Manchester faz a primeira partida oficial da sua história neste domingo

Novo time juiz-forano visita o Contagem, às 15h, pela Segunda Divisão do Campeonato Mineiro


Por Bruno Kaehler

19/09/2021 às 07h00

Um caçula de projeto ambicioso. O novo time juiz-forano, o Manchester Futebol, faz a primeira partida de sua história neste domingo (19), às 15h, no Estádio José Mapa Filho, em Ouro Branco, contra o Contagem Esporte Clube, pela segunda rodada da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro. As Capivaras, como o clube foi apelidado pelo mascote adotado, folgaram na primeira rodada da competição que, apesar do nome, equivale à terceira divisão estadual e rende dois acessos ao Módulo II. O adversário, por sua vez, foi derrotado pelo América-TO por 1 a 0 na estreia, fora de casa.

O time, que tem as mesmas cores da bandeira de Juiz de Fora, é presidido por Fernando Zuchi Ozório, o Nando Ozório, e se preparou durante cerca de um mês para a estreia, entre o período de avaliações de atletas e treinamentos com o grupo para a competição. A equipe é comandada pelo gaúcho Eduardo Luersen, e a comissão técnica ainda conta com o auxiliar Wanderley Tavares, o preparador físico Bruno Peterson, o preparador de goleiros Walker Campos, o analista de desempenho Thiego Portugal, além do massagista Toninho e do roupeiro João Batista.

PUBLICIDADE

Em campo, a equipe da Zona Norte confirmou 17 nomes, entre novidades no futebol da cidade e atletas conhecidos por passagens nos outros clubes do município, como os meio-campistas Albert Coquinho e Kassinho, além do lateral-direito Adson e do atacante Júlio.

Segundo o técnico Eduardo Luersen, o Manchester irá priorizar características como marcação pressão e bolas paradas (Foto: Daniel Braga/Manchester)

Grupos e sistema de disputa

A Segundona Mineira, competição sub-23, mas que permite a utilização de até cinco atletas acima desta faixa etária por jogo, é disputada por 15 equipes, divididas em três grupos de cinco. A primeira chave tem Atlético de Três Corações, Figueirense de São João del-Rei, Poços de Caldas, Santarritense e Varginha; o grupo B conta com Araguari, Araxá, Inter de Minas, SEP Patrocinense e Uberaba. Já a chave do time juiz-forano, a C, é integrada, além do Manchester, por Contagem, Boston City, Betis e América-TO.

Os times de mesmo grupo se enfrentam em turno e returno. Os dois melhores de cada chave, após as dez rodadas, além dos dois melhores terceiros colocados, avançam às quartas de final do torneio. Os quatro clubes que registrarem as melhores campanhas no geral, da primeira fase, terão vantagem de jogar por dois empates ou uma vitória e uma derrota pela mesma diferença de gols.

Campeão e vice sobem ao Módulo II. A final, realizada em duas partidas, está programada para os dias 15 e 18 de dezembro.

 Comandante do Manchester, gaúcho Eduardo Luersen é casado com uma mineira e agora mora na Zona Norte de Juiz de Fora (Foto: Daniel Braga/Manchester)

Blocos altos, bola parada e transição rápida

Eduardo Luersen, gaúcho de 44 anos, terá a missão de comandar o Manchester em campo pela primeira vez. No período preparatório, a equipe realizou um jogo-treino, contra o Figueirense de São João del-Rei, em um empate sem gols. O comandante concedeu entrevista exclusiva à Tribuna e contou um pouco de suas filosofias de trabalho, percepções sobre Juiz de Fora e projeções não apenas do adversário deste domingo e da Segundona Mineira, como também da proposta da nova equipe local.

Tribuna de Minas: Você já conhecia Juiz de Fora? Se não, quais suas primeiras impressões da cidade?

Eduardo Luersen: Já conhecia porque em 2015 trabalhei no Figuerense, em São João del-Rei, e na época fizemos um amistoso com o Tupi aqui. Era o Leston Júnior o treinador. Desde então, eu frequento a cidade. Tenho amigos aqui, minha esposa é mineira, tem parentes aqui, então vínhamos seguidamente para cá. Mas agora, conhecendo a fundo, andando um pouco mais, porque a Zona Norte, onde eu moro hoje, só passava para ir ao Centro. Convivendo aqui, vejo que a cidade não é grande, mas enorme. Estou muito satisfeito aqui.

-Quais são as suas ideias de futebol e preferências de plataformas de jogo?

