Velhos desafios
O aniversário da cidade deve ser um momento de reflexão sobre o futuro depois dos desafios impostos, sobretudo, pela pandemia do coronavírus
As metrópoles, um desafio permanente para seus gestores, ganharam mais um dificultador com a pandemia, dando margem à discussão sobre o futuro. O pós-pandemia será tão desafiador quanto o atual momento por conta da superação dos danos. Milhares de pessoas foram jogadas no mercado informal, criando-se, por consequência, um passivo social a ser superado. Os sistemas de saúde, diante de seu maior desafio, terão que ser revistos, e as políticas públicas, mais do que nunca, serão uma proposta permanente até que o novo normal se estabilize.
Ao comemorar mais um ano de emancipação, nesta segunda-feira, Juiz de Fora não difere das cidades de seu porte. Os municípios-polo, ainda que não tenham as mazelas e as virtudes das grandes cidades, tornam-se referência por ainda terem condições de transformações. A gestão de cidades como Rio de Janeiro, e até mesmo Belo Horizonte, tornou-se mais um projeto de zeladoria, enquanto nas de porte médio ainda é possível traçar metas de longo prazo, para evitar os gargalos que fazem parte das principais preocupações dos gestores.
Com cerca de 600 mil habitantes e com um entorno com grande dependência, por ser economicamente pobre, Juiz de Fora enfrenta questões que ainda podem ser superadas, como a mobilidade urbana. Para tanto, porém, é preciso planejar a longo prazo. Quando mexeu na Avenida Rio Branco – o principal corredor da cidade -, ainda no final dos anos 1970, entrando pela década seguinte, o então prefeito, Francisco Antônio de Mello Reis, a despeito do desgaste político que o impediu, sequer, de eleger o sucessor, disse enfaticamente que estava fazendo um projeto para os próximos 30 anos, que iria, necessariamente, carecer de mudanças. Pouco foi feito pelos sucessores, e a Rio Branco, em momentos críticos, é o pior caminho a ser seguido, mesmo sem a rede escolar em atividades presenciais.
O corredor da Zona Norte é outro gargalo que ainda tem soluções. O Acesso Norte poderia ser a principal alternativa ao movimento que faz da Avenida JF um tormento para os usuários no horário de pico. No entanto, pouco se investiu no projeto, carente de sinalização adequada e com a pista comprometida em vários trechos. No entanto, ele liga a Avenida Brasil até o Distrito Industrial.
A Cidade Alta, há tempos, convive com o debate da acessibilidade. O anel rodoviário da UFJF tornou-se uma via permanente, a despeito de não ser essa a sua vocação, mas todas as discussões em torno da construção de uma nova via empacaram nos custos, e os projetos apresentados estão cada vez mais comprometidos pela ocupação urbana, a mesma que impediu a BR-440 de ser ligada à Avenida Brasil na sua versão original.
Em dia de aniversário, porém, há espaço para comemorações. Juiz de Fora ainda é uma referência de qualidade de vida, acima da média nacional e com capacidade de se manter nessa condição por muito tempo. Por isso, olhar para o futuro é uma questão permanente.