Músicos revelam álbuns que os converteram para o rock

Em comemoração ao Dia Mundial do Rock no Brasil, a Tribuna conversou com artistas para descobrir os discos que mudaram suas vidas


Por Júlio Black

13/07/2021 às 07h00

O Brasil comemora nesta terça-feira (13) o Dia Mundial do Rock, e que podemos afirmar que é um “mundial” que só se comemora por aqui. Tudo começou com o Live Aid, realizado há exatos 36 anos, em que vários pesos-pesados da música se uniram em concertos beneficentes organizados por Bob Geldolf para ajudar a combater a fome na Etiópia. Entre shows de U2, Queen, Sting, Bob Dylan e outros, o vocalista e baterista do Genesis, Phil Collins, sugeriu que a data se tornasse o “Dia do Rock”, mas ninguém lá fora levou a sério.

Mas duas rádios de rock paulistas pensaram que essa era uma ótima ideia, e desde o final dos anos 1980 o “Dia Mundial do Rock” passou a ser comemorado no Brasil – e só no Brasil – no dia 13 de julho. Nos Estados Unidos, por exemplo, não existe uma data oficial, mas há quem defenda um desses três dias históricos: 9 de fevereiro de 1964, quando os Beatles se apresentaram pela primeira vez nos EUA; 5 de julho de 1954, quando Elvis Presley gravou sua versão de “That’s all right”, de Arthur Crudup; ou 9 de julho do mesmo ano, quando estreou nos mesmos Estados Unidos o programa de TV “American bandstand”, apresentado por Dick Clark e que foi o responsável por levar o rock’n’roll para milhões de lares.

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Discussões à parte, a verdade é que o rock conquistou gerações, ditou modas, comportamentos, foi e continua sendo polêmico, questionador, festeiro, engajado, divertido e capaz de unir as pessoas. Mesmo que não seja mais o mais popular dos gêneros musicais, ainda é capaz de fazer meninos e meninas aprenderem a tocar guitarra, baixo, bateria ou se colocarem à frente de um microfone. Por isso, a Tribuna convidou seis artistas da região para contarem qual foi o álbum de rock que despertou seu amor para o gênero, e o que ele tinha de tão especial para conquistar corações e mentes.

O culpado: “Sabbath Bloody Sabbath” (1973), Black Sabbath
O conquistado: Thiago Salomão, Martiataka
Sempre ouvia música no rádio em casa no final dos anos 80, início dos anos 90, por causa dos meus irmãos, e tinha muito rock. Mas o primeiro disco de rock que comprei, um pouco antes dos 12 anos, foi o “Sabbath Bloody Sabbath”; esse discou me trouxe para o rock e mudou muito a minha visão sobre música e sobre o que pensava na época. Eu comprei na Rock Mania, que nem existe mais; não conhecia muita coisa (de rock), e imagino que o fato de já conhecer a banda por revistas, pela televisão, e mais a capa maravilhosa – e por querer algo do Black Sabbath -, ajudaram na escolha. É um disco complexo, com músicas variadas e muitas nuances, e me fez ver que música de rádio era mais “certinha”. A partir daí comecei – além de continuar com o Black Sabbath – a ouvir bandas clássicas como Deep Purple, Motörhead, Rush, que são coisas que ouço até hoje. É o gênero que escuto, coleciono, vivo, toco.

O culpado: “Led Zeppelin Box Set” (1990), Led Zeppelin
A conquistada: Luma Schiavon
Eu já tinha tudo para ser uma rocker de primeira desde criança. Nasci cercada dos álbuns de diferentes vertentes do rock que meu pai tinha. O meu despertar consciente não só para o rock, mas para a música em geral, foi com uns 7 anos ouvindo o Box Set do Led Zeppelin, uma super coletânea de remasterizações com quatro CDs. Hard Rock é o início de muitos e foi o meu também. Lá havia tudo que eu precisava para me apaixonar pelas guitarras e principalmente pelo blues, um dos meus gêneros preferidos até hoje.

O culpado: “Machine Head” (1972), Deep Purple
O conquistado: Vinicius Schettino, Calango do Engenho
O interesse começou pela a capa: os integrantes em uma foto fantasmagórica, com um nome no mínimo inusitado para uma banda de rock. O disco começa com “Highway Star”, na qual demorei anos para entender como uma guitarra poderia produzir o som que Ritchie Blackmore tira com tanta facilidade no solo. Pensei em ser baixista ao escutar “Pictures of Home” com o groove “tarantella”, e depois tecladista ao ouvir “Lazy”. Mas a música que mais me desperta uma nostalgia boa continua sendo “Maybe I’m a Leo”, que nunca fez muito sucesso, mas foi um dos primeiros solos de guitarra que aprendi.

O culpado: “Mamonas Assassinas” (1995), Mamonas Assassinas
O conquistado: Douglas Rodrigues, Obey!
Sem dúvidas esse foi o disco que me conquistou para o gênero logo na infância. Lembro de colocar em casa, bem novo, com uns 6 ou 7 anos, e ficar pulando e correndo, cantando as músicas pra lá e pra cá com um microfone de brinquedo como se estivesse em uma apresentação. Os riffs pesados, a produção surpreendente misturada com as letras cômicas foram um atrativo muito legal com que me identifiquei desde pequeno, e foi uma porta de entrada para o gênero e outras “drogas” mais pesadas.

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O culpado: “Dookie (1994), Green Day
O conquistado: Ruan Lustosa, Alles Club e Basement Tracks
O ano de 1997 foi importante para mim, pois lá pelos meus 12 anos comecei a me interessar de verdade por música e, principalmente, por rock. Posso citar o “Be here now”, do Oasis, como o disco que me puxou para o rock, mas não demorou muito para ver que não era essa Coca-Cola toda, e, apesar de ser minha banda predileta, havia um disco de um trio californiano que ia ser bem mais importante na minha juventude roqueira.

Nos anos 90, as pessoas ainda emprestavam CDs, e, por conta disso, acabou aparecendo o “Dookie”, do Green Day, na minha casa, e esse sim me pegou de jeito. Era algo agitado e barulhento, mas não tão barulhento a ponto da minha mãe reclamar do volume. Ela inclusive gostava, pois as músicas tinham uma melodia pop que dava até para assobiar.

Apesar de não me ligar muito nas bandas óbvias de punk que surgiram por influência desse disco, sua capacidade de dialogar com os jovens da época é inegável, seja pelas letras que falavam de ansiedade e masturbação ou pelos acordes simplórios de tocar na guitarra. Tenho total respeito ao punk revolucionário do fim dos anos 70, mas o punk melódico do “Dookie” soava como Beatles para mim.

O culpado: “Reign in Blood” (1986), Slayer
O conquistado: Gustavo Lucas, PrimatériA
Conheci esse disco aos 8 anos de idade sob influência do meu irmão, que também havia se interessado pelo estilo. Antes do “Reign in Blood”, minhas playlists se baseavam em hard rock, mas a agressividade, cadência das músicas e a atitude da banda no palco rapidamente me chamaram atenção. Desde então fui me aprofundando no estilo, conhecendo mais bandas e gostando cada dia mais.

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