Lúdica Música! comemora 30 anos com live neste sábado

O grupo Lúdica Música! tem um currículo invejável para quem completa 30 anos de carreira dentro da seara independente: sete CDs, três DVDs e incontáveis shows no Brasil e exterior. Por isso, não faltam motivos para o grupo formado por Rosana Britto (voz, violão e percussão), Isabella Ladeira (voz e percussão) e Gutti Mendes (voz, guitarra e percussão) comemorarem as três décadas de existência da banda. Porém, só faltou combinar com a danada da pandemia, que continua forçando o fechamento dos espaços culturais – inclusive em Portugal, onde os três estão desde o final de 2019.

Mas se não é possível ainda ir para os braços do povo, o Lúdica Música! não vai deixar os 30 anos de jornada – completados em 7 de junho – passarem em branco: Rosana, Gutti e Isabella vão se apresentar no próximo sábado (24), às 16h (horário de Brasília, 20h em Portugal), em uma live comemorativa que marca o início do projeto “Lúdica faz 30”. A transmissão será feita diretamente da cidade do Porto pelo canal do trio no YouTube, e, ao invés do ingresso virtual, o público poderá contribuir com o chamado “ingresso consciente” por meio da chave Pix ludicamusica@gmail.com. No repertório, músicas que marcaram a carreira do grupo, novidades e interpretações de canções de outros artistas.

“Pelo menos 80% do repertório foi escolhido pelo público, e observei que cresceu muito a porcentagem de nossa música autoral”, aponta Rosana. “Temos aquelas que sempre estão nos shows, mas também outras que não imaginávamos que as pessoas iriam pedir. Gostamos de ser intérpretes (de outros artistas), mas essa live vai privilegiar nosso trabalho autoral.”

Direto de Portugal

A live comemorativa do Lúdica Música! será feita em terras portuguesas porque o trio foi pego no fogo cruzado da pandemia. O grupo viajara para Portugal pouco depois do lançamento de seu mais recente DVD, que aconteceu em maio de 2019, com o objetivo de passar uma temporada mais longa no país europeu e, assim, também se aventurar por outros países com seus shows. Eles chegaram a dar um pulo no Brasil em novembro de 2019 e retornaram logo depois, mas a chegada da Covid-19 fez com que a estadia no país de Camões ainda não tenha terminado – e feito com que tivessem que encontrar alternativas para se manter no estrangeiro.

“Nós temos a história com o país, pois começamos a vir a Portugal desde o ano 2000 ,e por isso havíamos decidido ficar mais tempo para investir no mercado europeu, mas a pandemia puxou nosso tapete quando íamos começar a trabalhar de fato”, lamenta Rosana Britto.

“Ficamos um tempo sem vir e quando voltamos, em 2016, percebemos que havia a possibilidade de investir em outros países, e fizemos oficinas, concertos para crianças, shows”, acrescenta Gutti Mendes.

“Nós trabalhamos até março de 2020, quando a pandemia jogou tudo para o alto, e tivemos que nos reinventar. Fizemos lives e começamos o projeto ‘Correio lúdico’, em que começamos a gravar um serviço de vídeos e mensagens especiais que as pessoas oferecem para outras. Foi muito bacana porque fortaleceu nosso canal no YouTube (onde o projeto pode ser assistido junto a outros que foram criados desde então). Muita gente conheceu o grupo por causa desse projeto, que já rendeu mais de 600 vídeos e também aumentou o número de seguidores em nossas redes sociais”, conta Isabella Ladeira, lembrando que o grupo chegou a fazer um circuito pelas escolas durante o verão de 2020 no hemisfério norte.

“Foi num período em que não estava tudo fechado, e as escolas oferecem uma programação cultural para os alunos durante as férias. Fizemos 30 escolas em 15 dias com a ‘Showficina Lúdica’, concerto interativo com participação das crianças. Depois disso fizemos uma live maior no final de setembro.”

