Após 554km em 2019, ultramaratonista tenta marca de mil quilômetros na maior prova da América Latina

Adriano Mello, 50 anos, irá disputar pela segunda vez a 1.000 km Brasil, em Engenheiro Paulo de Frontin (RJ)


Por Bruno Kaehler

16/09/2021 às 00h46

Há dois anos, Adriano Mello corria incríveis 554km em seis dias e terminava a 1.000km Brasil, maior ultramaratona da América Latina, na quarta colocação geral. A partir desta quinta-feira (16), às 6h, ele tentará não apenas repetir o desafio, como superá-lo no município de Engenheiro Paulo de Frontin (RJ). Aos 50 anos, o carioca radicado em Juiz de Fora há quase uma década, tentará completar a marca que dá nome ao evento de dez dias de duração, com a média de 100km a cada 24 horas.

“Estou confiante de chegar até o final. Em 2019 fui até metade do sexto dia em uma prova que choveu demais, teve muita lama, foi pesada, minou todos os competidores. Cheguei entre os quatro finalistas, mas não consegui completar os 1.000km. Esse ano me preparei pra terminar a prova”, conta Adriano à Tribuna, ressaltando que na última edição, em 2019, apenas dois atletas ostentaram a marca milhar.

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A prova dos 1.000km Brasil foi a maior, em distância, disputada pelo ultramaratonista que coleciona sete eventos no Brasil em que passou dos 200km contínuos realizados. No caso do subsequente desafio, no entanto, há pausas obrigatórias. “Todos os dias, a prova começa às 6h e vai até meia-noite. Temos a alvorada às 5h. Se você terminar os 100km diários antes de meia-noite, pode tomar um banho, dormir, ou também ficar na pista e fazer quilometragem, que é descontada no último dia”, explica Adriano. “Nesse ano, nos cinco primeiros dias não têm corte, somente no final do quinto. Você precisa fazer os 500km em cinco dias. Se fizer 90km em um dia e 110km no outro, não será cortado. A partir do sexto dia você já é obrigado a fazer 100km a cada 24 horas”, completa.

Imunizado, mas de preparação afetada

Adriano conta à Tribuna que foi imunizado com dose única da vacina Janssen, no final de junho de 2021. O campeão da Ultra Caminhos de Rosa de 2018, quando correu 300km, lamentou o fato de não ter realizado o fortalecimento muscular necessário para o desafio, justamente em virtude da pandemia do coronavírus.

“Minha preparação foi um pouco comprometida por ficar desde 2020 sem fazer academia. Por causa da circulação do vírus, estou evitando um pouco ir a lugares fechados. Mas faço minha preparação em três a quatro corridas que ficam entre 20km e 40km, de três a quatro vezes por semana”, relata.

Prova dos 1.000km Brasil foi a maior, em distância, disputada pelo ultramaratonista que coleciona sete eventos no Brasil em que passou dos 200km contínuos realizados (Foto: Arquivo Pessoal)

Alimentação e estratégia

Sem poder deixar o local da prova em momento algum durante os dez dias, Adriano contará com uma equipe de apoio de ao menos três pessoas, incluindo um treinador e sua esposa, para que não possua carências na alimentação durante os dez dias. “Temos água, isotônico, comida, tudo fornecido pela prova. Apesar da direção sempre dar comida, todos os competidores levam alguma coisa e nossos suplementos, que são muito importantes para poder aguentar esse período, porque não é fácil. A musculatura fica muito estressada, você tem uma perda de sais, de gordura, chega um ponto em que afeta os músculos quando o corpo não tem mais gordura para queimar. Por isso nossa alimentação durante a prova é tão importante, assim como o apoio”, destaca Adriano.

A prova irá reunir 40 participantes no masculino. “Será uma disputa bem acirrada e minha intenção é terminá-la A colocação é algo secundário. Quero finalizar cada prova, cada dia bem”, reitera. Para Adriano, a melhor estratégia, por sua condição física e preparação, é começar com cautela. “Vou devagar nos três primeiros dias para ir acostumando. E depois começar a crescer. Mas nesse início, que é onde dá mais lesão nos competidores, vou tentar até somar algo para o último dia, mas vou comedido.”

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