Mensagens à Câmara
Transformações no Demlurb e taxa na Cesama farão parte da agenda da Câmara na volta do recesso, fruto de ações na esfera ambiental implementadas pela Prefeitura
Quando foi criado em 1978, na gestão Mello Reis, o Demlurb foi uma novidade na política de recolhimento de lixo e, ao longo de todos esses anos, vem cumprindo seu papel a contento. A cidade tem uma das maiores taxas de recolhimento, a despeito da falta de educação ambiental de parcela da população, que insiste em colocar o lixo na calçada fora dos dias marcados ou descartá-lo nos córregos e nos rios sem avaliar as consequências.
Sem comprometer o corpo de funcionários, a Prefeitura dá mais um passo, agora no sentido de transformar o departamento em uma empresa púbica, que terá a faculdade de prestar serviços para terceiros, ampliando sua arrecadação. Tanto o Demlurb quanto a Empav tinham esse conceito em sua gênese, que acabou não sendo acompanhado nas demais gestões. Agora, diante dos marcos regulatórios em curso, as mudanças se fazem necessárias.
A criação da Celurb é apenas uma das pontas da discussão ambiental. Em entrevista coletiva, nesta terça-feira, a prefeita Margarida Salomão anunciou a criação de uma nova taxa na conta de abastecimento de água e esgoto cobrada pela Cesama, da ordem de 4% do valor da conta de água, para manutenção de drenagem e de manejo de águas pluviais.
O pacote já está tramitando na Câmara Municipal e deverá ser analisado com precisão pelos vereadores, sobretudo quanto à criação da taxa. A mudança no Demlurb, de pronto, se mostra um avanço, enquanto a taxa a ser cobrada pela Companhia de Saneamento deverá encontrar dificuldades pelo próprio viés de ser mais um tributo. Assim como o Demlurb, a Cesama tem um portifólio de eficiência em suas ações, mas falar de impostos ou taxas é sempre um problema.
Ao curso de sua história, ainda por conta da ação dos colonizadores que impuseram uma série de tributos, o brasileiro reage mal quando é taxado, principalmente, por não ter retorno adequado das instâncias governamentais. O país tem impostos de primeiro mundo e contrapartida de terceiro, bastando ver a qualidade dos muitos serviços, como a mobilidade urbana. As estradas brasileiras, com exceção das privatizadas, são um caos, mas os impostos como IPVA, por exemplo, têm que estar em dia.
O Governo federal tentou e não conseguiu retomar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. A CPMF foi um imposto criado na gestão Itamar Franco, em 1993, com o viés temporário, que existiu até 2007 para cobrir gastos do Governo federal com projetos de saúde – a alíquota máxima foi de 0,38% sobre cada operação. Em 2015, o governo, então sob comando da presidente Dilma Rousseff, chegou a propor a volta do tributo, mas isso acabou não acontecendo. Agora é a vez de Paulo Guedes tentar saídas com a reforma tributária. Lá, como cá, haverá dificuldades.