Pela valorização do parajiu-jítsu, juiz-forana disputa Brasileiro e terá luta casada com Poliana Botelho, do UFC

Marcelina do Nascimento, 40 anos, exalta poder de reabilitação da arte marcial em busca de fomentar a prática na cidade


Por Bruno Kaehler

05/08/2021 às 07h00- Atualizada 05/08/2021 às 13h21

Marcelina Nascimento, 40 anos, é prova dos benefícios do jiu-jítsu em todas as áreas da saúde, do físico ao mental. Por meio da arte marcial, ela se desenvolve por completo – não só na mobilidade -, no combate às sequelas da paralisia cerebral congênita. E neste processo, a paratleta também quer que seu exemplo de vida chegue a mais pessoas com deficiência. O próximo capítulo será no domingo (8), no Rio de Janeiro, quando a juiz-forana entra no tatame pelo Campeonato Brasileiro de Jiu-Jítsu Paradesportivo e ainda terá um compromisso especial: uma luta casada com Poliana Botelho, representante brasileira, de Muriaé (MG), no UFC.

“Essa oportunidade surgiu através do André Seabra (professor de jiu-jítsu) com o projeto Fazendo a Diferença, que, junto da SJJSAF (Federação Sul-Americana da arte marcial), sempre divulgou a inclusão da pessoa com deficiência no jiu-jítsu adaptado especial. E dividir o tatame com a Poliana nesta divulgação faz parte de uma realização de um sonho pessoal”, conta Marcelina à Tribuna, que também irá lutar em sua categoria, a classe funcional MG (mobilidade geral).

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O evento será todo transmitido no Instagram da Federação Catarinense de Jiu-Jítsu Paradesportivo a partir das 12h.

Marcelina entre os professores Linus Pauling (esquerda) e Rodrigo Duque (Foto: Arquivo pessoal)

Sonho de equipe exclusiva para PCDs

No final de 2020, Marcelina conseguiu se qualificar para o ranking da Federação Sul-americana. Ainda assim, a pandemia elevou as dificuldades da juiz-forana. “Atrapalhou e muito. Minha maior necessidade é fechar uma equipe multidisciplinar que envolve técnico de jiu-jítsu, educador físico, fisioterapeuta, musculação adaptada, osteopata e nutricionista, pois para minha qualidade de vida é fundamental trabalhar tudo em sintonia”, explica.

Dentro disso, o professor Linus Pauling, da Gamonal Fighters, preparou Marcelina para o Brasileiro em um trabalho individualizado ao lado do atleta e preparador físico Rodrigo Duque. “São horas de treinos, fisioterapia, pilates com Kamila Miranda e preparação física com adaptações específicas, pois luto com as armas que tenho buscando sempre o melhor. Quero continuar levando o nome de Juiz de Fora, do meu estado e do meu país para o pódio e ser referência para as pessoas com deficiência”, destaca Marcelina. “Essa parceria com o Linus faz parte de um projeto para divulgar o parajiu-jítsu em JF, alcançando o maior número de pessoas possíveis para que saibam que é a modalidade esportiva de luta que mais reabilita pessoas pelo mundo e, com isso, formar uma equipe exclusiva de paratletas para competir junto da SJJSAF”, complementa.

O mestre Linus Pauling confirma a vontade de criar uma equipe específica para as PCDs. “Há um tempo venho fazendo cursos e tendo experiência em várias modalidades e com necessidades diferentes. Sempre é um aprendizado e um desafio novo e tem uma galera em JF que precisa desse apoio. Estamos preparados para ajudar. Vamos procurar parceiros para poder financiar o projeto que por enquanto é totalmente voluntário”, conta à Tribuna. O exemplo de Marcelina e tantos outros paratletas já será compartilhado por Linus no domingo. “Será Dia dos Pais e levarei meu filho (Eric, 6 anos) para ficar comigo e aprender, na prática, a importância da inclusão”, revela.

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