas têm por hábito histórico o propósito de atuar juntos quando a cidade é a agenda central. O que ora ocorre com o terminal aeroviário é apenas uma das muitas iniciativas que implementaram o desenvolvimento da cidade e do seu entorno.
É fato que, diferentemente do de Juiz de Fora, o entorno de Uberlândia tem uma expressiva atividade econômica, como a vizinha Uberaba e o polo turístico de Araxá. A Zona da Mata, por sua vez, tem um cenário diferente, a despeito de abrigar um dos maiores polos moveleiros do país. Além de um baixo perfil econômico, a região tem um histórico de estar sempre atrás na lista de prioridades do Governo do estado. E há muito tempo. Em períodos de campanha foram muitos os governadores que prometeram mundos e fundos, cujos resultados, porém, ficaram aquém das expectativas.
As obras no Aeroporto do Triângulo Mineiro devem servir de referência não apenas para a instância política, mas também empresarial. É recorrente dizer que os eleitos pela região atuam em compartimentos estanques, que se ampliam em anos eleitorais graças ao salve-se quem puder nas urnas. Os vários eventos para discutir demandas da Zona da Mata acabaram em frustração, pois os resultados ficaram no papel.
Mas não é apenas a instância política que carece de unidade. O setor empresarial também deve atuar integrado. A cidade é rica em representações, tendo assento em entidades do estado, como Fiemg e Federaminas, além de outros fóruns, mas é incomum todos eles estarem à mesma mesa para discutir projetos da região. Com sua capacidade de arregimentação, o segmento poderia até ser o indutor de um trabalho conjunto dos políticos.
Há causas regionais de relevância, a começar pelo próprio Aeroporto Presidente Itamar Franco. Com vocação industrial, ele só ganhará tal condição quando seus equipamentos forem modernizados e, sobretudo, suas vias de acesso forem adequadas. Hoje, a MG-353 é um embargo por conta de seu traçado sem vias de escape, pista estreita e poucos pontos de ultrapassagem. Isso sem falar das condições da pista de rolamento e da sinalização.
Nas últimas décadas, o que se viu foi a migração de investimentos para outros estados – como o vizinho Rio de Janeiro – e a desistência de grandes grupos, que rejeitaram a região por não terem contrapartidas adequadas.