OCRIOULO mostra sua voz em ‘Santo forte’

Cantor e compositor lança nas plataformas musicais de streaming seu EP de estreia, com sete canções inspiradas em seu cotidiano


Por Júlio Black

23/06/2021 às 07h00- Atualizada 23/06/2021 às 08h35

OCRIOULO chega às plataformas de streaming com trabalho inspirado pelas experiências pessoais e as sete leis herméticas (Foto: Isabella Campos/Divulgação)

Pouco mais de três meses depois de fazer sua estreia fonográfica com o single “Eu não vou parar”, Igor Pires mostra que realmente não está parado. O cantor, compositor, produtor e DJ lançou na última sexta-feira (18) nas plataformas de streaming seu primeiro EP pelo nome artístico que o tornou conhecido. É como OCRIOULO que ele chega com “Santo forte”, que reúne sete músicas compostas durante a pandemia. O trabalho foi precedido ainda pelo lançamento, no último dia 10, do videoclipe duplo que reúne “Eu não vou parar” e a faixa-título.

“Santo forte” é um EP em que OCRIOULO cuidou de todas as etapas do projeto, incluindo a criação das batidas, as melodias, letras, produção, concepção dos videoclipes e capa, com uma foto tirada por ele no quarto da própria casa e inspirada na capa do álbum “Índia”, de Gal Costa, e também em uma ilustração da artista gráfica Terra Assunção.

PUBLICIDADE

“Queria ter lançado há bastante tempo. A princípio estava levando como um trabalho experimental, por ser o meu primeiro, mas agora estou sentindo alívio e felicidade por poder me expressar e as pessoas tirarem suas conclusões e se identificarem nas letras”, afirma OCRIOULO. “Para mim, é muito importante ter o controle de todo meu desenvolvimento artístico. Os artistas que sempre admirei são aqueles que têm os dedos em todas as etapas do projeto e conseguem reproduzir tudo que estavam pensando.”

Desde o início, OCRIOULO sempre expressou o desejo de que suas canções retratassem o seu cotidiano de homem negro, gay e da periferia. Ao mesmo tempo, como todo o projeto foi concebido durante a pandemia, ele reconhece que a nova realidade “influenciou 100%” na obra.

“Por mais que as letras não fossem sobre a pandemia, elas eram sobre sentimentos que estavam muito intensos por influência dela. Esse EP é um grito de saudade, de desejo, o sentimento de ‘nossa, nesse momento eu poderia estar fazendo isso'”, reflete. “A pandemia foi o chão que germinou tudo, é como se estivesse com a voltagem lá no alto, me sentindo sedento. Precisava colocar isso para fora de alguma forma. Foi uma questão de colher bons frutos em momentos ruins, de tirar algo positivo disso tudo.”

Sete leis herméticas

“Santo forte” surgiu como a necessidade de falar sobre esse cotidiano particular, mas o EP também tem referências às religiões afro-brasileiras e ao livro “O Caibalion”, publicado pela primeira vez em 1908 e que conteria a essência dos ensinamentos de Hermes de Trismegisto a partir das escolas herméticas do Antigo Egito e da Grécia Antiga, e que seriam a base para as sete leis herméticas do universo. A influência foi forte a ponto de OCRIOULO colocar cada uma das leis nos títulos das músicas.

“Sou muito espiritualista, gosto muito de pesquisar sobre coisas que não entendo, mistérios, coisas místicas. Estava sem esperança no início da pandemia, e quando comecei a descobrir sobre as leis herméticas, as leis da atração, encontrei um certo sentido nas coisas”, conta ele, que se define como “uma mistura de religiões” e diz ter descoberto o livro quando estava com o conceito do EP desenvolvido. “No momento em que descobri as sete leis herméticas do universo percebi que elas tinham a ver com as músicas, de dizer ‘olha, essa aqui tem a ver com o mentalismo, essa com a correspondência. Deu um ‘match’, e hoje não consigo enxergar o EP sem as sete leis. É como dizem as leis herméticas, ‘nada é por acaso’.”

O conteúdo continua após o anúncio

Referências musicais e autocrítica

Quanto às influências musicais, OCRIOLULO diz que elas são bem distintas, passando pelo reggaeton e o afrobeat que sempre estão presentes em seus sets como DJ. “Quando fui criar minhas músicas, busquei referências no que já gostava. Na época estava ouvindo um cantor nigeriano chamado Burna Boy, que me lembra muito um dos precursores do afrobeat, Fela Kuti. Peguei essas referências e tentei descobrir dentro de mim o que viria”, explana o cantor, citando ainda artistas nacionais como Caetano Veloso e Gal Costa e até mesmo o “ahn ahn ahn” do funk.

Ainda que seja um lançamento recente, OCRIOULO já faz uma autocrítica de seu EP de estreia, mirando o que pode melhorar no futuro que tem tudo para ser promissor. “Uma coisa que gostaria de fazer nos próximos trabalhos é dedicar mais tempo a cada composição, aproveitar o conhecimento que adquiri. Quando comecei, estava aprendendo mesmo”, reconhece. “Daqui pra frente vou fazer com mais calma, pois já passei pela estreia. Acho que esse meu primeiro trabalho era algo que precisava ‘expurgar’, da inspiração vir e precisar colocar para fora. Mas trabalhei com muita dedicação desde o início, agora quero aprender mais sobre mixagem e masterização, afinal vale a pena quando você realiza todo esse processo.”

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.