O ano de 2021 é especial para a Tribuna de Minas. Estamos comemorando 40 anos de sua fundação. Já são quatro décadas em que toda história de Juiz de Fora passa pelas páginas do jornal. Destas, já estou por aqui há pouco mais de dez anos, e tive a oportunidade de contar boas e más notícias.
Envolvido com as produções que celebram o aniversário do jornal, tenho tido, nos últimos dias, a oportunidade de revisitar vários desses momentos. Daquelas que posso, de fato, classificar como boas notícias, talvez as melhores, estão duas em especial: a conquista da Série D do Campeonato Brasileiro pelo Tupi, em 2011; e também o acesso do Galo Carijó à Série B, em 2015.
Esse período que vai de 2011 a 2015 é especial para o torcedor do Tupi. Também é muito especial para mim. Aqui, não falo como jornalista, mas como o garoto que aprendeu a gostar de futebol na década de 1980 nas ruas de Santa Terezinha.
Já contei isso por aqui, mas não custa falar novamente. Aos oito, nove anos de idade, por vezes, ia escondido de meus pais ao Salles de Oliveira para acompanhar os jogos do Tupi. Lembro-me, como se fosse hoje, de pedir a um estranho qualquer para entrar no estádio ao seu lado, uma vez que o acesso das crianças era gratuito, desde que acompanhadas por um responsável.
Só mais tarde fui descobrir que aquele era o time do então presidente Maurício Baptista, considerada uma fase marcante na história do clube. O fato é que para um garoto que, entre peladas no asfalto quente e transmissões de rádio e TV, vivia o futebol, aquele universo de ver um time profissional lotar as arquibancadas de Santa Terezinha era algo grandioso. Meu carinho pelo Tupi começou ali.
Ainda jovem, no início da adolescência, tive, inclusive, a possibilidade de treinar um breve tempo na categoria de base do clube. Não deu certo. Muito longe disso. Minha relação com o clube era de fato a arquibancada e, com outros amigos de Santa Terezinha, participei da fundação de uma torcida organizada em 1997, a Tupirados.
Enfim, a história é longa, mas o fato é que foram anos e anos de arquibancada, sempre imaginando que um dia o Tupi chegaria em um patamar melhor do futebol brasileiro. Isso aconteceu já quando a minha relação com o clube era profissional, de um jornalista que cobre diariamente o cotidiano da equipe e leva essa informação para o torcedor, digamos, comum.
Mesmo com o devido respeito que a relação profissional exige, comemorei – e muito – o título nacional de 2011 e o acesso para a segunda divisão nacional em 2015, o que, para mim, colocaria o Tupi na mesa dos gigantes e dos 40 maiores clubes do país.
O sonho de uma vida foi frustrado na campanha pífia de 2016. De lá para cá, o Tupi parece definhar em praça pública. As últimas notícias que atingem o clube – e que merecem ser aprofundadas e investigadas – parecem uma pá de cal naquele carinho de infância que eu nutria pelo clube.
Reparem bem: eu disse “parecem”. Torcedor de futebol é bicho bobo e costuma saber perdoar. Mas a sensação que eu tenho atualmente é de que o Tupi que eu conheci na década de 1980 simplesmente acabou. O que vemos hoje é só vergonha alheia ou o tal do cringe que, como diria um jovem senhor como eu, está na crista da onda.