SOS Paraibuna
Principal rio da cidade tem seu leito e suas margens marcados pelo assoreamento, que pode induzir a inundações no ciclo mais intenso das chuvas
A falta de chuvas em Juiz de Fora, que já se aproxima de 50 dias, expôs uma situação preocupante do Rio Paraibuna. O mau cheiro invade residências às suas margens, mas o cenário mais grave envolve os assoreamentos ao longo de seu curso. Trata-se de uma imagem que se agrava ao longo dos anos pela falta de ações de limpeza de seu curso. A cidade chegou a herdar máquinas do extinto Departamento Nacional de Obras, mas essas também foram aposentadas pelo tempo. Quando as tinha em sua posse, a Prefeitura fazia ações frequentes de limpeza do leito, operação que não acontece há anos.
Além da questão ambiental, tal situação induz a inundações no ciclo das águas, porque em vários pontos o assoreamento invadiu o leito, criando várias ilhas ou ampliação da margem para dentro do curso de água. Tais imagens, comuns especialmente na Zona Norte, também podem ser vistas no Centro. O ponto mais emblemático está na ponte da Rua Benjamin Constant, próximo ao ponto de deságua do córrego do Yung. O próprio assoreamento já é coberto por gramas como se ele fosse parte da paisagem. Do outro lado, o mesmo fenômeno é comum, reduzindo ostensivamente o leito d’água.
É fato que operações de tal monta são caras aos cofres púbicos, mas não há como deixa-las à mercê do tempo ante as consequências e o próprio exemplo ecológico repassado à população. Principal rio a cortar a cidade em sua extensão, o Paraibuna é alvo de outras implicações, como o ponto de descarte de lixo por incautos que não apresentam uma mínima educação ambiental nem avaliam a repercussão de seus atos.
Neste mesmo espaço, na edição de ontem, tratou-se das mudanças climáticas que afetam os dois hemisférios, indicando como causa principal o efeito estufa, uma criação humana cujos tratados ficam mais no papel do que na execução. Há, no entanto, o viés coletivo, que também interfere na natureza. Jogar lixo nos rios é um gesto, que, se somado a tantos outros, afeta o ambiente e provoca reações da natureza.
É comum, por exemplo, inundações descontroladas em vários pontos da cidade, muitos deles por conta do entupimento das vias de escoamento das águas pluviais. Quando os serviços de limpeza são executados, é comum ver a mão do homem no lixo recolhido, que, em vez de pontos adequados para seu descarte, é jogado nas ruas e levado para os ralos.
A despeito de tantos problemas – em demasia, aliás, sobretudo na instância política -, a discussão ambiental não é uma causa menor. Suas implicações são graves, pois comprometem gerações que terão que conviver com desarranjos do clima que já se apresentam: calor e chuva em excesso no verão e frio além da conta no inverno. Por enquanto são avisos, mas alguns deles, como revelam os pesquisadores, já são considerados irreversíveis.