– É um consenso entre a comissão. Só joguei uma ideia e a comissão comprou. Temos um preceito de futebol, do que está ganhando muitos jogos hoje em dia: bola parada e transição rápida. Não gosto de times com linhas baixas. Vamos jogar com linha média pra alta na defensiva e totalmente em bloco alto no (momento) ofensivo. Tentar realmente ganhar o jogo, não ficar sentado em vantagem. Gosto de equipes agressivas, com muita marcação, retomada rápida na perda de bola, principalmente no campo de ataque. Fisicamente, estaremos prontos para isso a partir da 3ª, 4ª rodada, pelo tempo de trabalho. O início vai ser de um bloco médio, um pouquinho mais cauteloso e, à medida em que a competição for evoluindo, o pessoal vai poder ver um time muito agressivo na primeira linha de marcação já em cima da defesa adversária.

– Você tem treinado atletas em avaliação desde quando? Qual a porcentagem do grupo definitivo à sua disposição?

– Estamos há quatro semanas. As duas primeiras foram só de avaliações, com alguns atletas contratados no processo pra manter o ritmo de jogo e treino. E nas duas últimas semanas tivemos o grupo que não digo estar completo, mas que é o que temos para iniciar os trabalhos. Vamos com 18 atletas para a primeira rodada, com quatro que saíram da avaliação.

– Quais as características do grupo foram priorizadas na montagem do elenco?

– Primeiro que é um grupo extremamente inteligente. A questão tática está evoluindo muito bem por isso, pela capacidade dos atletas de leitura de jogo, de entendimento do processo e do trabalho que a gente vem executando. Segundo, que são atletas de muita intensidade dentro do treino e do jogo, que é o que cobramos deles. Precisam ter essa intensidade para executar o plano tático. E é um grupo alto, com atletas de bom porte físico. Hoje, 80% do grupo tem mais de 1,80m. Não digo que vamos abusar, mas usar muito da bola aérea pra tentar as vitórias.

O conteúdo continua após o anúncio

– O que você espera da competição, que já contou com uma rodada e a folga do Manchester?

– É característica da competição, por ser sub-23, remeter a muita velocidade, força, intensidade. A maioria dos clubes que pude acompanhar buscou os cinco atletas acima da idade já nessa primeira rodada. O América-TO é um exemplo. Dos cinco, quatro tem mais de 30 anos, o Carciano (zagueiro) tem 40. Será uma mescla boa. Mas (a competição) não foge muito de jogos de muita entrega e pouco espaço em campo.

– E o que você espera da sua equipe nesta estreia?

– Trabalhamos muito durante esta semana em cima do que o Contagem apresentou no jogo-treino contra o Figueirense, em que acompanhamos in loco, e da filmagem da estreia deles contra o América-TO. Já temos as características, eles têm um padrão muito bem definido. É uma equipe taticamente muito madura e estamos trabalhando em cima de algumas deficiências que encontramos desse processo deles de encaixe tático para tentar surpreender lá e nos proteger também, porque é uma equipe extremamente agressiva. Tem bons jogadores, joga em um 4-3-3 na parte ofensiva, agride muito o adversário. Mas não podemos só jogar em cima de características do adversário, queremos impor nossas qualidades. Temos uma equipe técnica, que trabalha bem a bola e queremos colocar isso em prática lá.

– Você entende que, pela estrutura que lhe foi fornecida até o momento e seriedade do projeto, você possui as condições de tocar um projeto duradouro e que busque o acesso?

– Tenho falado muito pras pessoas que estão à minha volta, que Juiz de Fora não pode deixar de ter um time pelo menos em Série C ou B de Brasileiro. É uma cidade de alto potencial industrial, econômico, precisa ter um clube de futebol numa série maior do futebol. Tenho que exaltar a estrutura e as condições de trabalho que temos recebido. E tenho certeza de que isso é apenas uma sementinha. O projeto é muito maior do que ficar jogando divisões inferiores do estado. A médio e longo prazo entraremos com as categorias de base, com futebol feminino e queremos estruturar o clube como um todo para, aí sim, o profissional poder alçar voos maiores. A ideia é brigar pelo acesso este ano, de repente cortar alguma etapa neste processo, mas, em 2022, já vamos ter uma base forte e, de repente, um time feminino para consolidar o projeto como um todo. Não queremos ficar apenas um clube que roda Segunda Divisão, Módulo II.

– Gostaria de destacar mais alguma coisa que não foi perguntado?

– Só pedir a quem está conhecendo o Manchester, um clube novo que tem como meta criar uma nova geração de torcedores e, por isso, a Zona Norte também foi estratégica, já que os outros clubes estão em diferentes áreas da cidade. Estamos tendo uma simpatia e um apoio muito grande aqui. Mas que, como caçulas da cidade, que os torcedores de Tupi e Tupynambás possam nos olhar e apoiar também, porque um clube a mais fortalece o futebol de Juiz de Fora.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.