Temporal de segunda-feira aponta para a importância de ações preventivas e projetos de longo prazo
O temporal na noite de segunda-feira, apesar de ter sido previsto pela meteorologia, foi emblemático para a cidade, por representar o que pode vir pela frente, especialmente no ciclo das águas de verão: várias regiões ainda dependem de investimentos em sua infraestrutura, hoje comprometida pela própria ação do homem e pelo tempo. Os pontos de alagamento devem merecer permanente atenção em razão do que ocorre durante os temporais.
Algumas regiões já são bastante conhecidas das autoridades, mas a falta de recursos impede medidas mais efetivas. A Zona Norte – a começar pelo Bairro Industrial – é um problema permanente. Muitos bairros estão abaixo do nível do Rio Paraibuna, e, quando este se eleva, são diretamente afetados pelo refluxo das águas.
Com uma topografia comprometida, que deixa boa parte das regiões dentro de um vale, a cidade carece de ações permanentes não apenas no cuidado dos rios, mas também das encostas. É fato que houve avanços com a contenção de áreas críticas, como no Parque Burnier e no Bairro Santa Tereza, mas outros pontos carecem de atenção.
Durante debate na Rádio Transamérica Juiz de Fora (91,3 FM), nessa terça-feira, os engenheiros Jefferson Rodrigues – que já dirigiu a Defesa Civil – e Luiz César Duarte e o vereador José Márcio Garotinho, presidente da Comissão de Urbanismo da Câmara, observaram a necessidade de ações imediatas, sobretudo na drenagem, cuja execução depende de recursos da cidade e também de verbas externas.
Um dado relevante apresentado pelo professor Luiz César deve ser levado em conta: dinheiro tem, o problema são os projetos. E ele tem razão. As áreas técnicas de Brasília muitas vezes barram investimentos por pequenos detalhes, e, quando não há projeto dentro dos padrões, não há meios de buscar recursos, ficando na eterna dependência de emendas parlamentares.
A despeito de questões ambientais, que devem ser levadas em conta, a limpeza permanente do Rio Paraibuna, sobretudo, é um dado emblemático, por implicar a solução de outras questões, como inundações em áreas periféricas. Além da Zona Norte, outras regiões carecem de atenção, uma vez que, mesmo não estando em torno do principal rio, são banhadas por afluentes, muitos deles sob o asfalto e sem histórico de limpeza.
As metrópoles, e Juiz de Fora não é exceção, também passam pelo problema do adensamento. A ocupação urbana, quando não conduzida com zelo, em vez de solução, acaba se tornando um problema, daí a necessidade de planos diretores atualizados, a fim de garantir a qualidade do meio ambiente sem, necessariamente, comprometer as ações da construção civil.
Some-se a isso a educação ambiental. Como bem destacou o vereador José Márcio, a população é pródiga em defender o ecossistema nas redes sociais, mas nem sempre replica tais propostas na vida real.