Preço da gasolina volta a subir e já é encontrado a R$ 6,49 em Juiz de Fora

Em média, combustível custa R$ 6,30 nos postos juiz-foranos; alta ocorre após novo reajuste da Petrobras


Por Renan Ribeiro, Repórter, e Gabriel Silva, sob supervisão da editora Fabíola Costa

25/08/2021 às 07h49- Atualizada 25/08/2021 às 08h12

O novo reajuste no preço da gasolina, anunciado pela Petrobras no último dia 11, já é sentido pelos motoristas juiz-foranos. Conforme levantamento realizado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) entre o dia 15 e o último sábado (21), o litro do combustível já é encontrado a até R$ 6,49 nos postos de Juiz de Fora. Em média, o produto custa R$ 6,30 nas bombas, maior valor flagrado pela ANP ao longo das últimas nove semanas.

Segundo a pesquisa da agência reguladora, o valor médio do litro da gasolina comum em Juiz de Fora saltou de R$ 6,05, na semana anterior, para os R$ 6,30 observado na última semana, alta de 4,13%. O preço máximo teve alta de 1,5%: era R$ 6,39 entre os dias 8 e 14 e passou para R$ 6,49. Também chama a atenção o crescimento no valor mínimo do combustível nos postos juiz-foranos, que era encontrado a R$ 5,93 na semana anterior e, agora, tem o piso de R$ 6,19, crescimento consolidado de 4,38%.

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No caso da gasolina aditivada, o valor máximo se manteve estagnado ao longo das duas últimas semanas em R$ 6,49. O valor mínimo, entretanto, teve crescimento de 5,5%: o piso era R$ 5,93 entre os dias 8 e 14 e agora é R$ 6,26. Com isso, a média no preço do combustível passou de R$ 6,15 para R$ 6,38, crescimento de 3,73%.

Com as altas frequentes, a gasolina acumula aumento de 51% em 2021, enquanto o diesel avançou cerca de 40% (Foto: Jéssica Pereira)

Regime de preços flutuantes

De acordo com o professor da Faculdade de Economia da UFJF Weslem Faria o reiterado aumento dos preços dos combustíveis deve-se à política de regime de preços flutuantes adotada pela Petrobras, que é a responsável pelo gerenciamento de, praticamente, toda a distribuição no país. Os combustíveis são precificados de acordo com a cotação internacional dos barris de petróleo.

Nesse momento, com a retomada de atividades econômicas por países da Europa e também dos Estados Unidos, aumenta a demanda por energia, inclusive, de combustível fóssil, que é a principal matriz desses países. “Aumentando a demanda por esses produtos, aumenta o preço. A instabilidade no Oriente Médio também impacta os preços. Outro fator que precisamos levar em conta é o preço do dólar, já que a cotação da commodity é dada em dólar americano. Se a nossa moeda doméstica está perdendo o valor frente ao dólar, quer dizer que os produtos internacionais estão ficando mais caros para nós.”

Desse modo, conforme explica o professor Weslem, o aumento do preço do barril de petróleo e o dólar mais caro fazem com que os valores praticados pelos postos de gasolina mudem com frequência e, geralmente, para cifras mais altas. A política de precificação, segundo Weslem, foi adotada por pressão de investidores e também em função das crises políticas. O modelo foi escolhido para resgatar investimentos e lucros e impacta toda a população, segundo o professor.

“Todo mundo precisa de combustível diretamente ou indiretamente. Diretamente para quem enche o tanque, compra o gás de cozinha e etc. Indiretamente, os produtos que adquirimos são transportados pelo modal rodoviário. O diesel é utilizado de forma intensiva, que é derivado do petróleo, para que as mercadorias circulem. Se o custo do transporte aumenta, impacta todos os produtos da economia e isso acaba recaindo de forma geral para a sociedade, que tem que lidar com esse aumento de custo.”

Weslem ainda explica que as commodities têm preço volátil, por isso e em função da instabilidade política no Brasil, deve continuar a alteração dos valores. “Acredito que vai continuar variando, e variando para cima, por conta dessa retomada que ainda é parcial, mas que deve pressionar ainda mais o preço. Essa demanda deve se estender de seis meses a um ano, porque as economias estão saindo da hibernação do período de isolamento.”