A banda – que atualmente está na cidade de Maia, nas proximidades do Porto – também investiu em oficinas on-line, aulas de violão e percussão também pela internet e trabalhos de produção e gravação para outros artistas.

“Temos trabalhado muito na pandemia, mesmo não tendo saído para fazer shows. Aprendemos que nada é mais tão urgente, aproveitei para estudar música, arranjo, produção; usamos o tempo para melhorarmos o máximo possível”, diz Gutti,

Eles contam ainda que a situação em Portugal segue indefinida, pois, apesar de já terem sido realizados eventos em locais abertos, eles têm capacidade reduzida e muitos são cancelados na última hora por conta das medidas de prevenção do governo português.

A festa não termina

Como anunciado pelo grupo, a live deste sábado será o primeiro evento do projeto “Lúdica faz 30”, que eles pretendem que dure até 2022. “Pensamos em começar com a live de aniversário porque o povo está muito saudoso. Mas não queríamos fazer no apartamento, e sim num lugar legal, com estrutura mais profissional, e então vamos fazer no Porto em parceria com a Produza!, uma produtora parceira nossa”, explica Isabella, acrescentando que a live teve seu horário antecipado porque o país está com toque de recolher a partir das 23h (19h no Brasil).

Além da live, o trio planeja lançar um projeto de crowdfunding ainda neste semestre para um novo projeto audiovisual, que terá participação de músicos convidados do Brasil e Portugal, além de lançarem o quase finalizado single “Quando tudo passar (Vai ser tão bom)”. O Lúdica Música! planeja, ainda, disponibilizar nas plataformas de streaming de música o espetáculo gravado no Cine-Theatro Central que teve a participação do cantor e compositor André Abujamra. No momento, a banda tem postado em suas redes sociais vídeos de artistas, amigos e fãs sobre os 30 anos de carreira do grupo.

“Também queremos fazer um projeto de apoio constante, a exemplo do que outros artistas estão fazendo, que seria uma espécie de ‘clube’ com recompensas, onde pode ter o ‘Correio lúdico’, oficinas e aulas, a fim de criar vínculos com nosso público e conseguir nos manter para depois fazermos todos os shows presenciais que queremos, inclusive no Brasil”, adianta Isabella.

Na “casa dos 30”

Sobre chegar às três décadas de carreira com o Lúdica Música!, Rosana Britto destaca que cada integrante é de uma década diferente e, por isso mesmo, permite que o grupo tenha visões diversas e, ao mesmo tempo, mantenha-se unido pelo que os três têm em comum.

“Esse é um dos motivos que ajuda na longevidade do Lúdica, pois pensamos muito parecido artisticamente. As coisas acabam fluindo com um degrau depois do outro, com muita resiliência, pois vislumbramos coisas parecidas e isso faz com que a gente persista”, pontua.

Para Gutti Mendes, que entrou para a banda da qual era fã há 18 anos – mas também completa 30 anos de música -, chegar a três décadas de estrada é muito desafiador. “Tudo começou com o sonho de seguir uma carreira, depois veio a parte prática de viver disso, confiar no seu trabalho e contar com as pessoas que te incentivam. Fizemos muitas coisas, e estou curioso para saber o que virá pela frente. Quero fazer mais música ainda”, diz.

“Os depoimentos (publicados nas redes sociais do grupo) são muito emocionantes, pois a gente olha para trás e vê que fizemos muitas coisas, algumas que nem lembramos mais”, diz Isabella, afirmando que até hoje sente um frio na barriga antes de cada apresentação.

“Mas é como a Rosana diz, para ser artista é preciso ter talento para andar na corda bamba, renovar nossas forças a cada dia. Uma certeza é que nosso caminho é este: desbravar, fazer a cabeça das pessoas e influenciá-las com amor, alegria, essa forma lúdica de viver a vida. E fico ouvindo essas pessoas desejando mais 30 anos de sucesso para nós e fico imaginando a gente velhinho, igual ao pessoal do Buena Vista Social Club (risos).”