Matheus Engenheiro lança versão em português de música de Amy Winehouse

“O amor enxerga mal” chega às plataformas de streaming nesta sexta-feira (23), no aniversário de dez anos de morte da cantora inglesa


Por Júlio Black

23/07/2021 às 07h00

Fã de Amy Winehouse, Matheus Engenheiro conseguiu autorização para lançar versão em português de “I heard love is blind” (Foto: Caio Deziderio/Divulgação)

A cantora inglesa Amy Winehouse morreu em 23 de julho de 2011, com a fatídica idade de 27 anos, depois de lançar apenas dois álbuns e um triste histórico de dependência química que foi tratado de forma sensacionalista e imoral por uma parcela de fãs e da imprensa. Amy foi mais uma na longa lista de astros da música que foram embora cedo, deixando a sensação de que poderiam ter feito muito mais.

Se a artista foi embora cedo demais, teve tempo suficiente para influenciar toda uma geração que a reverencia até hoje. Entre eles está o cantor e compositor Matheus Engenheiro, que lança nesta sexta-feira (23) nas plataformas de streaming de música – exatamente dez anos depois da morte de Amy Winehouse – o single “O amor enxerga mal”, versão em português composta por ele para “I heard love is blind”, que faz parte do álbum de estreia da cantora, “Frank”.

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O artista conta que a ideia da versão surgiu ano passado e de forma descompromissada. “A música é uma das minhas preferidas do primeiro disco, que gosto muito, e achava ela muito cara de pau (é sobre uma desculpa esfarrapada de quem traiu o namorado) e que ficaria ótima em português. Aí fui traduzindo, colocando algumas pitadas minhas, e achei que ficou fofa (risos)”, conta. “Eu queria manter o sentimento original da música, com essa cara de pau. O que entrou da minha parte é a leveza, pois se procurar os vídeos dela cantando a música você a vê cantando super séria, e eu queria deixá-la mais leve, botar a parte mais bem-humorada para frente e trazer a história dela para o meu universo.”

Em busca da aprovação

Matheus Engenheiro poderia ter ficado por aí, no máximo postado um vídeo nas redes sociais com sua versão em português, mas preferiu arriscar. Ainda no ano passado ele resolveu pedir ao escritório que cuida da obra de Amy Winehouse a autorização para gravar oficialmente a versão em português.

“Queria fazer só se fosse legalizado, até por conta da memória da Amy e por mexer na obra dela”, explica. “Enviei uma demo da música, em que gravei os vocais sobre um violão com uma versão que encontrei no YouTube, e a letra em português.”

O cantor enviou a gravação e a letra há mais de um ano, mas só recebeu o e-mail com a autorização no final de maio. “Demorei um pouco para abrir o e-mail, achando que não teriam aprovado. E é bem louco ter recebido a autorização, porque era fã da Amy desde criança, e com isso me senti super conectado a ela. É um presentão ver meu nome como compositor ao lado do dela, pois ela é uma inspiração para mim, acho que nunca fiquei tão emocionado na minha carreira”, diz ele, que correu para gravar a versão a tempo de ser lançada nos dez anos de morte da artista. A gravação dos vocais foi realizada em dois dias no mês de junho no estúdio de Vivian Kuckzynski, em São Paulo, com os metais da faixa gravados em outro local por Will Bone.

Coisa de fã

Na adolescência, Matheus Engenheiro era fã de Amy Winehouse a ponto de ficar na TV esperando pelos videoclipes da cantora, e de ir à casa da prima apenas para ouvir os dois álbuns lançados pela artista inglesa, “Frank” e “Back to Black”.

“A minha relação com a Amy é muito estranha de entender. Desde a primeira vez que a vi fiquei viciado na música dela e nas apresentações. Ela cantava sobre um relacionamento falido, problemas de relacionamento, sendo que eu não havia tido nenhum até então. E ela tinha problemas de drogas e eu, com 14, também não tinha passado por isso. É estranho pensar como eu me sentia ligado a ela”, reflete. “Acho que foi mais pela autenticidade da Amy, como ela era direta com o que sentia e como se expressava. Talvez fosse o que procurava na época, porque não me sentia livre para expressar. Eu via a Amy como alguém que eu queria ser.”

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Matheus chegou a ir ao show que ela fez no Rio de Janeiro pouco antes de sua morte (“uma realização para mim, foi maravilhoso”), e lembra onde estava e o que fazia quando recebeu a notícia de que ela havia morrido. “Eu estava me preparando para sair porque naquela noite iria trabalhar como DJ na Privilège, e minha avó me tirou do banho para contar. Ficamos arrasados, pensei em não tocar, mas decidimos homenageá-la tocando algumas músicas dela na festa. Foi uma forma de começar a elaborar esse luto”, diz ele, que afirma que não gostava e nem se interessava pela perseguição que ela sofria da imprensa e dos fãs. “Não me interessava pela vida dela, mas sim pela obra.”

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