Ele também pontua que a instabilidade política, somada a problemas como queimadas, desmatamentos, desperdício de recursos naturais e falta de confiança para investimentos, também têm efeitos sobre a desvalorização do Real, o que não tem ocorrido com outros países emergentes.

Disparada nos postos juiz-foranos

O aumento no valor da gasolina ao longo de 2021 impressiona em Juiz de Fora. Em janeiro, a novidade era o preço do litro do combustível ultrapassar R$ 5 na cidade, com valor máximo de R$ 5,16 em pesquisa da ANP realizada entre os dias 17 e 23 do primeiro mês do ano. Em março, o combustível rompeu a barreira dos R$ 6 pela primeira vez no ano, patamar no qual permaneceria nos meses seguintes. Matéria publicada pela Tribuna no dia 12 daquele mês revelou o custo máximo de até R$ 6,09 da gasolina comum em postos juiz-foranos. Em maio, apuração da Tribuna revelou o valor máximo de até R$ 6,29 por litro em Juiz de Fora. O preço foi superado em junho último, quando a gasolina chegou a custar até R$ 6,73, de acordo com novo levantamento da reportagem.

O professor Weslem Faria ressalta que o consumidor precisa estar atento e cobrar a fiscalização dos preços praticados pelos postos. “Acredito que os abusos ocorram. Em Juiz de Fora, no dia seguinte (ao anúncio do aumento), os valores estão reajustados. Mas aquela gasolina que está no tanque tem a nota fiscal do preço anterior e isso não pode ser feito.” Ele ressalta que os órgãos de defesa do consumidor precisam reforçar a fiscalização do preço que sai do distribuidor e o que é praticado na bomba.

Preço nas refinarias sobe 51% no ano

O aumento no valor da gasolina notado em Juiz de Fora é reflexo do mais recente reajuste no valor praticado pelas refinarias, autorizado pela Petrobras. No último dia 11, a estatal anunciou o salto do preço médio do litro do produto de R$ 2,69 para R$ 2,78, alta de 3,3%. Com as altas frequentes praticadas pela empresa, o combustível acumula aumento de 51% em 2021, enquanto o diesel avançou cerca de 40%, com nove reajustes desde o primeiro dia do ano.

Em nota, a Petrobras lembrou que “até chegar ao consumidor, são acrescidos tributos federais e estaduais; custos para aquisição e mistura obrigatória de etanol anidro; além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores”, afirma a estatal. “Assim, os valores praticados nas refinarias pela Petrobras são diferentes dos percebidos pelo consumidor final no varejo”, complementa.

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Os seguidos reajustes foram motivo de mal-estar no Governo federal. Em abril, o economista Roberto Castello Branco foi substituído pelo general Joaquim Silva e Luna no comando da estatal após o presidente Jair Bolsonaro fazer uma série de críticas às altas no combustível praticadas pela gestão do economista. Desde então, o general efetivou dois reajustes no preço dos combustíveis.

Tanqueiros em estado de greve

Por meio de nota, o Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque) afirmou que está em ‘estado de greve’, preparados para cruzar os braços em um grande movimento, por tempo indeterminado, caso o Estado não reduza o valor do ICMS do diesel, do padrão atual de 15% para 12%, como era praticado até 2011.

“Os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis têm onerado o orçamento dos transportadores e da população brasileira. No nosso caso, do transporte de combustíveis e de derivados de petróleo, os reajustes constantes do diesel têm sacrificado o setor, haja vista que o combustível é um insumo que corresponde a cerca de 70% dos custos do frete”, explica o Sindtanque.

Para a organização sindical, não são os impostos federais que impactam, mas os impostos estaduais, como o ICMS e o PMPF (Preço Médio Ponderado Final), que contribuem para o aumento dos preços dos combustíveis. O pleito do Sindtanque existe há cerca de dez anos. “Após várias reuniões, o Governo de Minas não acenou com nenhum benefício, nenhuma melhoria para a categoria. O compromisso de retornar a alíquota do ICMS do diesel para 12% ficou só na promessa.”

A Tribuna demandou o Governo de Minas sobre o impasse, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.

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