Eleito para o Hall da Fama, Giovane Gávio revela “missão de inspirar outras pessoas”

Bicampeão olímpico e seus primeiros técnicos em Juiz de Fora comemoram honraria e relembram o início, no Clube Bom Pastor e Jesuítas


Por Bruno Kaehler

19/05/2021 às 19h19

Giovane Gávio em registro antigo com a camisa do Clube Bom Pastor (Foto: Arquivo Tidinho Rocha)

Na última semana, o juiz-forano revelado pelo Clube Bom Pastor, Giovane Gávio, 50 anos, foi eleito para o Hall da Fama do Vôlei, uma das principais honrarias do esporte. O bicampeão olímpico, em Barcelona 92 e Atenas 2004, recebeu a notícia durante um de podcast. Na gravação, estavam Nalbert e Maurício, ex-companheiros de seleção que já estão seleto grupo homenageado, além do líbero Serginho, também escolhido para a classe 2021 de George Mulry, diretor-executivo da entidade, que participou da conversa para oficializar a informação. O norte-americano ainda convidou Giovane e Escadinha para a cerimônia que será realizada nos próximos dias 15 e 16 de outubro, em Holyoke, no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, local da criação do voleibol em 1895.

 

PUBLICIDADE

À Tribuna, Giovane contou que “é uma notícia que emociona, um reconhecimento de uma vida. Fica até complicado falar, mas é muito especial. Ainda estou meio abobado com tudo isso”, expôs, rindo.

O atual treinador destacou, ainda, que a homenagem encerra um ciclo. “Vivi diversas coisas muito intensas e grandes, desde vestir a camisa da seleção brasileira até conseguir ir ao pódio de uma Olimpíada. E duas vezes ainda. E pude conduzir a tocha olímpica, também muito emocionante. Tive o privilégio de participar de tantas coisas e acho que esse reconhecimento fecha com chave de ouro essas questões como atleta”, avalia.

O ex-atleta multicampeão reforçou a importância do reconhecimento após décadas de entrega ao voleibol e acredita, agora, viver um capítulo de sua vida em que objetiva fazer ainda mais a diferença no caminho de outras pessoas. “Fico muito contente, todas essas experiências foram muito fortes, porque tudo o que fiz foi sempre com muito esforço, trabalho e abnegações. Abri mão de muitas coisas, de conviver com a família, sentia dor quase todos os dias. Mas o barato disso tudo é poder inspirar outras pessoas. Que elas busquem momentos como esse não só no vôlei, mas em qualquer lugar. Essa passou a ser a minha missão.”

Além dos dois novos integrantes e de Maurício e Nalbert, o Hall da Fama do Vôlei conta com os brasileiros Bernard, Giba, Fofão, Ana Moser, Emanuel, Loiola, Jackie Silva, Shelda, Adriana Behar e Sandra Pires, além de Carlos Arthur Nuzman e Bebeto de Freitas, relação tanto do esporte na quadra quanto da modalidade na areia.

Início em JF é relembrado pelos primeiros treinadores

“Meus primeiros treinadores foram o Tidinho (Rocha) e o Flávio (Villela), no Jesuítas e no Clube Bom Pastor”, lembra Giovane ao recordar seus primeiros saques na modalidade e falar sobre a tradição juiz-forana em revelar grandes nomes para o voleibol.

“JF tem essa vocação, esse carinho pelo vôlei, bons profissionais formadores e que constantemente está revelando talentos. Isso é uma riqueza plantada lá atrás, na época do Sport e de outras equipes. E hoje ainda conseguimos ver o Bom Pastor, o Juiz de Fora (Vôlei), com um trabalho muito bacana na base e que às vezes as pessoas não valorizam. Se formos calcular o número de jogadores que saíram da cidade no cenário mundial, é muito expressivo e coloca o trabalho da cidade em destaque, mas infelizmente as pessoas não reconhecem e valorizam”, avalia o bicampeão olímpico.

A Tribuna ainda conversou com os dois primeiros treinadores de Giovane, Tidinho e Flávio Villela, de ricas histórias no esporte da cidade, que comemoraram a homenagem ao atleta e lembraram seu começo. “O Giovane, desde muito novo, foi influenciado pela irmã, Gisele, que já jogava voleibol e era uma inspiração para ele. No colégio, ele participava de todos os esportes, e o vôlei já estava no DNA. Foi formada uma equipe entre amigos e assim jogamos os Jabis (Jogos Abertos Infantis do Sesc-JF), onde ele ganhou o destaque no infantil. Mas foi no Clube Bom Pastor que ele se revelou, tendo o Flávio como técnico e eu de assistente. Ele integrou a seleção mineira nas categorias de base até se transferir para o Banespa-SP, ainda juvenil”, relembra Tidinho, atual coordenador de esportes do Clube Bom Pastor e professor e técnico do Colégio dos Jesuítas.

O conteúdo continua após o anúncio

 

Giovane, já no Sesc, seu atual clube, ao lado do professor Tidinho Rocha no Ginásio da UFJF (Foto: Arquivo Tidinho Rocha)

A competitividade do ex-meio de rede foi conhecida no Bom Pastor, com Flávio Villela. “Convidei ele pra fazer uns treinos pelo Bom Pastor. Logo de cara se destacou. Mesmo em pouco tempo e na base, já jogava no adulto. Na primeira partida adulta dele, em BH, contra o Olympico, coloquei ele no final para sacar. Mostrou seu potencial e muita personalidade. Não poderia ter dado outra coisa”, destaca seu antigo treinador, feliz com mais um reconhecimento ao atleta. “Essa homenagem já deveria ter acontecido. O Giovane é ídolo, uma pessoa de caráter, sempre levou tudo muito a sério, deu grandes títulos pro Brasil por ser batalhador. Teve apoio sempre da família, não só das irmãs, mas também do pai e da mãe. É uma honra muito grande pra Juiz de Fora, não são todos que têm esse privilégio e é uma notícia fantástica.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.