Passamos das 500 mil mortes

Precisamos construir saídas não apenas para a crise atual, mas também para os problemas que nos atormentam desde sempre


Por Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil

22/06/2021 às 07h00

Estamos no mês de junho e já ultrapassamos a marca das 500 mil mortes nessa pandemia maluca que, por mais que a gente pesquise, ainda não sabemos nada sobre ela. Até mesmo a ciência, como diz o médico gaúcho Luís Carlos da Silveira – diretor e fundador do Kurotel, uma das referências da saúde no Brasil – está engatinhando no esforço para obter conhecimentos sobre o coronavírus e sua evolução.

Não se pode negar que o Brasil perdeu o timing da vacinação por negligência do Governo. Muitas das mais de 500 mil mortes registradas certamente seriam evitadas se o Governo não tivesse sido omisso e negacionista. Mas, infelizmente, agora não adianta chorar sobre o leite derramado. É preciso, sim, referenciar as vítimas do descaso, mas é urgente cobrar dos governantes ação. Só há uma solução imediata: que o Governo tente buscar vacinas pelo mundo afora, onde tiver disponibilidade.

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Que Bolsonaro errou, e permanece errando, não há dúvidas, mas vamos procurar também o que de bom tem feito o seu governo. Certamente por ter adotado o estilo do enfrentamento e subido muito cedo no palanque, o presidente é hoje crucificado por tudo de ruim que acontece no país. E com isso, o ex-presidente Lula – depois de solto – passou a ser um candidato forte para 2022.

Para muitos, a eleição será definida entre os dois, manifestação feita, por exemplo, pelo deputado federal Fábio Ramalho no Fórum de Minas. Políticos e não políticos colocam em dúvida a viabilidade de surgimento de um outro nome na disputa presidencial. Mas basta olhar com espírito crítico para o quadro atual para se compreender que uma candidatura alternativa não é apenas possível, é essencial.

No quadro atual, quem vencer as eleições vai comandar um país não apenas dividido, mas radicalizado. O vencedor não vai chegar ao Poder por seus méritos ou propostas. Será apenas e tão somente o depositário do voto contra.

Não é isso que interessa ao país. Precisamos de alguém capaz de liderar, não de impor vontades pelo radicalismo de uma visão unilateral dos problemas. Precisamos construir saídas não apenas para a crise atual, mas também para os problemas que nos atormentam desde sempre. E isso exige participação, diálogo. E isso, a julgar pelos discursos e disposição de Lula e Bolsonaro, só será possível com a consolidação de uma candidatura da chamada terceira via. Não de um aventureiro – que disso temos muitas experiências negativas -, mas de alguém de visão e disposição para o diálogo.

Há nomes especulados. Entre eles, o que melhor se encaixa no perfil exigido pelo país é o governador João Doria, de São Paulo, que, antes, vai precisar passar pelas prévias do PSDB. Se for o escolhido, certamente, terá grandes chances de vitórias nas eleições pelo que tem a apresentar como administrador num momento de tantas dificuldades. Ao mostrar ao Brasil o Governo que tem feito, o povo vai concluir que ele pode ser a melhor alternativa.

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