Trabalho digno!
“Ao estágio atual do capitalismo interessa a informalização e a precarização do trabalho, para que ele possa ser explorado, sem contrapartidas (…)”
O próximo mês se inicia com uma data muito significativa, dia 1º de maio – Dia do Trabalhador! A Igreja Católica faz memória a São José, com o título de Operário! Como um bom pai trabalhador, “São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho”, como nos apresenta o Papa Francisco na Carta Apostólica Patris Corde.
Pão que infelizmente falta na mesa de muitos brasileiros e cada vez mais. A pandemia escancarou nossa pior chaga, aquela que nos últimos anos foi reaberta pelos ataques sucessivos aos direitos trabalhistas e previdenciários: a fome!
Papa Francisco afirma que “a crise do trabalho é resultado de uma opção social”. De fato, quando se opta por investimentos no setor financeiro em lugar de salvaguardar os empregos e conceder auxílio às famílias e aos pequenos empresários e produtores, faz-se uma opção pelos dividendos de alguns (poucos) em detrimento da dignidade de outros (muitos).
Ao estágio atual do capitalismo interessa a informalização e a precarização do trabalho, para que ele possa ser explorado, sem contrapartidas, de modo que o lucro seja cada vez maior. Interessa ainda a massa de desempregados que aceite qualquer forma desumana de obter um mínimo necessário à sobrevivência. O desemprego está em patamares historicamente altos no Brasil, mas atinge mais a população preta e parda que a população branca – o que reproduz desigualdades anteriores à pandemia.
Sem contar os 400 mil brasileiros mortos pela Covid-19…
Então, diante de tal cenário, como comemorar o Dia do Trabalhador?
O Papa Francisco tem discursado sempre com o pedido de se priorizar o trabalho e que as famílias não sofram a crise que está aí. Após a oração do Ângelus do dia 2 de agosto de 2020, ele suplicou: “Espero que, com o compromisso convergente de todos os líderes políticos e econômicos, o trabalho seja relançado: sem trabalho, as famílias e a sociedade não podem seguir em frente”.
Na celebração dessa data no ano passado, o Papa Francisco afirmou que “o trabalho é aquilo que torna o homem semelhante a Deus, porque com o trabalho o homem é criador, é capaz de criar, de criar muitas coisas, inclusive criar uma família para seguir adiante. O homem é um criador e cria com o trabalho.
Essa é a vocação. (…) E isso dá dignidade ao homem. A dignidade que o faz semelhante a Deus. (…) A vocação que Deus nos dá é muito bonita: criar, recriar. Trabalhar. Mas isso só pode ser feito quando as condições são justas e se respeita a dignidade da pessoa.”
Que nossa celebração seja levantar nossas cabeças, arregaçar nossas mangas e nos juntarmos com aqueles que lutam para que haja trabalho para todos e que seja trabalho digno!
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